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POLÍTICA

‘Brasil é barril de pólvora à beira de uma explosão’

  • Com um exército de 200 mil trabalhadores sem-teto, MTST está organizado em 12 Estados e consolida-se em Goiás
  • Multidão fez acampamento durante 22 dias na Avenida Paulista, São Paulo, e arrancou 35 mil moradias populares
  • Com MST, CUT, Frente do Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular, o movimento deflagrará greve geral dia 28
  • Filósofo, especialista em Psicologia e mestre em Psiquiatria, Guilherme Boulos, 34 anos, quer derrubar reformas nas ruas

- O Brasil, hoje, é um barril de pólvora à beira da explosão!

É o que afirma o filósofo, especialista em Psicologia e mestre em Psiquiatria, Guilherme Boulos, 34 anos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, uma organização instala em 12 estados do Brasil, inclusive em Goiás, e que mobiliza, hoje, um exército de 50 mil famílias e de até 200 a 250 mil pessoas. Com uma agenda radical.

- O MTST ficou 22 dias acampado na porta do Escritório da Presidência da República, em São Paulo, e obteve como conquista a construção de 35 mil casas populares.

De linhagem marxista, com tempero tropical, que ele classifica como o sabor da realidade política e social brasileira, ele anuncia a deflagração, dia 28 de abril de uma greve geral contra as medidas liberais anunciadas pelo presidente da República, Michel Temer [PMDB- SP]. A referência é em relação à terceirização e às reformas da Previdência Social e Trabalhista.

- Uma regressão de direitos.

A proposta de mudança na legislação trabalhista é o sepultamento da CLT. A Consolidação das Leis do Trabalho, uma herança do nacional-estatismo de versão trabalhista inaugurado por Getúlio Vargas. Não custa lembrar: o ‘Pai dos Pobres’, como era chamado o gaúcho de São Borja, deixou, como legado, uma rede de proteção social ampliada pela Constituição de 1988

- Michel Temer quer liquidar três pactos...

Guilherme Boulos informa que o Palácio do Planalto quer acabar com o denominado ‘Pacto Lulista’. Dos programas sociais, como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Ciências Sem Fronteira, PróUni, cotas sociais e raciais, assim como o pacote de gordos investimentos públicos nas áreas social, Saúde, Educação, Habitação Popular e de Infraestrutura, atira.

- O segundo Pacto é o estabelecido pela Constituição federal, promulgada em 5 de outubro de 1988.

Herança de Vargas

O terceiro que aponta é o Pacto Varguista. Trata-se de um programa de terra arrasada, define. Liberais, as reformas serão barradas apenas com a mobilização das ruas, dispara. Um bom sinal é que o clima das ruas começou a mudar, observa o carbonário dos movimentos sociais. “As manifestações de 15 e 31 de março foram as mais expressivas dos últimos tempos”, crê.

- As manifestações Pró-Michel Temer estavam vazias, já que perderam a credibilidade.

O filósofo acredita que o ‘jogo’ começou a virar. O que permitirá construir uma greve geral nacional, metralha. Michel Temer não foi eleito, há, hoje, uma escala conservadora em movimento, a execução de um programa neoliberal, em 2016 e 2017, não aprovado pelas urnas, um período de grave retrocesso, de direitos e da democracia no Brasil, fuzila.

- O MTST condena o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, o desmonte da Previdência, a tentativa de rasgar a CLT...  Um retrocesso de décadas!

Democracia direta

Radical em defesa da democracia, o líder do MTST diz que o Brasil quer uma Reforma Política que extermine com a lógica do financiamento privado, que abre as portas para o mercado privado abocanhar recursos públicos e estabelece relações promíscuas com o poder público. Democracia direta, participativa, conceitua. O que querem aprovar é uma contrarreforma, diz.

- O que existe, hoje, é um executivo sem legitimidade, com 90% de rejeição, e um Congresso Nacional com ausência de autoridade moral! Com uma casta envolvida até o pescoço em corrupção.

O coordenador nacional do MTST frisa que onde há capitalismo existe corrupção, não apenas no Brasil. A corrupção corre solta nos Estados Unidos, insiste. Lobbies, registra. O combate à corrupção deve ser uma cruzada contra um modelo de sociedade, onde os grandes interesses econômicos, do capital, prevalecem sobre o poder público e contra os trabalhadores, afirma.

- O caminho para acabar com a corrupção no Brasil é a Reforma Política Democrática. O fim da lógica do financiamento empresarial, das relações patrimonialistas.

Público e privado

Para se ter uma noção, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles [GO], é ex-presidente do BankBoston, um ‘homem do mercado’, ironiza. O ministro da Saúde de Michel Temer, Ricardo Barros [PP], teria sido financiado por empresas e planos de saúde privados, denuncia Guilherme Boulos, ‘enfant terrible’ das lutas de classes no Brasil e na América Latina.

- É a porta-giratória. Promiscuidade de interesses.

Protagonista no cenário político e social de 2017, ele recusa o discurso de corte udenista. A narrativa moralista que não muda a lógica do sistema, conceitua. É estupidez, ingenuidade e malandragem, sintetiza. É a velha história de que é necessário mudar para que tudo permaneça como está, reage, em tom de indignação, ao pensamento único dos conglomerados de mídia

- O MTST continua mobilizado para o enfrentamento contra as reformas da Previdência Social e Trabalhista!

A organização, independente, surgiu no ano turbulento de 1997. Época da privataria tucana. Privatizações, concessões, destruição de direitos. Anos de gestão do príncipe dos sociólogos, o tucano Fernando Henrique Cardoso. Guilherme Boulos, um ex-comunista do barulhento PCB refundado pós-1992, ingressou em seus quadros já no ano de 2001. Era de crise também.

Destruição do direito

O juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, já demonstrou que pode tudo, atira. Até rasgar a Constituição Federal, anota. Um homem que vaza informações sigilosas, provoca. Manda prender de forma supostamente ilegal, registra. É responsável por conduções coercitivas absurdas, reage. Nada me surpreende mais, frisa o filósofo e mestre em Psiquiatria.

- Luiz Inácio Lula da Silva, contra quem não há provas consistentes, pode ser preso. Sérgio Moro pode chegar a esse despautério. Nada me surpreende. Nada me surpreende...

O ‘band leader’ do MTST acha que existe uma diferença entre investigação criminal e presunção antecipada de culpa, além de linchamento moral e midiático, produzidos pelo juiz federal Sérgio Moro, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Operação Lava Jato. A Lava Jato comete arbitrariedades, ilegalidades gritantes, põe a boca no trombone o dirigente.

- É possível, sim, combater a corrupção sem cometer ilegalidades.

A construção de uma frente ampla e de esquerda, no Brasil, tem que ser pautada pela resistência às reformas da Previdência Social, Trabalhista e ao desmonte do estado Nacional, acredita. A esquerda, com essa agenda, já está unida, crê. Daqui até o ano de 2018 tem uma década pela frente, diz. O que pode ocorrer é imponderável, avalia.

Michel Temer quer liquidar três pactos: Varguista, Lulista e da Constituição de 1988

O que existe, hoje, é um executivo sem legitimidade, com 90% de rejeição, e um Congresso Nacional com ausência de autoridade moral.

Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST

Perfil

Nome: Guilherme Boulos

Idade: 34 anos

Formação: Graduação em Filosofia, especialização em Psicologia e mestrado em Psiquiatria

Ideologia: Marxista

Entidade: MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem – Teto]

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