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Por que Temer não deve cair? Uma análise psiquiátrica

Porque, apesar de tanto Dilma quanto Temer estarem envolvidos em corrupção, a classe média só saiu às ruas para atacar a primeira?

Na época do PT/Dilma, a classe média começou a vislumbrar um “cheiro de Comunismo/Cuba/Venezuela no ar”. Por exemplo, os médicos viram profissionais de Cuba tomando seus lugares; políticos começaram a se sentir ameaçados com os “Conselhos Populares” bolivarianos que o PT queria implantar;  a mídia, amedrontada pelo “controle social”; os empresários, vendo que os recursos do país estavam sendo sugados via BNDES para as empresas - Friboi, Odebrecht, OAS, Eike, Oi, etc - que apoiavam a expansão do “comunismo petista”.

A mídia, os movimentos de rua, ou seja, grandes influenciadores da classe média, foram turbinados, apoiados, estimulados, financiados,  pelo Mercado: esse viu que o até então vantajoso “Capitalismo de Estado”, “Capitalismo de Compadres”,  da Dilma/PT estava começando a ficar perigoso, pendendo muito para o comunismo/bolivarinismo. Com esse estímulo/apoio/divulgação da mídia, mercado, movimentos de rua, a classe média foi para rua, pressionou seus deputados, derrubou a Dilma.

Agora o Mercado não “financia” mais a mídia/movimentos de rua porque está gostando das reformas econômicas do Temer. A classe média também, com Temer no poder, perdeu o medo do comunismo/bolivarianismo.

Só há um motivo “moral” para derrubar o Temer ,a corrupção; o problema é que o motivo moral pode até ser um bom iniciador, mas nunca é um bom finalizador de movimentos da burguesia. E , sem a  classe média se movimentar, o resto da sociedade não se movimenta, a não ser movida a “passeio-de-graça-em-ônibus”, a “bônus de revolta” e pão-com-mortadela. Os “mortadela” são muito reforçados em sua revolta pela participação da alta cúpula estatal privilegiada do país, Judiciário, Ministério Público, que aproveitam-se da raiva que têm do Temer (“querendo mexer nos nossos privilégios”) para dar-lhe uma capa de verniz moral (“nós o pegamos em falcatruas republicanas”).

Os movimentos-de-rua, movidos pelo “moralismo” das denúncias contra Temer, num primeiro ímpeto impulsivo, convocaram as ruas. Mas logo o Mercado e as conveniências da classe média falaram mais alto e eles desmarcaram os movimentos.  Sem muito entusiasmo da classe média, do mercado, consequentemente da mídia, movimentos-burgueses-de-rua, corre-se o risco de Temer continuar onde está, mesmo com o escândalo da Friboi.

Para safar-se é  só  Temer conseguir mais um tempinho, por ex., pedir vistas do processo contra ele no TSE e segurar o Congresso e o Judiciário mais um pouco. Mesmo ele estando na corrupção, sabe-se que as Leis, manipuladas no Congresso ou nos Tribunais, esticam e encolhem segundo a vontade e os casuismos, artimanhas, de quem mantem no cabresto a maquina estatal .

De um ponto de vista à curto prazo, pode até parecer vantajoso que Temer continue, que suas reformas  pró-capitalismo continuem. No entanto, a longo prazo, a continuidade de um Governo imoral pode dar aval para que o Estado brasileiro - com  suas espúrias relações políticos/grandes empresários/sindicatos/movimentos sociais - continue corrupto  como sempre foi.

Em nosso próximo artigo continuamos essa análise,  desta vez com um perfil psiquiátrico de Temer que nos possa analisar melhor o contexto no qual está envolvido.

(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra ([email protected]). Escreve as terças, sextas, domingos no Diário da Manhã (acesso gratuito em impresso.dm.com.br))

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