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O que aconteceu com o Cansei de Ser Sexy?

Walacý Neto,Especial paraDMRevista

Eu ouvia Cansei de Ser Sexy (CSS), mas acho que a última vez foi lá em 2010 por aí. Lembro-me de colocar a música que mais gostava, que agora não lembro o nome, num MP3, daqueles bem antigos (devia ter uns 512 MB de espaço) e sair ouvindo por aí. Lembro apenas que a canção fazia parte do CD homônimo à banda, lançado em 2005. Faz dez anos que a banda começou a fazer sucesso através de uma rede social já fora de moda: o Fotolog.

Assim como o MP3 com 512 MB de espaço e o Fotolog, o Cansei de Ser Sexy também parece ter saído de moda. A banda foi sucesso na época do lançamento do primeiro e segundo disco, que saiu pelo site Trama, também extinto. Chegaram a participar de grandes eventos como TIM Festival (que também morreu). Com músicas em inglês e português, levadas de pop e indie rock, o CSS conseguiu quebrar de supetão as barreiras nacionais. Diversas músicas se tornaram trilha sonora de jogos, séries e comerciais. “Music is My Hot Hot Sex”, por exemplo, foi escolhida pela Apple para a propaganda do Ipod Touch, em 2007. No ano de 2006 assinaram contrato com a gravadora produtora Sub Pop, para distribuição nos Estados Unidos.

Além do CD “Cansei de Ser Sexy”, o “Donkey” , segundo álbum da banda lançado em 2008, também mostra o que é o pop do grupo. Pela gravadora Sub Pop ele foi lançado no Canadá, Estados Unidos e na Europa, pela Warnes Bros. Foi considerado como a afirmação da banda no cenário musical (pensava-se). Período que o baixista, Iracema Tresvisan, saiu do grupo, alegando que iria se dedicar aos estudos, deixando as quatro cordas com o músico e produtor  Adriano Cintra.

O Cansei de Ser Sexy começou o ano de 2011 se arrastando. Esse foi o momento-chave para o declínio da formação: no começo do ano o grupo rompe o contrato com a Sub Pop e migra para a V2 Records. Mas o que deve ter cortado os membros e um pouco do talento do CSS foi a saída do músico e produtor Adriano Cintra. Na época, ele publicou que deixava a banda por falta de compromisso das integrantes e afirmou que “o sucesso dos outros membros havia subido à cabeça”.

Na carreira solo, Cintra trabalhou com músicos de ritmos diversos e, algumas vezes, opostos ao som que fazia no Cansei de Ser Sexy, como na parceria com Marcelo Jeneci, por exemplo. Em 2014, o músico lançou o CD “Animal”, com pegadas de pop semelhantes ao que era visto no CSS, mas com curvas características do que é feito pelo produtor e músico. “Animal” é construído com base em variadas épocas do pop e foi chamado por sites de música, durante o lançamento, de Frankenstein do Pop. Enfim, um trabalho que vale a pena escutar.

Quanto ao Cansei de Ser Sexy: a banda lançou em junho de 2013 o “Planta” e agora sabe-se lá onde se meteu. Sem a participação de Adriano Cintra no CD é notável uma repetição da receita utilizada em 2005, vista no álbum “Cansei de Ser Sexy”. Na página da banda na internet, mais precisamente na aba onde estariam os próximos shows, tem apenas uma mensagem em inglês: this artist has no shows (esse artista não tem shows marcados). A última notícia da banda na internet está datada de antes de junho de 2013 e trata-se de uma nota falando que o novo CD foi divulgado na íntegra via internet.

O mundo virtual é composto por diversos fenômenos que surgem como cometa e somem tão rápido quanto. O Cansei de Ser Sexy talvez seja um exemplo dessa efemeridade. O sucesso que a banda teve se deu junto com a utilização da internet pela indústria da música, mas esta se reinventou bruscamente, diferente do CSS. Cabia aos integrantes se adaptar, evoluir e produzi algo em acordo com essa nova realidade do mundo. Quem não se adequou foi sumido que nem poeira, ficando fora de moda.

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