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OPINIÃO

As pérolas do STF

Os pronunciamentos solertes e eruditos dos ministros do STF durante as sessões de julgamento do mensalão remete às influências do céu. Sempre Deus está pronto de sua parte para aquecer e iluminar os corações. Entre as coisas boas da cornucópia generosa que as doutas excelências estão oferecendo aos brasileiros, destaco as citações pertinentes e sapientes. “Universo e esperteza não têm limites, sobre o primeiro eu tenho dúvidas”, disse à certa altura, o ministro Ayres Brito. A citação é atribuída ao físico Einstein, mundialmente conhecido por sua teoria da relatividade. “Há Pangloss no mundo, diria Voltaire”. Palavras da ministra Cármem Lúcia quando começou a votar. O doutor ou professor Pangloss é aquele personagem de Cândido, ou o otimismo (1759). Ele ensinava, entre uma safadeza e outra, que o mundo é sempre o melhor dos mundos possíveis. Trocado por um adjetivo, a gosto de um freguês pueril, Pangloss daria em crédulo, no mau sentido. As torpes coincidências do mensalão e dos mensaleiros que, hoje, estão sendo submetidos aos crivos dos ministros de notáveis saberes e competências jurídicas, nos lembram novamente Albert Einstein: “A coincidência é a forma escolhida por Deus para permanecer anônimo”. Senhores ministros, a opinião pública certamente espera que a sentença a ser prolatada, sirva de lição a todos os brasileiros, em especial os eleitores, para que em vez de pensarem em seus interesses pessoais, pensem nos filhos e nas futuras gerações possibilitando-lhes viverem sem a corrupção que beneficiaram os mensaleiros. Como disse Santo Antônio eu uma de suas prédicas, nas quais revelava um pendor especial para desancar nos ricos e nos poderosos: “Ninguém considere propriedade sua tudo o que, com violência, subtrai do patrimônio de todos, gastando em luxos e prazeres o que deve ser feito para o sustento de muitos. Aquele pão que volta a pôr na despensa pertence aos esfomeados. E os vestidos que guarda no armário pertencem aos nus. O dinheiro que tem escondido representa a parte dos pobres. Portanto, fica a saber que comete um pecado contra todos aqueles a quem nega a caridade. Bem-aventurado os olhos que não ficaram cegos  com o esterco da riqueza nem se deixam enganar pela remela das preocupações vãs, porque eles contemplam o Filho de Deus envolvido nos paninhos, deitado na manjedoura e dependurado nu, no patíbulo.

(Edvaldo Nepomuceno, escritor)

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