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POLÍTICA

Esperança se levanta contra o ódio

A política é dinâmica, e nos dias atuais tem a velocidade da internet. No dia 15, a passeata dos retrógrados parecia o ensaio para o fim da democracia. Nesta semana, tudo mudou. Três fatos desviaram o foco do radicalismo coxinha para o debate político: o “sincericídio” de Cid Gomes, o republicanismo de Marconi Perillo e a guinada do PMDB, demonstrada pela entrevista do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, no programa Roda Viva, da TV Cultura, onde, com todas as letras, disse que “FHC abriu as porteiras da corrupção na Petrobras”.

Nem o cantor e ex-deputado Agnaldo Timóteo aguenta mais a cantinela golpista do senador Aécio Neves (PSDB). Timóteo criticou duramente o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, ao falar sobre os protestos contra o governo realizados no domingo 15. Ele deu as declarações no programa Sábado Total, da Rede TV:

– “Esse playboyzinho de Copacabana e Ipanema está agindo como moleque. Esse moleque que governou Minas Gerais quer que o País pegue fogo. Eu não quero, eu não quero que meu País pegue fogo”, atira.

O radicalismo da dupla Aécio-FHC também está incomodando cada vez mais o setor empresarial, prefeitos e governadores que já temem a paralisação da economia com a onda de protestos incentivada pelos carbonários do golpismo.

As declarações do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) durante a visita da presidenta Dilma Rousseff (PT) a Goiânia, na última quinta-feira, 19, expressam o sentimento de quem tem compromisso com a governabilidade e com o próprio mandato.

– “Reconheço o trabalho que a presidente Dilma Rousseff fez pelo Estado de Goiás. Nunca neguei isto, os goianos são gratos pela ação da presidência!” Emendando a assertiva, o tucano ressalta:

– “Venho como governador legitimamente reeleito receber uma presidente legitimamente reeleita e que terá meu apoio a sua governabilidade”.

A guinada de Marconi Perillo, conforme registrou a colunista Tereza Cruvinel, no portal Brasil247, o coloca no cenário nacional, entre os possíveis candidatos do PSDB à sucessão de Dilma Rousseff. Tereza avalia que “em algum momento o PSDB terá que trocar a espada pelo florete, como fez o PT radical do passado para eleger Lula em 2002. Em algum momento o Brasil se cansará da guerrilha política e das hipocrisias”.

Neste aspecto, Tereza entende que o discurso de quinta-feira do governador de Goiás, que, embora tenha sido pressionado por setores do PSDB, participou de um ato ao lado da presidente Dilma Rousseff e combateu de forma veemente a “intolerância”; “Perillo vem se distinguindo pela moderação e a responsabilidade institucional num PSDB cada vez mais sectário, liderado por Aécio Neves”, frisa. Ou seja, a fila do PSDB não tem apenas Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. Marconi Perillo também entra no seleto clube dos presidenciáveis tucanos.

“Sincericídio”


Nunca uma demissão foi tão gloriosa. E “nunca antes na história deste País” falar a verdade foi tão importante. As declarações sem papa na língua do ex-ministro da Educação Cid Gomes foram um jato de detergente, limpando a hipocrisia imperante no Congresso Nacional. Intimado pelo presidente da Câmara Federal para se desculpar de sua declaração, sobre achacadores na Câmara, dirigiu-se ao presidente Eduardo Cunha, com o dedo em riste, e bradou: “Eu fui acusado de mal-educado (por Cunha). O ministro da Educação é mal-educado. Pois muito bem: prefiro ser acusado por ele (Cunha)de mal educado do que ser acusado de achaque”.

Cid Gomes caiu do ministério. Mas seu conceito subiu às alturas. Mais: abriu caminho para o retorno à cena política do irmão, o ex-governador e ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes.

Durante a crise do mensalão, em 2005, Ciro Gomes, então ministro da Integração Nacional, foi linha de frente na defesa do presidente Lula. Ciro estava no PSB, e por muito tempo foi visto como “Plano B” de Lula. O presidente deu a volta por cima. Foi reeleito. E o “Plano B” para 2010 acabou sendo a ministra do Gabinete Civil, Dilma Rousseff. Mas nestes tempos de enfrentamento com os plutocratas tucanos de Minas Gerais e São Paulo, o cearense de Sobral é “madeira de dar em doido”. Ciro Gomes já saiu vitorioso em vários enfrentamentos com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) e com o ex-governador José Serra (PSDB-SP). Conhece bem a ambos, pois já foi do PSDB, no governo do presidente Itamar Franco (PMDB-MG), quando substituiu Rubens Ricupero (que caiu no “Escândalo da Parabólica), na condução do Plano Real. Caso Dilma e o ex-presidente Lula não consigam sair das cordas, Ciro, com sua capacidade de desmascarar canalhas e enfrentar desafios de peito aberto, pode ser o nome para 2018.

PMDB Rio 2016


Desde a candidatura do ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP) em 1994 que o PMDB não se apresenta na disputa presidencial. Esta ausência pode acabar em 2018, e o nome do partido está definido: é o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. De tucano empedernido na “CPI do Fim do Mundo (mensalão)” em 2005, Paes se tornou parceiro de Lula e Dilma nos anos posteriores. Reeleito prefeito da capital fluminense, passou no teste da Copa do Mundo e encara o desafio das Olimpíadas do Rio em 2016.

Paes é jovem, faz uma boa gestão no Rio de Janeiro, que – graças a investimentos bilionários dos governos de Lula e Dilma – , pode ser chamado novamente de Cidade Maravilhosa. Eduardo Paes tem o que mostrar. O Rio é um canteiro de obras. Sua aprovação é alta. E o partido tem o vice-presidente, Michel Temer, e os presidentes da Câmara Federal, Eduardo Cunha; e do Senado, Renan Calheiros. Com tanto espaço no poder, por que os peemedebistas iriam derrubar Dilma Rousseff para colocar o playboy das areias do Leblon na presidência, ao invés de colocar um carioca legítimo? Com Aécio em evidência, o PMDB se tornaria mero apêndice do PSDB, ao passo que com o enfraquecimento do PT, o partido pode voltar a sonhar com um candidato próprio, e desta vez, viável eleitoralmente.

Nas contas de luas-pretas peemedebistas, Paes caminha para a presidência e Eduardo Cunha para o Palácio das Laranjeiras. E enquanto o PSDB, sob a tutela de Aécio e FHC, quer parar o País, quebrar a Petrobrás, arrebentar as empreiteiras e desempregar milhões de trabalhadores, Paes e Cunha têm discurso oposto: manter empregos, salvar empresas, ah, é claro, combater a corrupção.

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