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56 anos de Morrissey

A carreira artística do cantor e letrista Steven Patrick Morrissey, conhecido mundialmente apenas por seu último nome, teve início no final da década de 1970, no auge da cena pós-punk do Reino Unido. Vocalista da banda The Smiths, com suas performances de palco efusivas, marcou época com trabalhos ousados e que desafiavam inclusive a família real britânica, com suas condecorações pomposas e formalidades. Morrissey também tem destaque por sua postura vegana e por se considerar um defensor do direito dos animais, tecendo críticas a várias nações por seus comportamentos diante dos bichos.

“Dramas, desolação, vinhetas engraçadas sobre relacionamentos falidos, solidão em discotecas, peso na consciência e a casa como prisão”, com essas palavras, o crítico musical Tom Gatti definiu o trabalho de Morrissey como letrista e compositor. O olhar pessimista do artista sobre a existência muitas vezes é justificado pela pressão social durante a infância, e as percepções do jovem Morrissey sobre como funciona a estrutura da vida humana em conjunto.

O impacto The Smiths na sociedade britânica é muitas vezes explicado pela inversão de valores que a banda, e outras do estilo, conseguiu fazer com a imagem das bandas de rock que sobreviviam dos anos 1970. “Todo mundo falava da farra, da masculinidade, do domínio de homens sobre os instrumentos, do prazer de tocar e fazer shows, das farras de camarim, do poder que a visibilidade trazia. O Morrissey falava de depressão de uma maneira irônica, dos efeitos do bullyng sem se fazer de vítima, isso até hoje emociona, em qualquer lugar do mundo”, comenta Juliany Cordeiro, de 20 anos, fã declarada do trabalho de Morrissey e dos Smiths.

“A rainha está morta”

O grupo musical The Smiths foi formado, em 1982, na cidade de Manchester, na Inglaterra. Ao lado de Morrissey, outros músicos hoje consagrados pela passagem pela banda completavam o time. Johnny Marr (guitarra), Andy Rourke (baixo) e Mike Joyce (bateria) foram responsáveis pela difusão de uma sonoridade mutante: as vezes ágil e confrontativa, às vezes dramático-romântica, sempre com uma estética peculiar e cheia de personalidade.

Inúmeros singles, LPs e coletâneas dos Smiths conseguiram tomar conta da Grã-Bretanha através das rádios. Os quatro discos de estúdio lançados pela banda são considerados clássicos da música alternativa mundial. Em Meat Is Murder, de 1985, segundo álbum, canções como “The Hedmaster Ritual” e “How Soon Is Now” conseguiram impactar a indústria cultural a ponto de até hoje figurarem em séries, filmes e programas de TV com certa frequência. O álbum seguinte, The Queen Is Dead (A rainha está morta, em inglês), de 1987, conquistou o respeito que faltava diante do público com sua postura anti-família real britânica.

O entusiasta de rock Roberto Troccoli faz uma resenha do disco em seu blog O rock não morreu. “The Queen is Dead é um álbum que tem letras que criticam a situação da Inglaterra dos anos 80, principalmente a família real, a primeira-ministra Margareth Tatcher e a igreja, com certeza temas bem mais pesados do que falar sobre o medo do escuro ou sobre o número da besta”. Roberto lembra nessa citação, temas que estavam muito presentes nos anos 80, na ilha da rainha. O pós-punk atacava de sombrio (The Cure), e as bandas de metal faziam jogos lúdicos com a figura de satanás (Iron Maiden).

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