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OPINIÃO

Idealismo sem radicalismos

Todos os levantes populares que mudaram governos ao longo da história foram sedimentados no idealismo  sadio  com objetivo de alcançar o bem comum que encontrava-se marginalizado. Esse princípio  nasce  no seio  das comunidades, encabeçado  por cidadãos  que visam a  melhoria da qualidade de  vida  de seus pares  que na maioria das vezes  estava restrita   a uma elite social, governamental e  opressora.  Daí  surgiram  as revoluções populares que mudaram o curso da história.  Esses fatos  aconteceram , entre outros, na antiguidade.  no império romano com a  revolta dos escravos liderados por Spartacus  e mais adiante veio acontecer no final do século 19 nas revoluções francesa, norte-americana, e no século 20, a  mexicana, russa, chinesa, Cubana, e em países da língua árabe. E, no  Vietnã também onde  todo o planejamento  de guerrilha  do vietcongue  que lutou  contra a ocupação das tropas norte-americanas estava concentrado em Saigon,capital do Vietnã do Sul  e   quartel-general dessa força imperialista de que lutava contra o Vietnã do Norte, comunista.

Na Índia  a revolta contra a ocupação do império britânico foi diferenciada pela  forma  de luta .Liderada pelo advogado  Mohandas Karamchand Ghandi  ,os  movimentos foram  pacíficos, embora repelidos pelas tropas inglesas.Persistiu até  que se conseguiu a independência.

O maior mérito do idealismo  é  o objetivo de cumprimento de metas, sem mudanças de rumos, passando por cima de obstáculos  de todas as formas. O idealista em qualquer situação não se vende e não pode ser   corrompido. Seu ideal não tem preço. Não usa máscara quando está em  ação. É mais eficiente que uma bomba nuclear. Se seus opositores eliminam  milhares de militantes,  surgem depois  milhões com a mesma meta e assim em diante.

Afora disso, o resto é mercenarismo e radicalismo extremista que trazem prejuízos  aos patrimônios públicos e privados, e até mesmo à sociedade civil.  O quebra-quebra recente em Brasília na esplanada  dos Ministérios é um entre outros, que  são  exemplos  de radicalismos e quem  sabe de banditismo. Nas nações da  língua árabe (árabe não é determinado país, é uma língua),o radicalismo  é praticado como terrorismo e se espalha pela Europa e outros continentes como na áfrica. No oriente médio é praticado  inclusive pela estado, como acontece na Síria, onde o governo  oprime, persegue e massacra  sua população com apoio de outros países. O estado Islâmico é o pior exemplo  do radicalismo, fundamentado  numa teologia de um deus perverso que promete aos seus adeptos, como recompensa pelos seus  atos de terror  na pós morte, uma vida  com luxúria e nababesca.

A história  narra que muitas dessas revoltas populares  foram encabeçadas  por intelectuais,profissionais liberais e operários, mas na revolução mexicana, no início do século passado, foi diferente.  Formou fileiras com essas lideranças, um bandido analfabeto que se tornou um exímio general nas batalhas. Tratava-se de Dorotéo Arango, apelidado de Pancho Vila. Nesse aspecto Vila não lutou pelo dinheiro e sim pelo ideal revolucionário.

Essa revolução derrubou o ditador Porfírio Diaz na década de 1910 e Vila se destacou pela sua arte bélica que o levou ao trono do  México juntamente com Emiliano Zapata,Urbina e outros líderes;

Vila era  um civil de origem humilde que começou sua carreira como bandido assaltando comboio das minas  de prata. Batizado de José Doroteo Arango, era um peão numa fazenda de  um nobre fidalgo mexicano aonde morava com seus pais e irmãos. Nessa época existia uma lei imposta pela ditadura conhecida como a “ primeira noite”. Quando havia casamento  entre os agregados,  a lua de mel da noiva era privilégio  do  fidalgo da fazenda,  depois para o noivo.  Doroteo Arango não  aceitava tal imposição e teve sua irmã  desonrada pelo filho de seu patrão e por isso  assassinou-o. Perseguido pelos federais ,soldados do governo mexicano, foi preso  e conseguiu fugir   indo para as montanhas e lá soube que bem antes existia um  bandido conhecido como Pancho Vila que estava desaparecido. Adotou  esse alcunha  para permanecer no anonimato. Organizou um bando e começou a  praticar assaltos a bancos, roubando gados e comboio das mineradoras de prata da região de Chihuahua e  Durango,  ambas localizadas no norte do México, distribuindo parte  desses roubos à pobreza.  Ficou bastante popular e conseguiu  mais comparsas e armamentos pesados.

Estourou  a revolução encabeçada por Francisco  Madero  e outros generais que recrutou as mais diversas forças de oposição ao governo  do general  Porfírio Diaz, antes um dos libertadores do  México do império austríaco ,governado por  Maximiliano de  Habsburgo.Foi companheiro de Benito Juarez. Depois assumiu  a presidência numa eleição,  modernizou o país, construiu ferrovias e conseguiu manobrar o parlamento,   transformando-se num ditador  “ constitucional” com  um regime opressor e autocrático , prolongado por décadas e já se  encontrava em agonia. Madero  representando oligarquias emergentes se rebelara por ter perdido a eleição para Diaz, casuística e financiada pelo poder econômico. Entre os arrebanhados estava o bando de Pancho Vila que se destacou na arte bélica sem nunca ter passado por uma academia militar. O governo mexicano  para combater as forças insurgentes, contratou militares estrategistas alemães para  auxiliar na luta contra os revolucionários. De nada adiantou e Vila  levava vantagens nas batalhas, chegando a ser promovido general da revolução mexicana.

Lutavam por ideologia e quando se luta por esse princípio não existe aparato bélico   por mais moderno que seja, venha conseguir vitórias contra as forças rebeldes inimigas.

Historicamente  em toda revolução surge a contra-revolução muitas vezes causados por facções que antes estavam alinhadas e depois se desentenderam com  os  novos ocupantes de governos. No México foi também assim, prorrogando  o processo revolucionário de 1910 a 1917, dividindo em três turnos.  Madero   no comando derrubou o ditador Porfírio Diaz mas  2 anos depois foi deposto pela então seu aliado general Victoriano  Huerta , posteriormente  expulso do poder   por Venustiano Carranza que teve  também  apoio de Pancho Vila, comandando uma tropa de  cavalaria com mais  de 40 mil homens (foto arquivo- Culver Pictures), decisiva  nessa luta. Para financiar  essa luta, Villa vendeu os direitos de filmagens de suas batalhas para um estúdio de Hollywood que teve uma nova  versão  em 2003, estrelada pelo ator Antônio Bandeiras , intitulada  E Estrelando Pancho Villa. O filme documentário feito no início  do século passado  que registrou essas batalhas encontra-se  no museu da Cidade do México

(Vicente Vecci, edita há 33 anos em Brasília-DF o Jornal do Síndico- www.jornaldosiíndicobsb.com.br- e-mail  [email protected])

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