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OPINIÃO

Antonio Alves de Carvalho, Trindade e as memórias de um homem na história

Nas marcas do nosso chão, os passos fortes e resolutos de Antonio Alves de Carvalho ficaram na terra querida de Goiás!
Ficaram e estão presentes em nosso coração, de forma indelével. Uma pessoa que marcou o seu tempo nos compassos de suas horas felizes. Trabalhou, lutou e conquistou. E seguiu para Deus na certeza do dever cumprido.
Como uma grande árvore que derramava sombras e flores assim foi ele. Uma árvore majestosa e sublime, cercada de paz, energia e bons sentimentos, destacando-se em meio à nudez da paisagem. Ele era um exemplo edificante de que a vida pode ser limpa e honesta, amalgamada na solidez do trabalho. Foi um lutador até o fim.
Um homem forte, de energia concentrada. Resoluto e decidido.
Era mesmo uma árvore frondosa em cuja sombra tantos se abrigaram na busca do conforto. Uma árvore que se prendia ao solo goiano em longas raízes e em ternas essências que se revestiam de fortaleza e cooperação; lutou contra todas as adversidades e fez-se por si mesmo; fruto do próprio esforço, pois foi forjado na têmpera da luta como eram os homens de seu tempo.
Homem de lutas e de labutas!
E, apesar de tudo, viveu muito bem, com muita dignidade, porque soube amar um ideal superior em nome de Deus. Com a mais absoluta honradez ele caminhou seus passos nas estradas da vida. Esteve livre da futilidade, foi um homem útil – a árvore benfazeja – que derramou sombras pela estrada de tantas pessoas, na minha estrada, inclusive.
Tombou a árvore depois de tantas estações da vida, foi chamado a descansar nas brisas do céu, e, chamado suavemente por Deus. O Senhor o buscou entre muitas flores para que fosse perfumar outros jardins na essência sutil de sua grandeza. Ele viu o céu numa manhã goiana e com certeza encontrou os laços da história verdadeira do amor do Pai, na altura imensurável de seu infinito merecimento.
Morreu na madrugada de céu estrelado, no lindo mês de maio, o mês de Maria Santíssima em que tinha tanta fé! Mês da ofertas de flores na Igreja do Divino Pai Eterno da Trindade.
Por isso, há pétalas de flores caindo pelo chão. Eu as vi hoje, nesse dia tão triste. Flores que criam tapetes coloridos; na beleza do mês de maio, com as últimas chuvas. Tapetes macios que se derramam num chão de dores e conflitos.
Cessaram as dores do meu amigo e, agora, liberto, segue sem vacilações.
Assim mesmo como as flores do cerrado, nesse mês de Maria, que aromatizam o cenário e, sem que percebamos, desaparecem para sempre de nosso convívio, assim foi ele, que partiu sem que eu pudesse lhe dar um adeus de amigo.
Sua presença física desapareceu para sempre de nós e não há nada mais doído que esta certeza. Como uma flor que o vento levou para longe, para terras distantes, não vistas antes. Ele se derramou pelo Cerrado bonito e pela paisagem tão tocante das regiões do Barro Branco, do Arrozal, da Fazendinha, da nossa querida Trindade.
Pergunto para onde vão as flores orvalhadas pelo mistério infinito de Deus, e não acho respostas. E a mesma pergunta eu faço, amigo, para saber onde está você agora.
Ninguém pode imaginar a dor de uma saudade! Ninguém mede a extensão de uma lembrança...
Ninguém pode medir a dor da separação compulsória e definitiva dos seres ternamente amados, que Deus nos presenteia e, um dia, os busca de volta, deixando-nos cheios de dúvidas e perguntas sem respostas.
Esta dúvida é o nosso fadário e o peso que carregamos pela vida, em todos os dias. O tudo passa ser o nada.
Em Deus apenas direi, esperança! Esperança de um dia nos reunirmos novamente numa nova pátria sem adeus, sem sofrimentos e medos, tais quais vivemos nessa experiência carnal. Uma amizade rompe o mistério e a cortina da morte!
