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Leon Carelli Da Editoria DMRevista
Há exatos 158 anos era lançado em Paris o livro que serviria como base para a criação do seguimento religioso denominado Espiritismo. O livro possui perguntas feitas por Allan Kardec, professor de ciências francês, a entidades espirituais, respondidas pelos próprios espíritos através de médiuns. O efeito do lançamento deste livro atingiu principalmente a burguesia francesa. Em seguida várias outras partes do mundo aderiram ao seguimento. Em Goiás, temos um exemplo concreto dessa influência: a cidade de Palmelo, que foi erguida em volta de um centro kardecista.
Hippolyte Léon Denizard Rivail, educador e tradutor, que sob o pseudônimo de Allan Kardec, trouxe ao mundo no dia 18 de abril de 1857 o resultado de anos de observação a um fenômeno que tomava conta de Paris naquela época: as mesas girantes. Casas de eventos traziam como espetáculo o fato de mesas girarem e baterem no chão sozinhas, o que atraia bastante público. Através de um aparelho estranho formado por uma caneta acoplada a uma cesta, na casa de duas jovens de sobrenome Baudin, Kardec observou um intuito comunicativo desse fenômeno, e resolveu estudar o caso.
Allan Kardec
O pseudônimo de Allan Kardec foi revelado a ele por um guia espiritual como sendo um de seus nomes de alguma encarnação do passado. Era necessário que seu nome não se sobressaísse nem fosse confundido com a mensagem que os livros deveriam passar: o cristianismo revisto, e explicado através da manifestação de seres espirituais, que seriam o consolador prometido por Jesus Cristo há mais de 2000 anos.
“Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o aparelho todo se agita e o lápis começa a escrever”, contou Kardec em O Livro dos Médiuns. A psicografia, que é um tipo de mediunidade que faz com que o médium tenha sua mão guiada por espíritos no ato de escrever mensagens é a mesma técnica utilizada pelo brasileiro Francisco Cândido Xavier para produzir suas obras. Diversos centros espíritas de Goiânia e do Brasil utilizam dessa prática, que segundo Kardek foi a base da produção do livro dos espíritos.
Palmelo
A cidade de Palmelo, que fica a 126 quilômetros de Goiânia, foi fundada no ano de 1929 e é um reflexo da absolvição do espiritismo no Brasil. Nesse ano, no dia 6 de fevereiro, inaugurava-se o Centro Espírita Luz da Verdade. 18 pessoas foram responsáveis pela abertura da cidade, após terem se convertido ao espiritismo por terem sido curadas pela mediunidade de Dorcelino Damásio da Silva. Palmelo é uma das poucas cidades do Brasil que não foram erguidas ao redor de uma Igreja católica. A igreja da cidade foi erguida tempos depois, e se localiza em uma região periférica da cidade.
A cidade ganhou maior projeção com a chegada de Jerônimo Cândido Gomide, no ano de 1936. Ele é considerado um dos maiores líderes políticos e espirituais da cidade, e foi para Palmelo em busca de tratamento de saúde com sua esposa, dona Chiquinha. Em uma praça da cidade, conhecida por ficar em frente ao antigo manicômio da cidade, existe uma estátua de Gomide, homenagem internacional por seu trabalho na cidade de Palmelo.
Inquisição
Apesar de a fundação e sistematização do seguimento espírita ter sido reconhecido internacionalmente através do Livro dos Espíritos, considerado uma das obras básicas (ao lado de O livro dos médiuns, O Evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese), a prática religiosa que envolve como justificativa o contato com seres de outro plano existe no mundo desde que se tem registro de seres humanos. Tribos consideradas primitivas e civilizações clássicas tiveram seus ícones religiosos e manifestações extra-físicas.
A monopolização da religião da civilização ocidental pela Igreja Católica veio para criminalizar essas e quaisquer outras práticas religiosas dentro dos domínios territoriais onde tinha influência. A santa inquisição foi responsável por milhares de assassinatos cometidos pela igreja e representantes políticos no intuito de inibir qualquer influência humana que fugisse de seu controle. As práticas religiosas que envolviam espíritos eram consideradas bruxaria, e condenavam seu praticante à pena de morte.
