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CULTURA

Palco aberto ao céu

Walacy Neto,Da editoria DMRevista

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros está localizado no Nordeste do Estado de Goiás, a aproximadamente 520 km da Capital. Os 65.514 hectares de Cerrado estão protegidos desde o ano de 1961.  O território é marcado pelas formações vegetais, centenas de nascentes e cursos d’água, rochas com mais de um bilhão de anos e paisagens com beleza singular, só vistas na região da Chapada. Por esse motivo a Unesco declarou o Parque como Patrimônio Mundial Natura, no ano de 2011. A região abriga rios cristalinos, cachoeiras de 100 metros e enormes paredões de pedra. Na região, três locais são conhecidos pela proximidade desses monumentos naturais: Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e a Vila de São Jorge.

Embora pequena e de casas coloridas e por fazer parte do distrito de Alto Paraíso de Goiás, a Vila de São Jorge tem sua vida própria e hospeda boa parte dos turistas que frequentam a Chapada. A diferença e especificidade de São Jorge é esse clima tranquilo, sem pressa, que vai a passos curtos de uma loja de artesanato, para um barzinho próximo e depois para um restaurante, cada espaço mais charmoso que o anterior. Isto sem mencionar a região que cerca o pequeno conglomerado de casas: cachoeiras diversas.

Entre as várias surpresas da Vila de São Jorge estão o Vale da Lua, as Águas Quentes, Morada do Sol, Raizama, Encontro das Águas, Janela Parque Nacional e também os desenhos do artista plástico nativo da região, Moacir. Artista autodidata valioso da nossa cultura, seu Moacir é conhecido mundialmente pelo seu trabalho. Filho do antigo garimpeiro seu Domingos, e da dona de casa Maria, os quais Moacir fala com extrema emoção. Seu Moacir é a cultura das terras misteriosas da Chapada em arte visual. Os desenhos de Moacir são sempre escolhidos para ilustrar a divulgação do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, evento tradicional na região que ocorre há 15 anos. Unindo tradições indígenas, com a cultura de outros povos que visitam a região durante os dias de encontro: uma aldeia multiétnica.

O Encontro é feito nas cores, sons, raças, etnias, sotaques, línguas, expressões artísticas e modos diferentes de se entender o que a arte e as nuances de cada cultura. Tudo acontece nesse cenário citado logo acima: a Vila de São Jorge, a Chapada dos Veadeiros. De acordo com dados do site, nos 15 anos de evento foram alcançados 100 mil pessoas e que nesse ano o desafio estava em “garantir sua sobrevivência em meio a uma crise financeira que afeta desde os mais abastados até aqueles que em muitos momentos são invisibilizados socialmente”, conforme trecho no site. Mas o encontro continua de pé e começa hoje, discutindo um novo termo que vem chamando atenção de políticos e ativistas: a  sociobiodiversidade.

Aldeia multiétnica

Para começar o festival e fortalecer os laços de diferentes etnias culturais, o Festival propõe primeiramente uma grande troca de experiências. Quebrar preconceitos e ter uma convivência cordial e pacífica entre diversos povos, indígenas e visitantes não indígenas. Todo ano os povos indígenas de diferentes partes do Brasil se reúnem durante o evento na Chapada dos Viadeiros para os sete dias de atividades, vivências, encontros e discussões entre si e com os demais.

O dia a dia de quem participa também é afetado: é quase que obrigatório acordar na madrugada, cantar até o dia amanhecer e participar dessas rodas de debates e prosa, que podem se voltar para políticas públicas voltadas aos povos indígenas ou contação de histórias e reprodução de mitos. Para esta edição da Aldeia, estão confirmados representantes das etnias Krahô, Kayapó, Kamayrá, Fulni-ô, Yawalapiti e Karajá. Isto é chamado pelos organizadores de sociobiodiversidade.

Sociobiodiversidade

O termo foi discutido pelo Ministério do Meio Ambiente que chegou ao Plano Nacional para a Promoção dos Produtos da Sociobiodiversidade (PNBSB). De acordo com o governo, o plano foi criado “para promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e garantir alternativas de geração de renda para as comunidades rurais, por meio do acesso às políticas de crédito, à assistência técnica, à extensão rural, aos mercados e aos instrumentos de comercialização e à política de garantia de preços mínimos”.

A sociobiodiversidade é o tema principal deste Encontro de Culturas e deve ser debatido em todas as atividades culturais deste evento. Falando nas atividades, entre estas que constam na programação estão shows, oficinas, procissões e apresentações artísticas de grupos de cultura tradicional convidados, rodas de prosa com temas relacionados à biodiversidade e também a Feira de Oportunidades Sustentáveis do Cerrado, que é realizada com o Sebrae. Do dia 25 ao dia 27, o evento também deve receber o Encontro Quilombola de Goiás, que terá a participação de diversos líderes do movimento espalhados pelo Estado. Quanto aos shows e apresentações, o palco será a Vila São Jorge. De acordo com dados do site, cerca de 250 grupos manifestaram interesse em se apresentar nesta edição que comemora os 15 anos do evento e sem o recebimento de cachê – pura vontade de agregar e dividir conhecimento cultural com os presentes.

Alguns grupos tradicionais de cultura da Chapada dos Veadeiros devem se apresentar também. Como, por exemplo, a Folia de Crixás, o Congo de Niquelândia, a Comunidade do Sítio Histórico Kalunga, a Caçada da Rainha e os Catireiros de São João D’Aliança. Já entre os dias 29 de junho a 1º de julho, a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge receberá atividades da Reunião da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, que é promovido pelo Ministério de Cultura (MinC). Esta reunião tem a participação confirmada de representantes das secretarias do MinC relacionados ao programa e representantes dos Grupos Temáticos do Ministérios.

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