Vejo, hoje, que a alegria não é desse mundo, bem diz a Sagrada Escritura. Expiação e prova nos rodeiam incessantemente. Ninguém é feliz completamente...
É tão difícil dizer adeus a quem a gente ama... Tão difícil recomeçar o caminho recompondo cinzas, desmanchando projetos. Desmanchar um legado, desfazer de uma roupa, sentir um perfume; lembrar de um momento... dores miúdas e eternais.
Não há uma estrada para o encontro, nunca sabemos o lugar geográfico da eterna distância da morte.
É preciso, porém, ter fé e esperança num novo tempo a nos surgir no horizonte, nas horas cálidas da vida.
Deus acolheu Antonio Alves de Carvalho no céu de seus filhos eleitos e amados, ao certo. Ele, o Pai, perdoou os seus humanos erros, o limpou de toda enfermidade, pronunciou e escreveu o seu nome no livro da vida. Junto com os espíritos de seus entes amados, ao certo, abre os passos de uma nova caminhada mais leve e mais segura.
Refeito de qualquer dor ou sofrimento, marca ou ferimento, ele, o nosso amigo, aceitou a nova missão num mundo melhor, amparado por tantos que a receberam na Pátria Celeste.
E, ao certo, descansa só pelo tempo necessário. Balsamiza, com doçura, o coração dolorido de seus entes no mundo com a unção da prece, na aceitação sem mágoas do que Deus nos confere em forma de sofrimento, no ritual de passagem a um novo mundo, tão perto e tão distante.
Uma nova fazenda, uma nova seara, uma nova oportunidade de semear, de criar e fazer brotar anseios de esperanças. Flores de maio em beleza espiritual.
É mês de maio, com suas noites tão frescas, com árvores floridas pelos campos e pelas ruas. Antonio Alves de Carvalho derramou flores suaves pelo seu limpo caminho de homem trabalhador, empreendedor e vencedor.
Ele venceu as lutas materiais da vida, mas não se esqueceu da fé e do seu compromisso com o Pai Eterno.
Diante dele há, agora, uma estrada com seus novos passos e uma certeza de ter trilhado nesse mundo o caminho reto e seguro dos que buscam a Deus. O manto azul de Maria Santíssima esteja dando sombra ao entendimento do novo caminho, também orlado pela saudade e pela ausência. Deus, que tudo sabe, nos conforte no entendimento da efemeridade das coisas, pois “Só Deus vivo a palavra mantém e jamais Ele há de faltar”, assim cantam os fieis de nossas igrejas.
Numa festa espiritual, ele encontrou tantos entes saudosos na nova pátria, felizes com o seu reencontro. E segue altivo, como sempre, na confiança e na força de suas palavras e ações.
Ele haverá de trabalhar espiritualmente em alguma seara que precise de um espírito forte!
Vejo-os juntos num abraço fraternal de tanta saudade e tantas coisas a dizer, numa nova vida que começa. Pensará com dorida saudade na esposa amada, nos filhos e nos netinhos queridos, que foram sombras de paz e harmonia no seu tempo de sofrimento, no desligar da carne e desse mundo. O tempo da dor e da expiação.
Muito vamos chorar, ainda, em dias sombrios de tristeza e vazio, mas Jesus não nos abandona.
Antonio Alves de Carvalho foi figura que o tempo marcou e que a vida ceifou. Como ele, inesquecível, são as pessoas que, mesmo desaparecidas, são marcas de luzes, candeias de caminhos antigos.
Ele cumpriu suas obrigações e quando Jesus passou, ele estava no seu lugar!
No nome exemplar de Antonio Alves de Carvalho, agora pela passagem de seu falecimento, evocamos estas páginas de recordações pungentes, na lembrança feliz de tantas pessoas que passaram por este mundo honrando seus compromissos e suas convicções.
Notadamente em Trindade, o nome de Antonio Alves de Carvalho permanece na memória grata do povo por tudo que ele representou como pai, esposo, avô, cidadão e benemérito pioneiro desta terra do Pai Eterno, capital católica do coração do Brasil.
