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POLÍTICA

Caiado no PMDB?

Ainda é muito cedo para avaliar o estrago das delações dos dirigentes da Odebrecht no meio político em Goiás. Mas é certo que quem foi denunciado teve a imagem chamuscada. Como diz o próprio presidente da Odebrecht, Emílio Odebrecht, “todo mundo sabia que existia (caixa dois), por que só agora o espanto”?
A comoção com as revelações contidas na Lista da Odebrecht vem fazendo estragos nas redes sociais na biografia daqueles que foram alvo das delações. Prejuízo para uns, vantagens para outros. O senador Ronaldo Caiado (DEM) não foi incluído (ainda) em nenhuma lista de delações da Lava Jato. E talvez por estar passando ao largo desta crise, pode vir a ser beneficiado na disputa pelo apoio do principal partido de oposição em Goiás, o PMDB, que teve os seus principais líderes incluídos em delações da Odebrecht: Iris Rezende (prefeito de Goiânia), Daniel Vilela (deputado federal) e Maguito Vilela (ex-prefeito de Aparecida de Goiânia).
É certo como dois mais dois são quatro que o PMDB não abre mão de lançar um quadro filiado ao partido para ser o candidato a governador em 2018. Isto é quase um dogma na legenda. Mas nada impede que um nome que se filie ao partido venha a ser ungido pela legenda. Esta é uma hipótese que não pode ser descartada e interessa diretamente a Ronaldo Caiado.
Nada impede que Daniel Vilela saia mais forte do atual imbróglio que atinge não somente ele, mas quase dois terços do Congresso Nacional, afinal, a prática do caixa dois é largamente utilizada por todos os candidatos a cargos majoritários, sejam prefeitos, governadores, senadores ou presidente da República. É o pecado original da política, onde ninguém pode jogar a primeira pedra.
Recomeço
Mas a população está a cobrar uma conduta ética dos seus representantes no Legislativo, no Executivo e também no Judiciário. Caiado, assim como outros políticos com pretensões à governadoria, pode se beneficiar do discurso de que não está maculado com as denúncias. É o caso do ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PSB) ou do ex-prefeito de Anápolis Antônio Roberto Gomide (PT) ou da senadora Lúcia Vânia (PSB). Mas bastará apenas não estar na lista da Odebrecht para viabilizar a candidatura ao governo de Goiás em 2018? Provavelmente não. É muito simplista o pensamento de membros do Ministério Público, da magistratura e de setores da mídia de que a implosão do sistema político fará nascer uma nova era de virtudes na política. Sobre isto, vale a pena ouvir o desabafo no site GGN do jornalista e especialista em economia Luis Nassif:
“O que se viu na Lava Jato, nas listas de (Rodrigo) Janot (procurador-geral da República) e de (Edson) Fachin (ministro do STF))é um dos episódios mais dantestos da história deste País. Somente um país com as instituições em frangalhos isto pode acontecer. É no vácuo destas instituições, de um Executivo que não existe mais, que o Ministério Público se transformou numa força cega, sem nenhuma responsabilidade institucional. Mais à frente, se houver uma nova Constituinte, terá que se rever o papel do Ministério Público. Em qualquer país minimamente organizado, haveria a demissão imediata do procurador-geral da República pelo que ele fez: pegou um conjunto de delações, transformou em pedidos de inquéritos – e inquéritos não significam nada entre si -, jogou isto na imprensa, jogou em Jornal Nacional comprometendo todo o mundo político. Práticas que existiam há 30 anos e misturou tudo. Misturou corrupção propriamente dita com processos de manipulação de licitações com meros financiamentos de campanha”, critica.
Nassif vai mais além
“É evidente que tem que se apurar as irregularidades, mas a maneira como foi feita foi para deixar o País de joelhos diante do Ministério Público e ante o procurador-geral. Com os inquéritos – que não são denúncias ainda –, fica o País e todo o mundo político à mercê dele. Ele protege quem ele quiser, porque ele controla o ritmo dos inquéritos de quem tem foro privilegiado, parlamentar que ousar colocar o pescoço para fora leva chumbo. Isto não existe em nenhum país do mundo!”, adverte.
Luis Nassif observa que não há em nenhum país do planeta a submissão de todos os demais poderes da República ao Ministério Público. Ele lembra que nos Estados Unidos, para garantir a governabilidade, os procuradores são de nomeação direta do presidente da República e podem ser demitidos a qualquer momento. No Brasil o MP virou um poder acima dos outros poderes. “E o que ele (MP) tem a oferecer? Acaba o mundo político, acabam com os governadores, compromete-se todos os ex-presidentes da República, compromete todo o mundo político e o que vocês (MP) têm para oferecer no lugar? Prisões continuadas? Manipulação de denúncias? Um penalismo absurdo que está destruindo empresas? Como é que se vai governar o País? Vai ter uma República de Procuradores e da Rede Globo? Esta promiscuidade com a Rede Globo que fez com que vocês (procuradores) abdicassem da responsabilidade de apurar os escândalos da Fifa. Se submeteram a juízes de primeira instância para não enviar estas denúncias para a Fifa, numa parceria que depõe contra toda a história do Ministério Público”, denuncia.
A bola ainda está com o Ministério Público, com o procurador-geral Rodrigo Janot, com o juiz Sérgio Moro e com a Rede Globo. Mas a política é feita de políticos. E assim como o povo (ainda) não elege procuradores e juízes e sim deputados e govenadores, 2018 vai ter que ser discutida nos marcos da política.
Caiado pode se beneficiar de uma eventual denúncia contra os caciques do PMDB, mas para ser eleito governador terá que contar com os votos dos peemedebistas, portanto, terá que jogar pelas regras da política e não pelas regras da Globo e da República de Curitiba.

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