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OPINIÃO

Crise do Brasil preocupa a Argentina

Transpondo os 50 minutos de taxi entre o Aeroporto Aeroparque e o hotel na Rua Libertad, em Buenos Aires, provoco o motorista sobre a política da Argentina. Ele vai dirigindo e respondendo, fazendo uma comparação inicialmente entre as presidentes Cristina Elisabet Fernández de Kirchner é uma política e advogada argentina. Foi senadora. Christina Kirchner e Dilma Rousseff presidiram seus países. As duas mulheres, sem nenhum preconceito, dinamitaram as economias de seus países – Argentina e Brasil. Nosso ponto em comum transcendia a administração propriamente dita.

Para ambas, interessavam atender a questão ideológica e uma corrupção sem freios para a manutenção no poder. O resultado no Brasil, ora ocupado por Michel Temer, um vice que jamais comungou com insinuações esquerdistas, mas topou participar do poder, é a presença de 14 milhões de desempregados.

Na Argentina, Peron ainda é um mito vivo. Evita Perón é venerada como uma santa.  Mesmo após quase cem anos da sua morte, flores e pedidos ou agradecimentos são colocados sob o seu túmulo no Cemitério da Recoleta. Há museus com o seu nome, considerada a “mãe dos pobres”.

No bate-papo, recolho ainda as primeiras informações de um país onde a população argentina deposita esperanças no presidente Maurício Macri. E torce para que o Brasil se acerte e contribua para com desenvolvimento macro econômico da Argentina. No futebol, como os brasileiros não tem muito o que comemorar em resultados positivos da seleção.  Nem os argentinos. Ah! A Odebrecht é manchete nos jornais como El Clarín e La Nación e ocupa amplos espaços nas emissoras da televisão de Buenos Aires.

Se no Brasil, o samba e demais ritmos perderam espaço para o sertanejo universitário, em Buenos Aires o tango sobressai altaneiro. Embora copiado da França, o tango pegou no vizinho país. Carlos Gardel, francês naturalizado argentino, manda no pedaço. É na Argentina que essa música nostálgica está mais viva que nunca.

O antigo porto da cidade mais importante da Argentina recebia os navios e marinheiros das diferentes partes do mundo. As prostitutas jamais faltariam num ambiente assim. El Caminito, rua onde a prostituição se expandiu e tornou-se uma referência global, contribuiu para fomentar o tango. Músicas como “Não chores por mim, Argentina” representam praticamente um hino nacional. É um clássico que ultrapassa as fronteiras e chega a diferentes países.

Num determinado momento, o porto é desativado. E 40 anos depois, o governo entendeu de reativar o Porto Madeiro. Um canteiro de obras surgiu no local. Restaurantes e bares deram novo alento. E, atualmente, é um dos lugares mais visitados. O Madero Tango é uma dessas casas de show que oferecem aos visitantes. Sem dúvida a sua reativação faz correr dinheiro. A reurbanização do porto, se deixou de receber navios, tornou-se um centro da gastronomia para todos os gostos. Garçons, chefs e outros profissionais, com certeza, tem sempre um lugar ao sol. A segurança é total no local. Conta com apoio da polícia e da marinha. Portanto, assalto, furtos e roubos ficaram no passado distante.

(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC Goiás. Fez curso de cooperativismo agropecuário em Tel Aviv, Israel, pela Histradut. É autor do livro O agro passa pelo Centro-Oeste)

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