Ele nasceu na bela cidade de Trindade, no Largo da Matriz em 24 de março de 1933. Era filho de Gabriel Alves de Carvalho e Floripes Borges de Carvalho, todos nascidos no Município de Trindade – Go.
Uma família pioneira na terra do Divino Pai Eterno, desde o século XIX!
A vida de Antonio Alves de Carvalho esteve ligada à história da igreja do Divino Pai Eterno desde o seu nascimento, ali nas cercanias.
Eu comparo o grande amigo, com o velho templo em que, desde menino, fitou da velha janela do casarão de seus pais, no coração da praça evocativa.
Ambos, ele e a igreja, confundem-se na grandeza, resistência, persistência e rigidez, nas marcas do coração.
Como ele, igrejinha bucólica do coração do Brasil, do coração dos brasileiros. Levantada do barro goiano, no Barro Preto da Santíssima Trindade de Goyaz. Igreja lírica e carregada de essências, trescalando infinitas emoções que o tempo não apaga. No sentimento do Pai estão abrigadas as dores e inquietações de gerações numa centenária caminhada. Nela, vemos que “somos povo de Deus caminhando”.
E ele foi homem de Deus que caminhou de passos fortes pelas sendas da vida.
E Antonio Alves de Carvalho caminhou seus passos em torno do velho templo, ouvindo seus cantos antigos, nas vozes enternecidas das preces...
Seguimos todos na marcha interminável das gerações que pisaram o cansaço desse chão. Num terço imaginário evocamos a imagem da igrejinha brejeira, nascida da fé do culto doméstico, de gente de pé no chão ou de botina ringideira, de gente de mãos calosas e almas de sol. Romaria sertaneja e cabocla do coração do Brasil, romaria da gente da terra, da roça, da poeira de todos os caminhos, como incenso vermelho elevado a Deus.
Antonio Alves viveu toda a vida apreciando a romaria de Trindade, o povo caminhante, os carreiros, os paus de arara, o povo arranchado nos fundos dos quintais.
Igreja do Divino Pai Eterno de Trindade! Ícone maior da fé no Brasil Central, no Brasil inteiro, na religiosidade que integra todos os homens num elo com Deus. Levantada em distante era, 1912, nasceu para agasalhar tantas súplicas, tantas dores, alegrias, dissabores, mágoas que o tempo sepultou para a eternidade. Casamentos, batizados, crismas, missas de corpo presente. Infinitas manifestações do homem a Deus e das bênçãos derramadas do berço ao túmulo, ali aconteceram nesses cem anos!
Na velha igreja, Antonio Alves de Carvalho realizou todos os seus sacramentos.
Igrejinha de barro e de madeira lavrada, de duras aroeiras retiradas em santa lua que te levantaram em dias distantes para se tornar símbolo de eterno encantamento! Casa do Pai Eterno, casa dos trindadenses, abrigo dos romeiros, das andorinhas vagabundas e passeadeiras, das rolinhas fogo-pagô no telhado e nas torres, vigilantes de todos os momentos; andorinhas donas do tempo, pousando e modificando o relógio da torre.
Muitas das madeiras da igreja vieram das matas densas das terras de Gabriel Alves de Carvalho, arrastadas por carroções antigos, disso se lembrava Antonio Alves de Carvalho. Igreja romanesca, de assoalho resistente e largos portais e janelas descomunais, abertas ao infinito. Que exemplo bonito lega ao futuro, nas inquietações de gerações vindouras. Quanto sentimento ali abriga, no ofertório das vidas a serviço de Deus.
No homem, reside a perquirição. Em Deus está a conformação. Na imagem de suas torres, de suas janelas, de seu telhado, o sentido exato da vida. Vida que deve se consagrar a Deus, que nada é sem a presença do Pai. Meca sertaneja e cabocla do coração do Brasil, amparo dos oprimidos!
E na velha igreja, o filho de Trindade sempre buscou lenitivo nos seus dissabores e os sofrimentos pelos quais passou na vida, principalmente quando da prematura perda do filho primogênito.
