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OPINIÃO

O desafio da TV dentro de casa

O dia 1º de junho, quando se comemora o Dia da Imprensa no Brasil, foi também a data da primeira transmissão experimental de TV em nosso país. Sem dúvida, um avanço tecnológico importante dos meios de comunicação, mas que tem sido um instrumento de veiculação tanto do bem quanto do mal.

Por isso, no mundo inteiro as pessoas mais sensatas manifestam, com frequência, seu inconformismo em relação ao que a televisão anda mostrando. Recordo-me de uma entrevista à revista Veja, em que Steven Spielberg, diretor de filmes campeões de bilheteria, abordou o problema da TV e os filhos.

Ao perguntarem se ele era a favor de um maior controle sobre a programação da televisão, ele começou por dizer que não é a favor da censura. Logo em seguida, porém, ressalta: “...mas gostaria de controlar o que meus filhos assistem na TV, ter a palavra final sobre o assunto em minha própria casa. Assim como todas as crianças, meus sete filhos estão expostos desnecessariamente a um excesso de violência e sensacionalismo.”

E o genial cineasta não fica só nisso, adicionando: “Nesse sentido, acho que serei um dos primeiros a instalar nos aparelhos de minha casa o Violence Chip, aquele dispositivo recém-inventado que permite aos pais programar a televisão para não receber programas considerados impróprios.”

O que quis dizer, com isso, o perspicaz diretor da violenta série Indiana Jones, que arrebatou plateias infantis e juvenis por este mundo afora?

Quis dizer que os pais podem tirar o cavalinho da chuva, se esperam um lampejo de paternidade por parte dos cineastas, ou dos programadores e diretores de TV. Erram também se ficam à espera de uma medida restritiva imposta pelo governo, pois o assunto censura é um verdadeiro quiproquó, uma legítima babel em que ninguém chega a um acordo sobre nada.

Sendo assim, é preferível tomar o caminho prático recomendado por Spielberg, ou seja, ter a palavra final dentro da própria casa e controlar o que os filhos andam vendo na TV.

Simples, não é mesmo? Nada disso. Quem é pai sabe o quanto custa manter um controle dessa natureza. É preciso interesse, preparo mental, paciência, atenção, mil explicações e, sobretudo, muito amor aos filhos. É uma luta permanente, dia após dia, já que a inexperiência e imaturidade dos menores os colocam, quase sempre, do lado contrário, contra o critério dos pais.

Pareceria mais fácil abolir de vez a telinha, como fazem os integrantes de algumas religiões, em cujas casas a TV não entra. Mas a maioria não está disposta a praticar esse extremismo, que significaria adotar a ilusão da redoma como fórmula ideal de pedagogia e prevenção.

O grande desafio é saber selecionar tudo, dosar tudo e vacinar a alma dos filhos, criando neles anticorpos contra as forças hoje onipresentes da destruição moral e espiritual.

(Dalmy Gama, professor, escritor, docente da Fundação Logosófica no Brasil)

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