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Rede Ferroviária Federal e a cidade de Pires do Rio perdem um grande homem

Cidade de Pires do Rio Perdeu um ilustre filho. Lázaro André, faleceu dia 03/03/17 aos 73 anos de idade. Homem que foi de suma importância para que o progresso com a chegada da ferrovia se tornasse realidade no estado de Goiás. Recrutado pelo batalhão Mauá, depois efetivado na RFFSA. Feitor, Mestre de Linha, profissional dedicado e preparado  para os anseios dos projetos da RFFSA nos anos 60,70, 80 e 90.

Durante mais de três décadas o senhor Lázaro André doou todo seu conhecimento e amor á tão importante Ferrovia que mudaria o futuro  da cidade  de Pires do Rio.

Um dos homens que mais amava esta cidade e que fez muito em seu desenvolvimento. Homem de coração grande, de fé inabalável, de caráter firme. Um grande homem! Grande pai, grande esposo, grande avô, grande irmão, grande tio, grande amigo, e grande profissional!

Dizia Lázaro André -"A condição essencial para a felicidade, é, ser humano e dedicado ao trabalho!"

A história da Ferrovia na Cidade De Pires do Rio se entrelaça com a História de vida de Lázaro André.

Inaugurada em 1922, a Estação Ferroviária de Pires do Rio foi a 17ª estação  em território goiano, quando a estrada de ferro ainda era denominada Estrada de Ferro Goyaz – EFG. Antes da chegada da ferrovia, Pires do Rio era um simples pouso de tropeiros, a fazenda Brejo ou “Brejão”. De acordo com o Inventário de Conhecimento, terras da ferrovia foram doadas para a implantação da localidade, cujo traçado original se deve ao engenheiro Álvaro Pacca, funcionário da EFG. Assim, naquele ano, além da inauguração oficial da Estação Pires do Rio, foi inaugurado o marco de fundação da cidade, naquela época, porém, apenas uma localidade de Santa Cruz de Goiás. A emancipação chegou apenas em 1930.

As localidades seguintes à Pires do Rio, com destino à Goiânia, receberam um investimento bem menor quanto à implantação de instalações ferroviárias, pois foi um momento em que as rodovias estavam em fase de implantação no Brasil, e ofereciam um custo mais baixo de locação e transporte (fretes) com relação à ferrovia. Certamente a isso se deve o fato de Pires do Rio ter recebido e mantido até os dias atuais um conjunto de imóveis ferroviários. Destaque-se ainda o fato de ter sido ponta de linha por quase seis anos, por conta da lentidão na implantação da linha no trecho até Vianópolis.

Em 1965, a EFG foi transformada em VFCO – Viação Férrea Centro-Oeste juntamente com outras ferrovias e, em 1967, foi incorporada à RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A. Para a construção da nova capital nacional, Brasília, começou a ser instalado um novo ramal que partiria da linha tronco em Pires do Rio. Os trabalhos de instalação do novo braço da ferrovia começaram em meados da década de 60, com a chegada do Exército Brasileiro através do Batalhão Mauá, vindo do sul do país. Com a chegada do Batalhão Mauá, foram edificadas construções para abrigar soldados e engenheiros e com isso novas manifestações arquitetônicas representativas deste momento tão importante.

André Júnior 1

André Júnior 3

O envolvimento com a ferrovia ainda é muito presente tendo em vista que até os símbolos do município e suas personalidades trazem alguma referência. O brasão de caráter altamente desenvolvimentista que integra a bandeira da cidade possui desenho de trilhos e foi criado em 1969 pelo ex-prefeito Goyaz Cavalcante Nogueira.

A Estação: A estação de Pires do Rio foi inaugurada em 1922. A estação já se chamou Rio Corumbá, nome que permaneceu por pouco tempo. O nome da estação foi uma homenagem ao então Ministro da Viação José Pires do Rio, que esteve pessoalmente empenhado na continuação das obras da ferrovia, superando as inúmeras dificuldades do período pós 1ª Guerra Mundial. A estação deu origem à atual cidade de Pires do Rio. "Em meio a estas distâncias as necessidades de controle do tráfego, mesmo incipientes, impunham a instalações de estações.

Nestas se instalaram pátios de manobras, aparelhagem telegráfica e uma ou mais residências para funcionários, com destaque do chefe das instalações. Estas estações recebiam nomes geralmente escolhidos pela própria direção da ferrovia. Muitos deles de origem indígena, muito eufônicos: Içá, Inajá, Tapiocanga, Ubatan, Caraíba, Caturama. Para a estação erguida junto ao povoado da Rua do Fogo, o nome se escolheu como homenagem. Adotou-se o patronímico de um homem que a mereceu por toda a sua vida, e que era, na oportunidade, o Ministro da Viação: José Pires do Rio. Correspondeu a escolha a um ato de gratidão por quem, do alto posto que honrava, via com realismo toda a extensão do território nacional. Construir ferrovia no deserto, podia-se prever, era um empreendimento por si mesmo deficitário. Que contaria, como contou, com a oposição de financistas de visão estreita, imediatista. José Pires do Rio, com os olhos postos no futuro, viu além do imediato. Interessou-se pessoalmente pela retomada da construção da Estrada de Ferro de Goiás. Cultura poliforme, inteligência brilhante voltada com interesse para as realidades nacionais que conhecia profundamente, dedicou-se à sua definição com empenho.

Embora os registros que encontramos se refiram a uma só de suas viagens a Goiás, depoimentos diversos nos informaram que essas viagens foram três. Viagens que importavam no desconforto de penosas jornadas sertão a dentro. Ao despejar sobre as obras da ferrovia em andamento sua energia moça e experimentada, o Ministro não apenas criou condições para o erguimento de uma cidade. Conquistou o Estado de Goiás para o Brasil, em termos efetivos de verdadeira ocupação econômica (Wilson Cavalcanti Nogueira, Pires do Rio - Um Marco na História de Goiás, p. 53)". Em 9 de fevereiro de 1927, a cidade foi atacada pelos resquícios da Coluna Prestes, que saqueou as famílias mais abastadas, metralhou a caixa d'água, tendo inclusive amarrado o chefe da estação, Cyrillo Reis, no marco da cidade. Ele seria metralhado caso tivesse conseguido telegrafar para a estação de Tavares (Vianópolis) retendo o trem de passageiros P-2, também um alvo do saque. A estação ainda está de pé, servindo à FCA.

Obrigado pelo legado deixado por tí senhor Lázaro André, que cada gota do seu suor deixado nos trilhos da ferrovia seja valorizado. E que jamais deixem a ferrovia acabar, ao contrário, que seja feito mais investimentos e que a ferrovia volte a expandir. Com isso alavancar  a região da estrada de ferro que está adormecida há mais de duas décadas!

(André Júnior, membro da UBE - União Brasileira de Escritores - Goiás - [email protected])

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