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Empreiteiras envolvidas trabalham em Goiás

As empresas envolvidas no escândalo provocado pela Operação Lava Jato já emitem sinais de dificuldades financeiras e fomentam especulações sobre os rumos após as denúncias. Gigantes da construção civil no Brasil e que operam em muitos outros países espalhados pelo mundo têm ramificações em Goiás também e estão na mira do Ministério Público Federal e da Justiça.

A primeira grande a apresentar sinais de estrangulamento financeiro foi a Galvão Engenharia, do Grupo Queiroz Galvão, que tem explora a concessão da Rodovia BR-153 entre Anápolis e Aliança do Tocantins em um contrato de cerca de R$ 4 bilhões. A duplicação da rodovia e instalação de praças de pedágio, além da exploração dos serviços no trecho.

Em março desse ano, o presidente da empresa, Dario de Queiroz Galvão Filho, foi preso por ordem do juiz Sérgio Moro, que lhe atribuiu a pecha de ser “efetivo mandante do sistema de pagamentos de propina”. Dario conseguiu um habeas corpus e saiu da cadeia, mas responde a ação penal por corrupção ativa, formação de cartel e formação de quadrilha.

O resultado prático da Lava Jato sobre a empresa foi que a Galvão Engenharia pediu recuperação judicial para duas empresas do grupo: a própria Galvão Engenharia e a Galvão Participações. Outras subsidiárias ficaram de fora, mas colocaram a língua pra fora. É o caso da Concessionária de Rodovias Galvão BR-153 que começou a demitir e informou não ter disponibilidade de dinheiro para a duplicação, expansão e melhorias. Cerca de 360 funcionários contratados para tocar a obra e 187 foram demitidos logo em seguida, após a prisão do poderoso chefão da empreiteira. Para administrar os 624 quilômetros da rodovia a Galvão estimava investir R$ 4,6 bilhões, mas sem acesso a crédito e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de torneiras fechadas a coisa complicou. O impasse age contra a Galvão, porque pelo contrato de concessão a empresa só pode começar a cobrar pedágio após comprovar duplicação de no mínimo 10% da obra. Sem dinheiro e sem crédito, a empresa pode passar a concessão adiante, comenta-se no mercado de engenharia.

A Queiroz Galvão, pioneira do grupo, trabalha também na Ferrovia Norte Sul, nesse prolongamento que vai de Ouro Verde de Goiás até Estrela D’Oeste, no interior de São Paulo. Junto com ela estão outras igualmente envolvidas até o pescoço de seus diretores na Operação Lava Jato, como é o caso de Constran/UTC, do delator Ricardo Pessoa, que incendiou meio mundo da construção civil ao revelar todo o esquema de corrupção, cartel e propinas na Petrobras e outros setores do setor público.

Ferrovia

A Andrade Gutierrez também é outra gigante que belisca contratos milionários em Goiás. Sua atuação junto com as outras construtoras envolvidas na Lava Jato se estendeu à Ferrovia Norte Sul, em um trecho de 76,33 quilômetros é emblemática e também está na mira do Ministério Público Federal sob suspeita de superfaturamento dos preços e pagamento de propina para o ex-presidente da Valec, Juquinha das Neves, preso em 2012 por estripulias nas obras da FNS.

Essa mesma Andrade Gutierrez queria muito fazer o BRT, obra da Prefeitura de Goiânia, sendo um corredor de 21,8 quilômetros de corredor exclusivo para ônibus que ligará a divisa com o município de Aparecida de Goiânia até a Avenida Goiás Norte. A construtora tentou muito conseguir o contrato, mas foi vencida pelo jogo limpo do consórcio que ganhou a licitação.

Há uma empresa pouco conhecida nessa relação de enroladas na Lava Jato e que está em Goiás, mais precisamente em Aparecida de Goiânia. A Estre Ambiental faz a limpeza urbana e coleta de lixo em Aparecida. Sua relação com a Lava Jato já é conhecida por sua ligação com o Banco BTG Pacutal e foi delatada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele contou que recebeu um “agrado” de quase R$ 8 milhões da Andrade Gutierrez e da Estre. Essa última faz o tratamento de resíduos industriais da Petrobras na maioria das unidades industriais, inclusive em refinarias símbolo da corrupção, como Abreu e Lima e Duque de Caxias. Wilson Quintela Filho, representante da Estre Ambiental despachava o dinheiro via Fernando Baiano, o operador-mor do PMDB na Lava Jato.

Mas, a maior e mais atuante dessas gigantes empreiteiras é também a mais interessada em negócios em Goiás. A Construtora Odebrecht fincou os pés firmemente em terras goianas e dá sinais de querer ampliar seu raio de ação. Ela arrematou a subconcessão de água e esgoto de Aparecida de Goiânia, Trindade, Jataí e Rio Verde com uma previsão de investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. A subconcessão é de 28 anos e a empresa tem compromisso de levar água tratada para 90% da população atendida em seis anos. Concorrentes chegaram a colocar sob suspeita a vitória da Odebrecht nessa licitação e cogitaram levar ao Ministério Público detalhes não muito republicanos que tinham conhecimento sobre a empresa.

A Odebrecht trabalhou também com muita força para beliscar a concessão de estradas estaduais e participou da elaboração do Procedimento de Manifestação de Interesse para esse fim. Sua atuação chegou também ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

O destino dessas empreiteiras e os serviços que desenvolvem em Goiás passará obrigatoriamente pela condução da Operação Lava Jato e por pretensos acordos de leniência que estão sendo entabulados com o Tribunal de Contas da União sob vigilância estrita do Ministério Público Federal. A chegada do segundo semestre agita as especulações e é ponto pacífico que muita coisa ainda poderá sair da Lava Jato.

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