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Poesia faceboquiana ----------------- literatura no ciberespaço

Walacy Neto,Especial para DMRevista

Existem poemas que são escritos para serem declamados. Outros merecem estar num livro, outros nos muros da cidade e, como diz a música de Sérgio Sampaio, existem poemas que merecem estampar as calçadas, as ruas. Mas acontece que novos momentos da sociedade permitem novas visões para a arte. A chegada da internet e seu crescimento estrondoso mudou a realidade em diversos aspectos da sociedade, deixando tudo mais rápido e conectado. Então, ver a poesia se apropriar dessas novas tecnologias para existir é comum? É fato que a literatura se vale e se molda em relação ao contexto da sociedade.

Paulo Leminski falava, lá na década de 80, sobre essa possível apropriação das novas tecnologias pela poesia. Na época, o poeta relatava sobre o vídeo-texto, a palavra em movimento divulgada na televisão. “Depois que eu vi aquilo eu pensei como eu iria voltar para o papel”, afirma o poeta em um trecho da entrevista compartilhada no YouTube.

Atualmente, vejo muitos poemas publicados nas redes sociais. Estes são compartilhados, curtidos, comentados e até mesmo geram a inspiração em outro poeta que rebate na letra com outro poema. O Facebook, por exemplo, é onde mais encontro esses novos autores, tanto goianos como de outros Estados. Os textos ainda apresentam uma característica comum: a brincadeira com a palavra, ou seja, os trocadilhos e a tendência para o conciso (poemas curtos).

Poesia de Facebook

A escritora goiana e jornalista Larissa Mundin sabe bem do assunto. Seu último livro publicado, “Agora Eu Te Amo”, trata as relações pessoas nesse meio efêmero. “Na web, os textos curtos ganham mais atratividade, em função da dinâmica própria do ambiente virtual. O impacto da cibercultura na linguagem é imenso e a literatura hospedada na internet vai se adaptando ao comportamento do usuário/leitor”, diz. O texto literário feito pra internet também pode sair desse meio e figurar no papel, de acordo com Larissa, é interessante perceber essa transição ocorre.

Rafael Vaz é poeta e não tem nenhum livro publicado. Sua ferramenta de comunicação com os leitores é o próprio Facebook. “No começo eu usava mais como uma forma de arquivar mesmo, mas ai começou a chegar pessoas que liam e acompanhavam. Hoje é quase como um trabalho mesmo, as pessoas querem e pedem”, afirma. Em relação a possibilidade de qualquer um se apropriar dos seus textos divulgados na rede social, Rafael é enfático: “minha poesia é domínio público.”

Ele também acredita que existem poemas próprios para serem divulgados na rede social. “No Facebook as informações são rápidas. O poema, portanto, deve ser curto. Claro que existem exceções porque, sendo uma ferramenta pessoal, acaba que não ligamos muito para o tamanho do poema”, conclui.

E-book

Publicar um livro gasta tempo, papel e a muitas editoras optam por artistas já consagrados. Portanto, é difícil para um novo autor lançar seus textos. Uma opção que surgiu junto com estas novas tecnologias é o e-book. E-book vem de Eletronic Book (livro eletrônico) e se parece com publicações em papel, porém em formato digital.

O formato é mais barato, por não gastar com impressão, e permite que o autor crie diversas interações com o leitor. Porém, o formato ainda não é muito aceito pelos leitores, existem aqueles que preferem o papel, segurar o livro e o cheiro de livro novo retirado da estante.

Preferências à parte, existe um novo modelo de literatura com diversas possibilidades de escrita. Assim como o jornalismo, a indústria musical e outros foram afetados pelo ciberespaço a cultura também se articula nesse novo cenário. Cabe agora criar e utilizar essa ferramenta que pode ser bem útil caso estudada e utilizada sem fronteiras, como é a internet em si.

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