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Quem vai ficar com a segunda vaga ao Senado?

Diz o adágio: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. É mais ou menos assim que está o espírito da base aliada ao Palácio das Esmeraldas em relação à sucessão estadual. As primeiras configurações da chapa majoritária já estão sendo desenhadas, tendo o vice-governador José Eliton (PSDB) candidato à sucessão de Marconi Perillo e o próprio governador, possivelmente candidato a uma das duas vagas em disputa para o Senado. Fica a pergunta: quem vai ficar com a segunda vaga do Senado?

O projeto original do governador Marconi Perillo é disputar as prévias do PSDB visando a presidência da República, este caminho, no entanto, está cada vez mais difícil. As principais lideranças do partido – do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, passando pelos senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) -, estão cada vez mais enrolados nas denúncias de delatores da Operação Lava Jato. Já cogita-se até o lançamento precoce do prefeito de São Paulo, João Dória, como opção tucana para a presidência, preservando as demais lideranças. Desta feita, Serra, Aécio e Alckmin buscariam o Senado, caminho que pode ser também o de Marconi.

Caso se confirme este arranjo nacional, a política regional vai pegar fogo, pois os dois senadores da base governista estariam disputando uma vaga, e não há chance de um ceder a cadeira para o outro. Lúcia Vânia (PSB) em tese, teria prioridade por estar no segundo mandato, e por assim dizer, é “candidata natural”. Wilder Morais (PP) era suplente de Demostenes Torres (DEM) e herdou a vaga com a sua cassação, mas isto não diminui o seu ímpeto de disputar a reeleição. Tanto Lúcia, quanto Wilder, tem controle suficiente de seus partidos para se lançarem candidatos. Ao final da disputa, um deles fica com a vaga, e o outro terá que lutar para ser o suplente de Marconi. Até aí, seria o cenário mais fácil. Mas não há nada tranquilo quando se trata de formação de chapa, principalmente, em se tratando de candidatos ligados ao governo do Estado.

Nem Lúcia Vânia, nem Wilder Morais tem vaga cativa na chapa majoritária. Independente de estarem no exercício do mandato, o que vale no dia das convenções partidárias é o acordo que une o maior número de partidos e lideranças. Prevalece o entendimento do candidato ao governo, o principal interessado na vitória. José Eliton e Marconi Perillo terão que ouvir outros três  presidentes de partido: os deputados Jovair Arantes (PTB) e Magda Moffato (PR). Ambos também pleiteiam a candidatura ao Senado, juntamente com o ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD).

Do ponto de vista pessoal e político, Jovair, Magda e Vilmar não se julgam inferiores a Lucia e Wilder na disputa pela cadeira ao senado. Ao contrário, cada um deles tem uma conta a cobrar por serviços prestados ao marconismo. Em resumo: não está fácil para ninguém.

Talvez antecipando esta situação, a senadora Lúcia Vânia convenceu os seus pares no PSB a colocar o partido numa posição de independência em relação ao governo do Estado. Lúcia não rompeu, mas também não está alinhada automaticamente à Casa Verde, o que obriga os articuladores políticos do governo a trata-la com cautela, pois caso se veja preterida na chapa governista, Lucia pode se entender com o PMDB de Daniel Vilela e Maguito Vilela. Por que não?

O mesmo ocorre com Jovair Arantes. No segundo turno das eleições municipais ele liberou o PTB no apoio à candidatura de Iris Rezende (PMDB) em Goiânia. Em Brasília, Jovair e seu colega Daniel Vilela tem posições próximas, tendo votado juntos em vários projetos, desde o impeachment da presidenta Dilma Roussef (PT) até matérias de interesse do governo de Michel Temer (PMDB-SP). Assim como a senadora Lúcia Vânia, o deputado Jovair Arantes também é todo ouvidos para conversar com “o outro lado”.

Vilmar Rocha teve a chance de disputar o Senado em 2014. Chegou perto. Pode-se dizer que na disputa direta, Vilmar derrotou o deputado Ronaldo Caiado (DEM), porém os votos do PMDB garantiram a vitória do seu adversário. Considerando a performance no último pleito, Vilmar também está credenciado para a disputa da vaga, mas leva uma desvantagem em relação aos seus rivais: não tem mandato. Seu trunfo é presidir do PSD, mas será que se tomar uma posição contrária ao governo será acompanhado pelos seus correligionários?

A principal moeda para entrar numa disputa majoritária é voto. Lúcia, Jovair, Magda e Vilmar já mostraram que isto eles  tem.  Wilder ainda não foi testado nas urnas, o seu capital não é político, e sim financeiro. Isto conta muito também, em alguns casos chega a ser decisivo. Vai prevalecer voto ou grana? Como se dará a  escolha do candidato ao Senado que pode fazer par na chapa com Marconi Perillo? Esta dúvida, só o dia da convenção vai esclarecer.

  Caso não dispute a presidência da Repúblcia ou a vice, Marconi Perillo tem a primeira vaga garantida ao Senado na chapa da base aliada

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