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Lula diz à PF desconhecer que filho receberia R$ 2,5 milhões

BRASÍLIA – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em depoimento à Polícia Federal que seu filho Luis Cláudio Lula da Silva não o informou com antecedência que receberia R$ 2,5 milhões de uma empresa do lobista Mauro Marcondes Machado, preso por suspeita de envolvimento em esquema de compra de medidas provisórias. “Não houve qualquer contato do Luis Claudio com o declarante quando da contratação por parte da Marcondes e Mautoni”, diz trecho do interrogatório transcrito pela PF. O depoimento foi prestado no dia 6 e foi anexado a um inquérito da Operação Zelotes que tramita na Justiça Federal.

Na mesma ocasião, Lula negou ter recebido lobistas durante seu mandato. “Nunca foi procurado por lobistas das SGR Consultoria Empresarial e da Marcondes e Mautoni Diplomacia Corporativa para tratar de interesses da MMC ou CAOA junto ao governo ou para tratar de prorrogações de incentivos fiscais através de medidas provisórias”, diz o documento. “Que na verdade o declarante faz questão de registrar que não recebia lobistas, porém mantinha diálogos com associações, sindicatos e representantes de classes”, conclui a PF.

Os pagamentos a Luis Cláudio ocorreram entre 2014 e 2015. No mesmo período, a empresa do lobista obteve R$ 16 milhões de duas empresas automotivas interessadas em medidas provisórias para o setor. Lula foi indagado se os pagamentos feitos a Luis Cláudio eram algum tipo de contraprestação por serviços prestados pelo ex-presidente à empresa Saab, que venceu a concorrência para a compra de caças para a FAB. Lula disse que isso era “um absurdo” e negou ter atuado nesse sentido. A PF também perguntou se os pagamentos tinham sido feitos em troca da elaboração de medidas provisórias. Segundo Lula, essa hipótese era “um outro absurdo”.

A PF também questionou o depoente sobre texto encontrado no computador da empresa de Marcondes com o seguinte teor: “A MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o govenador Eduardo Campos (morto em 2014)”. O ex-presidente negou a informação e disse que esse tipo de negociação “é coisa de bandido”.

LULA DIZ QUE NEGOU PEDIDOS QUANDO ERA PRESIDENTE

O ex-presidente negou ter sido alvo, durante o mandato, de “qualquer tipo de proposta indevida ou vantagem financeira para que propusesse alguma medida provisória e que ninguém teria coragem de lhe fazer uma proposta dessa”. Ele explicou que as medidas provisórias “podem surgir de uma demanda do próprio governo ou de uma proposta advinda de algum setor da economia”. E que, em todos os casos, “são dirigias aos ministérios diretamente envolvidos ou interessados para estudos da viabilidade econômica e jurídica”.

Lula disse à PF que acredita que seu filho tenha procurado Marcondes para negociar patrocínio para seu projeto na área de futebol americano. E que, pelo que sabe, Luis Claudio foi contratado pela empresa do lobista para realizar estudos na área do esporte.

O ex-presidente também afirmou que, quando ocupava a principal cadeira do Palácio do Planalto, negou pedidos feitos por Marcondes. O ex-presidente também negou que o lobista tenha prestado qualquer serviço às suas campanhas eleitorais ou realizado doações financeiras. Lula também disse “que nunca indicou potenciais clientes ao seu filho Luis Claudio, como também ele nunca lhe pediu”. E que nem ele, nem o Instituto Lula “mantiveram qualquer tipo de relacionamento financeiro com as empresas LFT Marketing Esportivo ou a Touchdown Promoção de Eventos Esportivos, das quais seu filho é sócio”.

Lula explicou que, quando era presidente, cabia a seu então chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, “fazer um filtro dos pedidos que chegavam ao presidente”. E que, certa vez, Carvalho encaminhou uma carta de empresários suecos na qual Mauro Marcondes pedia o agendamento de uma audiência com Lula para tratar de investimentos de empresas suecas no Brasil.

O ex-presidente prestou depoimento ao delegado da Polícia Federal Marlon Cajado e foi acompanhado dos advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin Martins, Luiz Carlos Sigmaringa Seixas e Nilo Batista.

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