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POLÍTICA

Aldo Arantes quer rigor contra vândalos

A voz da sensatez e da experiência falou pela boca de Aldo Arantes. Em artigo intitulado “Lições a se tirar da Marcha a Brasília”, publicado no site do PCdoB, o ex-deputado federal goiano analisa positivamente a manifestação recente em Brasília, organizada pelas Centrais Sindicais levando como palavras de ordem “Fora, Temer” e “Diretas já”. Segundo Aldo, “a Marcha a Brasília revelou importante crescimento da resistência popular ao ilegítimo governo Temer”.

Mais de 200 mil trabalhadores acorreram à capital do País para lutar contra as reformas trabalhista, previdenciária e pelas “Diretas Já”. Foi o desdobramento da greve geral que, em abril, mobilizou milhões de pessoas em todo o País. Segundo Aldo, “tais atos confirmam o que as pesquisas revelam: 95% do povo brasileiro se expressa contra o governo antipopular e mais de 75% se manifestou contra as reformas propostas.

É preciso, contudo, avançar, insiste Aldo. “A continuidade da luta exige a incorporação crescente de milhões de brasileiros. A união de amplas camadas do povo em defesa da democracia, contra as antirreformas e pelas “Diretas Já”, é essencial para barrar a onda conservadora que tomou conta do País”, escreve ele.

Segundo Aldo, as manifestações de Brasília foram pacíficas. Mas um pequeno grupo de provocadores passou a depredar bens públicos. “As forças de segurança, de forma conivente, nada fizeram para isolá-lo dos manifestantes. E a grande mídia se aproveitou das provocações para tentar confundir a opinião púbica procurando esconder a dimensão do protesto com uma exposição do fato de forma massiva e repetitiva. Com isto procurava colocar a responsabilidade das depredações nos participantes da marcha”.

Embora as centrais sindicais tenham sido enfáticas na condenação aos atos de depredação e de reiterar o caráter pacífico da manifestação, mesmo sem comprovar que os organizadores eram responsáveis por tais atos, a Procuradora Geral da República anunciou que irá cobrar judicialmente das centrais o valor correspondente aos prejuízos, que Aldo considera “mais uma medida de criminalização dos movimentos sociais.”

Aldo assinala que as centrais têm dado pouca importância ao significado político das depredações. “Talvez esta subestimação decorra de outra que é a subestimação da força do adversário”, repara Aldo. Eis a sua avaliação da conjuntura: “É evidente que o ilegítimo governo Temer está totalmente fragilizado. Todavia o mesmo não se pode dizer das bases de sustentação do projeto neoliberal no País. Como é sabido, compõem este arco de aliança os grandes empresários nacionais e estrangeiros, a grande mídia, setores do Judiciário e do Ministério Público. Se isto não bastasse, contam hoje com o apoio de importantes segmentos da sociedade, sobretudo das camadas menos politizadas da sociedade e de setores médios da população, enganados com a falsa campanha contra a corrupção”.

Aldo nota, de forma aguda, que os atos de depredação, sobretudo a dimensão destes dada pela mídia, afasta a classe média da campanha anti-Temer. Depois das revelações de Joesley Friboi, aumentou de forma ainda mais dramática o mal-estar da classe média em relação ao atual governo. Um sentimento fundo de frustração, de desencanto, tomou conta dos batedores de panela. De um modo geral, pelo que se vê, em pequena amostra, doque aparece nas redes sociais, a classe média está se sentindo roubada, trapaceada por aqueles a quem deu sustentação política há um ano.

Para Aldo, que nunca foi sectário e sempre procurou ser realista em política, “a questão mais importante para a luta atual é retomar a hegemonia política na sociedade através da reconquista de vastos segmentos perdidos no curso da ofensiva pelo impeachment. Avalio que para uma análise mais precisa sobre a importância das depredações devemos nos perguntar se elas prejudicam ou não a reaproximação dos setores que foram ganhos pela direita”.

Para Aldo Arantes, é evidente que tais atos distanciam as grandes massas das mobilizações não só porque discordam como também porque ficam intimidados com a repressão. “E isto só interessa à direita”, diz.

A história é velha 

A ação de agentes provocadores em manifestações populares é tática manjada do reacionarismo. Quando não são policiais disfarçados de manifestantes, são militantes de grupos extremistas de direita. A direta, diz Aldo, “se infiltra nas manifestações para tumultuá-las visando jogar a opinião púbica contra os manifestantes. A imprensa alardeia os acontecimentos e joga a culpa sobre os organizadores do movimento”.

A esquerda não pode e não deve ter uma atitude condescendente em relação aos provocadores. Não tem o direito de ser ingênua. Daí o veterano militante comunista exigir mais firmeza dos que dirigem as manifestações.

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