Pés e almas cansadas buscam e encontram na igreja o sentido da vida. Orientam-se pela bússola da fé. Gente castigada pelas injustiças do mundo, gente em paz, gente que agradece; gente que padece. Em cada prece elevada a Deus, um sentido do existir.
Na igreja velha, seu coração chorou a perda do filho, dos pais e de tanta gente que amava.
Igrejinha que é razão de viver, de sonhar, presente no imaginário e no coração de tanta gente. Por tantos lugares do mundo a centenária ermida está centrada no coração daqueles que esperam em Deus! Imagem do Pai nesse mundo de contradições e desacertos.
A praça, diante da casa de infância de Antonio Alves de Carvalho e na vista da matriz, é coberta pelas alegres andorinhas.
Eu gosto das andorinhas e das rolinhas fogo-pagô ali da praça. Vendo-as, lembro-me do meu velho amigo.
Lembro as andorinhas da igreja, minhas amigas. Gosto de adentrar no templo e erguer meus olhos ao telhado antigo. De lá, passarinhos diversos, pelas tardes, passeiam na casa de Deus, seguros dos compromissos seus. Vejo muitas formigas nas frestas da madeira. Carregadeiras, operosas e diligentes, carregam seus fanicos e suas coisinhas de seu mundo pequenino. Que lição na casa de Deus. Nada pedem, nada esperam, apenas trabalham e se integram na grande senda do universo.
Não gosto de olhar coisas grandiosas. Apaixonam-me as despercebidas. Fiz sérias amizades com as rolinhas gordinhas, da cor de grafite, cocazinhas, carijozinhas, pensionistas do velho templo. Ali fazem ninhos, se apropriam, pois sabem que todas as coisas pertencem a Deus. Que Deus deu tudo e o homem não soube repartir. Alegra-me percebê-las, reconhecê-las e ser reconhecido. Minhas amigas, com as quais, em pensamento, tanto converso. Tão bom conversar na imaginação; já que tudo se liga pelos elos indissolúveis do coração. Há, na natureza, um profundo e inaudível diálogo.
E na mesma igreja eu dialogo em pensamento com o meu amigo que partiu para uma grande viagem. Que estas andorinhas que alcançam o céu, possam levar a ele os pensamentos positivos de paz e alegria.
Deus, nelas, está; nas minhas amigas, as rolinhas fogo-pagô. Elas são oração elevada aos céus. Elas o encontrarão no coração das alturas.
Vejo minhas amiguinhas vadias e alegres nas tardes de bochorno. Vejo as frestas de sol que se coam das frinchas das telhas antigas da igreja centenária. Vejo calanguinhos com suas cabeças balançantes saindo por detrás da janela. Observo mundo ignoto, alheio e despercebido.
Penso no sentido ou pouco sentido desse mundo. Penso em morte e em ausência.
Há um bailado de luz na igreja quase vazia de gente, mas cheia dos bichinhos de Deus. Sempre há também por ali um cachorro de rua, que busca abrigo na sombra do Pai. Uma fresta de luz faz brilhar os pés machucados do Cristo no grande crucifixo, a lembrar as dores do meu amigo que partiu.
Eu o pressinto ali no templo a louvar espiritualmente o Pai Eterno.
Ali, no abandono momentâneo da igreja, uma simbiose entre Deus e os bichinhos; eles tão perto do sentido exato da pureza do Pai.
Salve o povo que canta. Exaltado seja o povo que aclama Deus na imagem do Pai Eterno, pois “sou romeiro que caminha, sou devoto do senhor, caminhando pra terra santa, velha Trindade da fé e do amor”. Nos toques de seus sinos, em suas novenas, na procissão das imagens, nas demonstrações de fé, um pouco da nossa identidade.
Salve o grande amigo Antonio Alves de Carvalho, na sua caminhada de fé.
Igreja que é símbolo de Goyaz, de Goiaz, de Goiás, em todos os tempos!
Povo da roça com suas almas de terra, o coração de terra fértil em constante floração. Igreja feita de terra vermelha, da cor da própria emoção! Antonio Alves que foi povo do chão e da terra, das operosas fazendas do Barro Preto.
