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CULTURA

Entre montanhas litorâneas do Rio

Walacy Neto

Entre Paraty, no Rio de Janeiro, e minha cidade (Goiânia) são cerca de mil quilômetros de distância. O próprio trajeto até a cidade já encanta, a estrada repleta de curvas se desenha entre os morros e a mata atlântica, bioma da região, é repleta de verde. Enquanto se vai, no vai e vem das curvas, é possível ver o mar, imenso, entre a vegetação densa. Chegando nas proximidades de Paraty, a quantidade de barcos nos portos impressiona, assim como a diferença entre cada praia: a enseada de Paraty e região tem locais para o surf, para banho e até mesmo para se ficar sentado admirando o vai e vem das ondas.

No perímetro urbano, Paraty lembra bastante as cidades históricas de Goiás como Pirenópolis. A cidade foi construída durante o período de exploração do ouro no Brasil pelos portugueses e era utilizada como rota ilegal de barcos. De Paraty, boa parte dos Bandeirantes saíram em direção a Minas Gerais e Goiás em busca de metais preciosos. As construções dessa época ainda se mantêm: igrejas, ruas de pedras e casas coloniais são os principais cartões postais de Paraty.

Comer algo em Paraty requer dinheiro, principalmente em época de temporada. Nesses dias, entre 1º e 5 de julho, ocorre o Festival Literário Internacional de Paraty, a Flip. As opções são variadas, existem diversos bares, restaurantes e até mesmo pubs com boas sugestões culinárias, mas o custo de tão salgado tira a fome dos turistas. Entende-se que a Flip é uma das maiores fontes de renda dos moradores da região, portanto já é imaginável que os preços estariam nas nuvens.

A arquitetura da cidade é colonial, como já dito anteriormente. Ao lado do rio que corta a cidade uma ciclovia e uma via para pedestres que é utilizada com extrema frequência pelos moradores. Logo na chegada, percebo que os moradores optam pelo uso de bicicletas. A Flip também tem um projeto chamado “Flip Sem Carro” que propõe aos visitantes que deixem o carro na garagem e aproveitem a cidade a pé, ou seja, cada detalhe, cada pedra no caminho. O Banco Itaú também entra nessa ideia das bikes e disponibiliza gratuitamente para os turistas uma bicicleta pelo período de uma hora, passando desse limite é cobrado por hora R$ 5.

FLIP

Nesses dias a cidade recebe o maior evento de literatura do país: o Festival Literário Internacional de Paraty (Flip). Paraty é tomada por escritores de todas as regiões do País e pessoas que se valem das letras como paixão. Por todo lado se tem alguém com uma barraquinha ou artistas urbanos que param, posicionam e se apresentam na rua mesmo, em troca de algum dinheiro. Na edição 2015, o homenageado é o escritor modernista Mário de Andrade, autor que fez da cultura brasileira um objeto de estudo e inspiração. Além das mesas que fazem parte da programação oficial da Flip, os poetas e agitadores que estão na cidade realizam diversos eventos, estes fazem parte da Off-Flip, ali do lado de fora e gratuitos.

A Flip também está em outros lugares além das ruas do centro. Nas praias, as conversas se voltam para literatura, até o mar se volta para a literatura e tudo parece um pouco com uma poesia de Mário de Andrade. Apesar de as nuvens que deixam as praias um pouco vazias, o mar convida todo mundo para um retorno, ou seja, um vai e vem. Retorno para o tempo de Mário de Andrade e a construção do modernismo brasileiro. Para a época colonial e para a história do Brasil, narrada desde os primeiros momentos através da literatura.

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