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OPINIÃO

Demagogia e ideologia da raça

Algumas reivindicações são extremamente legítimas e necessárias para o avanço social por transpor aos interesses e direitos de uma determinada classe social e abranger o interesse coletivo, necessário a toda a humanidade. O fim do preconceito racial é uma delas. O combate ao preconceito motivado pela etnia ou cor da pele é um desses flagelos sociais que não deveriam ainda existir no seio da civilização moderna. Infelizmente, ele está vivo e latente entre nós. Todavia, não há como negar que métodos de enfrentamento, como os vitimistas maniqueístas, demonstrados em muitos protestos, onde quem não concordar com algumas atitudes de alguns grupos de negros é considerado “racista”, ao invés de contribuírem para com o fim do preconceito, acabam por estimulá-lo.

Alguns grupos de pessoas negras parecem considerar conveniente o acirramento e o estímulo da beligerância racial e, através da promoção de um coitadismo artificial e incongruente, escamoteiam pretensões que servem apenas para desprestigiar e deslegitimar uma causa tão nobre. Sob o pretexto de “vítimas do racismo”, empenham-se em colocar-se acima das leis, dos deveres sociais, da igualdade de direitos e obrigações, como se constituíssem numa espécie de “classe social privilegiada”, superior àqueles que não são “os mano”.

Os episódios ocorridos nas cidades de St. Louis e Ferguson, nos EUA, ilustram bem essa modalidade de tirania dos vitimistas. Uma multidão de negros acha-se no direito de sair às ruas promovendo desordem, depredação e ataques às forças policiais após marginais negros terem sido mortos por policiais brancos. Sim, ao que parece a ira dos que protestavam não era contra a morte de um negro presumidamente inocente. Mas, sim, porque o policial que o alvejou é branco, ainda que o jovem negro tivesse antecedentes criminais, estivesse armado e acabara de cometer um crime violento. Segundo esse raciocínio, quando um negro for flagrado praticando crimes de estupro, roubo, latrocínio, tráfico, homicídio, não poderá ser interrompido nem preso e, se reagir a uma abordagem, atirando contra um policial, a polícia não poderá prendê-lo nem revidar, pois, isso configuraria num inaceitável ato de racismo. Eu já escrevi neste espaço do DM que o vitimismo do negro é eivado de incoerências gritantes, com maior relevo quando elege o “branco” como o vilão responsável por todas as suas mazelas. Culpar aos outros por seus problemas – às vezes opcionais ou criados convenientemente – é, geralmente, a ferramenta dos hipócritas.

No Brasil, o passatempo predileto de alguns grupos negros é fazer menção ao nosso passado histórico do regime escravocrata como a grande tragédia de suas vidas. E, ridicularmente, culpam as pessoas atuais como “herdeiros da culpa” e responsáveis por ter “escravizado” seus ancestrais. Ora, o fim da escravidão no Brasil não foi uma conquista de lutas de negros, mas resultado da ação de libertários e intelectuais brancos, como o diplomata, historiador e jurista Joaquim Nabuco.

A princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea em 1888, antes disso participava de movimentos abolicionistas, financiava alforrias de escravos com seu próprio dinheiro e abrigava negros fugitivos em sua residência. Entretanto, nunca recebeu nenhuma manifestação de gratidão nem pesar por parte de nenhum negro. Ao contrário, quem é cultuado como sendo o “grande herói libertário” é Zumbi de Palmares, um sujeito cruel, senhor de escravos e que costumava aprisionar escravos foragidos para trabalhos forçados em suas terras, ao invés de acolhê-los em liberdade. Aí, sim, teria sido uma excelente oportunidade para proferir, pela p primeira vez, a expressão: “é nóis na fita, mano”. Essa construção de ódio ao branco pelo passado escravocrata é uma das mais patéticas incoerências dos discursos dos movimentos negros. Primeiro, nenhum branco viajou à África para aprisionar ou capturar negros. Estes eram vendidos nos portos como espólio de guerra entre tribos rivais e até mesmo das próprias tribos. Os conflitos altamente cruéis e sanguinários entre tribos africanas persistem até os dias atuais, basta ler os noticiários. Prevalece a opressão através da subjugação de negros por outros que se consideram mais negros – consequentemente com mais “direitos”. Países africanos, como o Congo, só conheceram relativa convivência civilizatória quando foram colonizados por europeus brancos.

Aliás, no Brasil escravocrata os negros usufruíam aqui de muito maior liberdade, tranquilidade e qualidade de vida do que quando viviam na África, imersos em conflitos tribais e fome.  Na África, a Mauritânia foi o último país a abolir a escravidão, fazendo-o somente em 1981. No Sudão ainda há, oficialmente, a escravidão. Não se tem notícias de nenhum movimento organizado por negros “ocidentalizados” ou de autoproclamados “afrodescendentes”, ou “afro-americanos”, dirigindo-se à África para protestar contra a opressão dos negros naquele continente, inclusive contra a prática primitiva de mutilação das mulheres. Aqui o coitadismo negro vai promovendo a segregação social e fomentando a malandragem.

O sistema de cotas nas universidades é um exemplo de absurdos e de resultados inúteis, privilegiando o acesso ao curso superior não por méritos próprios, mas pela cor da pele. O índice de evasão de estudantes negros é muito grande e os que conseguem concluir o curso dificilmente estão aptos tecnicamente para o mercado de trabalho. Muita vela boa é queimada com defunto ruim. Quanto ao exemplo de malandragem, a ex-ministra da Secretaria da “Promoção da Igualdade Racial”, Matilde Ribeiro, quando foi pega utilizando o cartão corporativo para comprar para si artigos de luxo, e instada a se explicar, não perdeu tempo: disse que estava sendo perseguida “por ser negra”.

Alguém poderia imaginar o escândalo que seria se no Brasil um grupo de pessoas que seu autodenominassem “brancas” criasse uma revista que só publicasse matérias enaltecedoras de brancos e se chamasse “raça branca”? Creio que a sua sede seria incendiada logo nos primeiros dias. E se os brancos criassem uma modalidade de premiação de pessoas brancas com um troféu que se chamasse “troféu raça branca”? Os negros se acham no direito de fazer tudo isso. E o fazem, com regozijo e sem nenhum constrangimento. Essa modalidade de fascismo dissimulado é possível graças à tirania de grupos que se consideram superiores e que adotam o discurso vitimistas como forma de obtenção de privilégios indevidos, imorais e, não raramente, criminosos.

(Manoel L. Bezerra Rocha, advogado criminalista. [email protected])

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