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Graciliano Ramos

O alagoano do século

Thammy,Da editoria DMRevista

“Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões”, essa frase foi dita pelo grande escritor brasileiro Graciliano Ramos. Apaixonado pelas palavras, Ramos marcou a história do nosso País como um fantástico romancista, cronista, contista, político e jornalista. Hoje completam-se 62 anos desde sua partida, mas Graciliano ainda ocupa um importante espaço na história da literatura brasileira.

O escritor nasceu no sertão de Alagoas, na cidade de Quebrangulo, no dia 27 de outubro de 1892. Filho primogênito de Sebastião e Maria Amélia, Graciliano teve outros 15 irmãos e passou sua infância convivendo com os problemas da seca.

Sua fascinação pelas letras e palavras teve início em Buíque (PE), cidade para a qual sua família se mudou em 1894. Ao retornar para Alagoas, em 1904, Graciliano dedicou-se à criação de um pequeno jornal para as crianças, chamado de Dilúculo.

Em seguida, passou a redigir o jornal Echo Viçosense, onde conheceu seu mentor intelectual, Mário Venâncio. Graciliano sofreu um grande golpe com o suicídio de seu mentor em fevereiro de 1906. Com a morte de Mário, o Echo parou de circular e Graciliano direcionou seus talentos para a revista carioca O Malho, onde publicava sonetos sob o pseudônimo de Feliciano de Olivença.

Dentre os jornais nos quais colaborou, estão presentes o Jornal de Alagoas, onde publicou o soneto “Céptico”, sob o pseudônimo de Almeida Cunha, e o Correio de Maceió, onde utilizava o pseudônimo de Soeiro Lobato.

Após passar alguns anos no Rio de Janeiro, Graciliano mudou-se para Palmeira dos Índios, continuou sua carreira como jornalista e casou-se com Maria Augusta Ramos. Maria veio a falecer em 1920, deixando Graciliano com quatro filhos pequenos.

A dificuldade de criar os filhos sozinho não o impediu de continuar a crescer na vida. Ramos foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios em 1927. Assumiu o cargo no ano seguinte e, ao escrever o seu primeiro relatório ao governador Álvaro Paes, um resumo dos trabalhos da Prefeitura de Palmeira dos Índios, teve sua verve de escritor revelada.

Graciliano decidiu, após dois anos como prefeito, renunciar ao cargo e se mudar para Maceió, onde poderia atuar com a sua verdadeira paixão: as palavras, ao ser nomeado diretor da Imprensa Oficial. No entanto, continuou a colaborar com outros jornais, dessa vez utilizando o pseudônimo de Lúcio Guedes.

Em sua vida marcada por idas e vindas, demitiu-se do cargo de diretor da Imprensa Oficial e retornou mais uma vez a Palmeira dos Índios. Ali fundou uma escola no interior da sacristia da Igreja Matriz e deu início aos primeiros capítulos do seu romance São Bernardo.

Seu primeiro livro foi lançado em 1933, Caetés, obra na qual vinha trabalhando desde 1925. Em 1934 publicou também São Bernardo.

PRISÃO E VIDAS SECAS

Graciliano foi preso em 1936, acusado de conspiração no malsucedido levante comunista de 1935. Durante a ditadura de Vargas e do coronel Filinto Müller, Ramos foi enviado ao Rio de Janeiro junto a outros 115 presos.

Permaneceu encarcerado até janeiro de 1937 e, após sua liberdade, publicou o livro Angústia, lançado em agosto do mesmo ano. Por esse romance Graciliano foi agraciado com o prêmio “Lima Barreto”, concedido a ele pela Revista Acadêmica. Graciliano recebeu também o prêmio “Literatura Infantil”, do Ministério da Educação, pela obra A Terra dos Meninos Pelados.

Sua mais conhecida obra, Vidas Secas, foi publicada em 1938. O livro é inspirado em diversas histórias que Graciliano acompanhou na infância sobre a vida dos retirantes, pessoas que abandonam suas terras devido à seca e à miséria e buscam um lugar melhor para viver.

Na história, o pai de família, Fabiano, é acompanhado pela cadela Baleia. O sucesso da obra é tamanho que estes dois personagens são considerados os mais famosos da literatura brasileira.

No ano seguinte, Graciliano é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro. Passa também a publicar uma série de crônicas sob o título “Quadros e Costumes do Nordeste” na revista carioca Política.

O autor recebeu também, em 1942, o prêmio “Felipe de Oliveira” e publicou o romance Brandão Entre o Mar e o Amor, que escreveu em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz. Em 1944 publicou o livro de literatura infantil Histórias de Alexandre e teve seu livro Angústia publicado no Uruguai.

Graciliano se filiou ao Partido Comunista em 1945, mesmo ano em que lançou Dois Dedos e o livro de memórias Infância. Elegeu-se presidente da Associação Brasileira de Escritores em 1951.

Após uma difícil batalha contra o câncer, Graciliano Ramos nos deixa em 1953. No entanto, várias de suas obras ainda foram publicadas, como Memórias do Cárcere, Viagem, Linhas Tortas, Viventes das Alagoas e Alexandre e Outros Heróis.

Recebeu postumamente o prêmio “Fundação William Faulkner”, nos Estados Unidos, pela obra Vidas Secas. As obras Memórias do Cárcere e Vidas Secas foram ainda adaptadas para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, em 1983 e 1963, respectivamente.

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