Igreja de terra socada e de adobe, em paredões que agasalham gerações. Em cada canto do velho templo, chora uma saudade. A saudade do nosso amigo.
E a velha igreja centenária enche-se de luz e de paz. Comunicam-se em sentidos e significados os tantos seres que ela abriga. A igreja se enche para mais uma celebração. A vida em suas instâncias tantas, em tantas dimensões do ontem e do hoje, é celebrada. O cenário se ilumina e Deus, lá nos infinitos, sorri.
E o tempo vai passar e tudo vai se transformar porque a vida incessante, não para. É preciso, então, uma pausa para a saudade e para o que somos na vida dos outros.
Assim, ao certo, Deus sorriu ao chamar nosso querido amigo a uma nova estrada pelas graças do Pai Eterno. E o levou da igreja querida para uma nova pátria, um novo lugar que não podemos conhecer.
Quando menino de calças curtas, Antonio Alves de Carvalho brincava na velha Praça da Matriz, calçada de pedra tapiocanga, com o coreto de alvenaria, a Banda do Mestre Araújo, os lampiões antigos e, depois, a incipiente iluminação da usina de força e luz de seu pai, Gabriel Alves de Carvalho.
Fez catecismo com o Padre Pelágio, dona Bellarmina Ottoni e Joanoca Guedes, assistiu as fitas de filmes mudos do Chico Garça e depois o pioneiro cinema do Zé Feio. Quando já rapaz o Cine Teatro Mara e a fonte luminosa da praça.
Ele acompanhou os últimos 80 anos da vida trindadense com grande amor por sua terra.
Cursou no Grupo Escolar João Pessoa, depois Dom Prudêncio, o primário, tendo como Diretora a competentíssima, respeitada e admirada Dona Sinhá (Ana Maria de Oliveira) e as suas memoráveis educadoras: Professora Laurinda Seixo de Britto de oliveira Moura, Professora Davina Nascimento Vasconcelos, Professora Cecília dos Santos Almeida, Professora Ana Gonçalves Cordeiro além de outras respeitáveis mestras. De modo especial ele recordava, com carinho, do coordenador do Grupo e estimado Job Vieira Teles, também falecido.
Na década de 1940, além da atividade escolar, exerceu a atividade de candeeiro (andar na frente dos bois de carro) para carrear lenha a ser queimada no Locomove a fim de fornecer Luz para a velha Trindade. Concomitantemente exercia a função de leiteiro, numa época em que trazia 60 litros de leite de garupa do cavalo, da Fazenda “Barreirão” para ser vendido a cem réis o litro; o leite que sobrava sua irmã produzia requeijão e essa iguaria era posta em um prato e também era comercializada.
Aprendeu desde cedo o valor do trabalho como dádiva maior e motivo de viver, no alcance da dignidade.
Posteriormente, percebeu que poderia comercializar outros itens e assim aumentar sua renda familiar, vendeu toucinho e carne de porco na feira em frente da Igreja Matriz, a pioneira de Trindade.
Cursou o Ginasial no Ateneu Dom Bosco em Goiânia, foi o sétimo aluno do primeiro ano do internato em 1944, quando teve oportunidade de conviver com os padres Osvaldo Venturoso (diretor), Pe. Belarmino, Pe. José Balastiére, Pe. José da La Mutta (Pe. Zezinho) e outros. Naquele sacrário de amor e ensinamento, trouxe lições para toda a vida.
Concluiu no Liceu da Cidade de Goiás, fez o Curso Cientifico no Liceu de Goiânia e Direito na Faculdade de Direito situada na Rua 20 no centro de Goiânia. Concluiu o mesmo em 1961; ano o qual foi criada a Universidade Federal de Goiás. No ano de 2011 foram comemorados os 50 anos de formatura da referida turma.
Por muitos anos exerceu intensivamente a profissão liberal, até meados de 1979. Sempre trabalhou em prol da melhoria de várias categorias profissionais, somam-se ao seu currículo os cargos e funções de destaque.
