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POLÍTICA

PMDB resolve pendências a bala

 Paulo César Martins dissolve conferência de atas com violência, segurança dispara tiro para cima e caso vai parar na polícia.


O deputado estadual do PMDB, Paulo César Martins, colocou termo em uma atividade que havia na sede do diretório estadual do partido na noite de quarta-feira com safanões e até um tiro em recinto fechado. As cenas de violência foram registradas em um telefone celular que o deputado tomou da mão de um integrante do outro grupo, mas no áudio que foi divulgado fica clara a confusão gerada pela ação do parlamentar.

Além de Paulo César Martins outra figura de expressão do partido protagonizou o ocorrido. O presidente do PMDB Jovem, Pablo Rezende comandava o grupo que vistoriava documentos referentes a comissões provisórias municipais e diretórios e a ação tem versões apresentadas pelos dois grupos. O primeiro, em que figura Paulo César Martins, apoia o deputado federal Daniel Vilela como candidato a presidente do Diretório Estadual do PMDB. O outro, em que milita Pablo Rezende, está integrado à candidatura do ex-prefeito Nailton de Oliveira para presidir o partido.

Após a confusão os integrantes do grupo foram com Pablo Rezende para a Central de Flagrantes da Polícia Civil e o deputado já estava lá para fazer pressão no grupo e tentar demovê-los da iniciativa. “Registrei a ocorrência para garantir que ele não fique impune mais uma vez por esse ato de truculência, vou requerer medida restritiva para garantir que ele não se aproxime de mim pois me ameaçou e vou pedir a expulsão dele ao Diretório Estadual”, garantiu Pablo Rezende.

O centro da discórdia que gerou a cena de violência do deputado e o tiroteio que ele e seu segurança protagonizaram são atas de registro de comissões provisórias com convenções e outras atividades que estavam na sede do Diretório. No local estava se encerrando uma reunião do Diretório Metropolitano e as versões são coincidentes: o presidente do diretório municipal, deputado Estadual Bruno Peixoto e o advogado Ênio Salviano, membro do Conselho de Ética. Ambos afirmaram que suspeitas de adulteração nas atas levaram à conferência que Pablo Rezende fazia nos documentos.

Segundo Pablo Rezende eles receberam denúncias de que atas de convenções foram fraudadas para beneficiar Daniel Vilela. Eles conseguiram autorização do presidente da Comissão Provisória, deputado Pedro Chaves, para conferir a documentação e tirar cópias para garantir a lisura da disputa pelo diretório. Entretanto, alguém avisou ao deputado Paulo César Martins que as atas fraudadas estavam sendo descobertas e copiadas e ele foi para a sede já disposto a parar com a investigação a qualquer preço.

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     Gritaria


O áudio divulgado pelos acompanhantes de Pablo Rezende é claro quando o deputado chega e diz para que eles deixem a conferência para o dia seguinte. “Vamos fazer isto, numa boa”, exorta o deputado. Como o grupo reluta em sair do recinto e entregar os documentos ele insiste para que a investigação fosse interrompida, já alterando a voz. Eles argumentam que tiveram autorização do presidente Pedro Chaves e que a secretária do partido, Hellen, os acompanha para garantir que nada seria subtraído.

Nisso o deputado parte para a ação violenta, desliga computadores das tomadas, arranca fios, toma papeis a força das mãos das pessoas e começa a baderna. Alguns gritam para que fosse filmada a ação do deputado e quando Paulo César vê que está sendo filmado corre para tomar o celular das mãos de quem o flagrava na ação truculenta. Pablo Rezende e outros tentam conter o deputado que já de posse do celular o quebra entre as mãos para apagar o registro em vídeo. Ato seguinte seu dublê de motorista e segurança sobe correndo as escadas e ao chegar à sala onde o pugilato se desenvolvia saca a pistola e dispara para o alto. O resultado foram camisas rasgadas, unhadas e alguns presentes trêmulos com a confusão e o tiro. Pablo ainda gritou dizendo que iria procurar o Diário da Manhã, para denunciar a truculência do deputado e tentar cessar as agressões do parlamentar brigão.

Bruno Peixoto, um deputado sempre conciliador, avalia que faltou comunicar previamente ao colega de bancada que o grupo tinha autorização para conferir os documentos. “Foi a maior briga que eu já presenciei em um partido político”, lembra ele. Ele concorda que o que Pablo Rezende pretendia era conferir atas porque algumas estava realmente irregulares. “Profundamente lamentável e isto não pode acontecer”.

Outro deputado estadual do PMDB que pede para não ser identificado ao emitir essa opinião lembrou que Paulo César Martins sempre apresentou “desequilíbrios como esse” e brinca com a situação dizendo que se houvesse um teste psicotécnico para ser deputado ele seria reprovado sumariamente. “O deputado Paulo César sempre prega respeito às decisões da maioria, mas quando ele perde uma votação ele quer descumprir integralmente o que foi decidido”.

O deputado federal Daniel Vilela, candidato a presidente do PMDB, lamentou o ocorrido e culpa o grupo de Nailton, comandado por Pablo Rezende, pela desavença. Daniel acusa o grupo de furtar cerca de 50 atas de convenções de diretórios municipais, todas em que ele teria ampla maioria, com destaque para Aparecida de Goiânia e Jataí, cidades em que ele tem notória hegemonia.

O advogado Ênio Salviano, que estava na reunião e viu a chegada do deputado concorda que o grupo liderado por Pablo Rezende copiava atas irregulares que poderiam macular a convenção do partido. Salviano condena veementemente a ação do deputado e defende que o presidente da Comissão Provisória, deputado Pedro Chaves, instaure de ofício um processo ético-disciplinar para punir a atitude do deputado Paulo César Martins.

O ex-prefeito Nailton de Oliveira disse que estava visitando correligionários na região do Entorno de Brasília e só ficou sabendo do ocorrido quando voltou para Goiânia. Ele disse lamentar profundamente “a cena desagradável e anti-democrática” e reiterou ter confiança na vitória pelo diretório.

A reportagem procurou o deputado Paulo César Martins para que ele se pronunciasse sobre as agressões e o tiroteio. Sua assessoria disse que ele divulgaria uma nota sobre o caso, o que não ocorreu até o fechamento da edição.

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