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CULTURA

Desdobramentos da Nona Sinfonia

A primeira apresentação da Sinfonia Nº 9 de Beethoven foi realizada no dia 7 de maio de 1824, há exatos 186 anos. A cidade de Viena, na Áustria, ouvia pela primeira vez uma das obras musicais mais importantes da civilização ocidental. Não foi o próprio Beethoven quem regeu os músicos da orquestra. Seu estado de surdez era bastante avançado naquela data. Michael Umlauf foi o maestro, tendo sido reservada ao lado dele no palco, com lugar de destaque, uma cadeira para Ludwig van Beethoven. Em 2003, um manuscrito original da sinfonia foi vendido pelo preço de 3,3 milhões de dólares.

A revelação da música naquele dia provocou uma série de mudanças na forma de se perceber a música clássica, e teve grandes influências às gerações seguintes. A inclusão de coral em alguns momentos da sinfonia foi uma inovação muito grande se tratando de um compositor com a fama de Beethoven. A voz humana equiparada aos outros instrumentos criou uma proximidade com o público na hora de interpretar as intenções criativas do compositor. Essa técnica teve continuidade com a geração de compositores românticos.

Espiritualidade

Para que a nona e última sinfonia da carreira do músico fosse apresentada naquele 7 de março, um longo processo de criação e de mentalização se estabeleceu na vida de Beethoven, como conta Corrine Heline em seu livro “As nove sinfonias de Beethoven”, onde ela relaciona as composições de Beethoven à mistérios espirituais. “Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última. Durante este intervalo, houve evidentemente uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia”, escreve.

O lado da interpretação espiritual da música, que mostra sua importância não só na cultura popular, mas também em seguimentos sociais que debatem sobre a transcendência da alma, fica ainda mais explícito quando Corrine relaciona a destreza do compositor à transmissão de um desdobramento de sua alma. “as sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Estas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento de alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona”.

Cinema

Um dos maiores exemplos de simbologia musical que aborda a nona sinfonia de Beethoven encontra-se no filme Laranja Mecânica, do diretor Stanley Kubrik, lançado em 1971. No filme, o personagem principal passa por um método experimental de cura para sua vontade incontrolável de praticar violência. O “Tratamento Ludovico”, como é chamado, consiste-se em deixar o paciente com os olhos abertos durante todo o tempo (através de um aparelho de metal que segura suas pálpebras) diante de cenas de nazismo simultaneamente à execução da 9ª sinfonia.

O paciente exposto à esse tratamento passa a sentir um mal estar gigantesco todas as vezes que pensa em cometer qualquer tipo de violência, ou até mesmo comportamento sexual. Após o tratamento, Alex percebe efeitos colaterais imprevistos, que, relacionados à sinfonia em questão, tem importância decisiva na evolução do filme. O diretor Stanley Kubrik explica sua opinião relacionada à violência, o que ajuda a compreender a mensagem que ele quis transmitir no longa-metragem. “”... ainda que exista uma grande hipocrisia a respeito da violência, todas as pessoas estão fascinadas por ela. Afinal, o homem é o assassino mais cruel que já pisou na face da Terra”.

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