Foi membro fundador da Associação dos Criadores de Gir do Estado de Goiás. Vice Presidente do Sindicato dos Produtores Agropecuários do Estado de Goiás. Membro da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos. Presidente da Confederação Brasileira de Eletrificação e Telefonia Rural “Conbracer”. Presidente da Federação de Cooperativas de Eletrificação e Telefonia Rural do Estado de Goiás, “Fecoetergo”. Presidente e fundador da Cooperativa de Eletrificação e Telefonia de Trindade, “Cantrim”. Nesta, realizou a fusão com a Cooperativa de Goiânia, recebendo a nova denominação de “Cetertringo”.
Vale ressaltar que as mesmas são as Únicas Redes Rurais construídas por Cooperativas Rurais no Estado, no modelo Trifásico, pois o DNAE, órgão regulador na época permitia somente “Monofásica”.
Foi presidente da Associação Rural do Município de Trindade. Foi agraciado em 28 de junho de 1983 pela Câmara Brasileira de Difusão das Ciências Internacionais com o titulo de Comendador e Gente Humana Internacional.
Recebeu medalhas em nome de seus pais em “Homenagem aos Pioneiros” em Trindade, no ano de 1998, em evento, realizado pela Prefeitura, sobre a administração do conterrâneo, Valdivino Chaves Guimarães. O evento ocorreu no Museu da Memória de Trindade. Sentia orgulho em dizer que seus filhos e netos foram registrados no Cartório de família de Trindade.
Como meu parceiro, publicou o livro sobre a querida e amada Trindade, denominado: Informações Históricas Sobre Trindade – Saga de um povo de fé no coração do Brasil, no ano de 2004, com objetivo, dos mais jovens e nossos sucessores conhecerem esta cidade, ainda, em situação embrionária a partir do sec. XIX.

Em sua homenagem, a competente e dinâmica professora e acadêmica Dina Queiroz escreveu o poema:
Altivo, altaneiro,
Amigo, coração brejeiro.
Audaz, capaz,
Por sua terra tudo faz!
Pela família, imenso amor,
Pelo Pai Eterno, intenso fervor!
Pela narrativa quis reviver
Seus antepassados enaltecer!
Eis Antonio – baluarte na memória.
Uma saga em resgate pela historia.

Ele foi casado com Maria Geralda de Carvalho, mulher inteligente e dinâmica, companheira perfeita a um homem de sua formação e energia. Ela estudou no Colégio Santa Clara de Campinas, em 1963, quando fez parte do coral e participou dos jogos estudantis, quando ganhou várias modalidades para aquele vetusto estabelecimento de ensino goiano, hoje com mais de 90 anos de existência.
Maria Geralda de Carvalho foi também catequista na matriz de campinas, bairro de Goiânia e fez a oitava série do Ensino Fundamental no Colégio Imaculada Conceição da cidade goiana de Ceres. Ali também participou de diversos cursos de arte, higiene, puericultura, enfermagem com as Irmãs Dominicanas, preparando moças para a vida matrimonial.
Mais tarde, já em Goiânia, terminou o curso normal no Instituto de Educação do Estado de Goiás no ano de 1969, período a partir do qual lecionou em diversos colégios em Goiânia. Casada com o agropecuarista, advogado, empresário rural e escritor Antonio Alves de Carvalho, teve três filhos.
No longo sofrimento da enfermidade que aos poucos o assolava, Antonio Alves de Carvalho manteve-se sereno e confiante em Deus, no Divino Pai Eterno da Trindade! Em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da estampa tão linda, no altar lateral da igreja. Que a misericórdia de todos os santos o tenha acolhido na altura de seu grande merecimento!
É muito triste dizer adeus a um homem como Antonio Alves de Carvalho, meu amigo. Digo apenas até um dia, pois a fugacidade da vida tem sido tanta que, em breve, talvez, Deus permita nos encontrarmos.
E que no coração de Maria Geralda de Carvalho haja sempre um lírio branco de paz e ternura, na saudade que perdura, infelizmente, na duração dos dias. Deus a ilumine!

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