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É falsa a briga entre vida e empresa — Ronaldo Caiado quer preservar ambas

Nilson Gomes Ronaldo Caiado grava vídeos, muitos vídeos, até mais do que deveria. De tanto aparecer em frente às câmeras, saiu o filmete que merece prêmio: o governador pede ajuda às mulheres para aumentar os índices do isolamento social. Um demonstrati

Nilson Gomes

Ronaldo Caiado grava vídeos, muitos vídeos, até mais do que deveria. De tanto aparecer em frente às câmeras, saiu o filmete que merece prêmio: o governador pede ajuda às mulheres para aumentar os índices do isolamento social. Um demonstrativo da qualidade do insight foi a reação da turma do contra — até de comunista o chamaram.

No vídeo, Caiado levanta uma tese interessante. Segundo ele, líderes empresariais criaram celeuma fake opondo emprego a vida. Talvez determinados presidentes de federações e associações estivessem determinados a se determinarem pela repetição feudal de fazer o funcionário trabalhar doente, num claro enigma à família dos mortos: patrão é assim mesmo ou só esses das entidades?
Só esses. A maioria dos patrões trabalha, porque 80% são pequenos e microempreendedores. Alguns médios igualmente ralam. Haverá dos grandes uma meia dúzia de três ou quatro com labor.
A referência aqui não é a eles. Trata-se, neste texto e no vídeo do governador, de outro tipo de patrão, o bicho de orelha pontuda, tridente à mão, que fica bebendo uísque na beira da piscina da mansão no condomínio fechado e obrigando a arraia miúda a correr riscos no chão da indústria, no balcão, à frente do computador, por trás das cortinas.
Porque são multimilionários, um ou outro deles bi, julgam-se especialistas em tudo, sabem mais que infectologistas, pneumologistas, virologistas. A entidade de hospitais particulares já revelou que seus associados estão com UTIs cheias. Os novos doentes serão levados para onde? Para o auditório da federação?
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás divulgaram um estudo afirmando que, com isolamento social frouxo, 18 mil goianas e goianos vão morrer até setembro.
Reação do governador: para evitar a carnificina, reuniu lideranças políticas e classistas, autoridades dos três poderes, e endossou o relatório da UFG pelo fechamento das atividades não essenciais por 14 dias, seguidos de outras duas semanas abertas.
Reação de alguns líderes empresariais: promover carreata para negar uma doença, a Covid-19, e fabricar em série outra, o silogismo erístico.
Em português claro: inventam mentira. Ou o termo modinha: fake news.
É falsa a afirmação de que o governo quer quebrar empresas. Que governo deseja a falência de seus contribuintes, se eles sustentam a máquina? Ou é exagero almejar que os ofensores raciocinem antes das carreatas?
O WhatsApp se transformou em depósito de sofismas. Desmentir grupo por grupo, lista de transmissão por lista de transmissão, mensagem por mensagem é tarefa inglória, quase como enxugar iceberg com lenço. Em resumo, os caluniadores se ancoram em sofismas do tipo: os técnicos da UFG recomendam a intermitência 14/4; o governador segue os cientistas e decreta o fechamento nessas duas primeiras semanas; sem abrir, o comércio não vende; se o comércio não vender, a indústria não precisa produzir;
em consequência, haverá demissões;
demitidos, os pais de família não poderão comprar comida; sem comer, vão morrer;
donde se conclui que o governo quer matar mundo de fome.
Eita, peraí, alto lá! A premissa levou a isso? A Amazon tem a Alexa, certo? Pois é. Gente falsa falando falsidade, o resultado só poderia ser a Falsiane. Toda vez que ouve a palavra cooperação, a Falsiane aciona as carreatas, faz banners ofensivos para zap e mídias sociais, enfim, movimenta a engrenagem dos crimes contra a honra.
Felizmente, Goiás agora tem governo e Ronaldo Caiado não é de fugir de briga quando a causa é duplamente justa: em defesa das pessoas físicas e jurídicas.

Nilson Gomes é jornalista