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Vem da política norte-americana um termo apropriado para expressar o fim de um governo ante a expectativa de poder que se cria com outro governo prestes a assumir. Trata-se do "pato manco".
Nessa situação, os que rodeiam quem governa começam a enxergá-lo como uma espécie de cobra sem veneno. Num ambiente assim, diminui a bajulação, e até mesmo o cafezinho, que chegava sempre quente, começa a ser servido frio. Enfim: "pato manco" é o político sem "poder de fogo" e que se torna uma espécie de morto vivo na cena política. Um governante nessa situação torna-se incapaz de dar direção ao sistema político.
Vejamos alguns exemplos na política nacional. A ex-presidenta Dilma Rousseff incorporou a figura do "pato manco" durante seu desgastante processo de impeachment. Naquela ocasião, Dilma viu-se repentinamente abandonada por entusiastas apoiadores, como é o caso do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Aécio Neves, abatido pela operação Lava Jato e pelas recentes denúncias de Joesley Batista, dono da Friboi, é outro personagem que hoje incorpora a figura do "pato manco". Seu capital político, que já era pequeno, tornou-se microscópico.
O presidente Michael Temer parece ser o mais novo integrante da turma de "patos mancos" nacionais. As denúncias do dono da Friboi e as imagens da mala ambulante carregada pelo deputado Ricardo Loures tornaram-se fatos que merecem respostas consistentes. Somado a isso, não ficou nada bom para Temer ter recebido “um falastrão” clandestinamente no Palácio do Jaburu.
De duas, uma: ou o presidente sobreviverá até o fim de seu breve mandato, ou não. Se sobreviver, não terá a autoridade necessária para dar o rumo que o país deve seguir; se não sobreviver a essa hecatombe, então, aguardará o destino que todo político que almeja a história mais teme: o ostracismo. Tanto numa como noutra situação, o cafezinho servido pelo garçom vem sempre mais frio!
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de A Construção de Goiás)
