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Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista
Para a farta programação do Sesc Aldeia Diabo Velho – Território Livre das Artes, a Cia. de Teatro Nu Escuro chega com novidades: estreia hoje, às 20h, no Centro Cultural UFG, o espetáculo Pitoresca. Esta é a 14ª montagem e, desta vez, a missão dos artistas será mostrar ao público – daquela forma bem particular, crítica e bem-humorada – as diversas e decisivas interferências na formação da identidade cultural brasileira.
Novamente sob direção de Hélio Froés, a nova montagem é estrelada pelos atores Adriana Brito, Eliana Santos, Izabela Nascente, Lázaro Tuim e Liomar Veloso. No palco, a personagem central é uma índia velha e grávida, que observa a história do Brasil por mais de 400 anos. Logo, a protagonista constata a grande interferência estrangeira na composição da famosa cultura tupiniquim.
Vale dizer ainda que Pitoresca encerra a trilogia Goyaz. Esta série propõe um olhar crítico e poético para a formação do Estado de Goiás e é composta ainda pelas peças: Plural (2012) e Gato Negro (2013).
Entrevista Hélio Froés – diretor da peça Pitoresca
DMRevista — O espetáculo Pitoresca traz uma viagem à história do Brasil. Assim, nós podemos dizer que vocês encerram a trilogia Goyaz de uma forma mais ampla?
Hélio Froés — Exatamente. Nós começamos a pesquisa com os relatos dos viajantes naturalistas que passaram por Goiás. Mas a pesquisa foi se ampliando e percebemos que não teria como a gente falar da formação da identidade goiana sem falar do Brasil. Foi como um efeito dominó. Uma coisa foi levando a outra.
DMRevista — Qual o balanço faz da trilogia Goyaz?
Hélio Froés — A trilogia tem dois objetivos. Um é pesquisar nossas identidades, origens, histórias das pessoas do Estado de Goiás e, consequentemente, nossas angústias e contradições. O espetáculo Plural se baseou em relatos orais e de memórias. O Gato Negro se inspirou no imaginário rural em Goiás. Agora o Pitoresca foca nos relatos históricos, de como pessoas de outros países nos viam e como isso influenciou a construção da nossa identidade. Com isso, nestes três espetáculos, podemos observar o Estado de Goiás por três perspectivas diferentes, resultando em resultados esteticamente diversos. O segundo ponto é de fortalecer a linguagem do grupo. Nossas diretrizes conceituais, éticas e estéticas. E ficamos muito felizes. A proposta de trabalhar com música ao vivo, teatro de bonecos, tecnologias audiovisuais interferindo na dramaturgia, interpretação e encenação. Não foi um trabalho fácil. Em muitos momentos perguntávamos: Por que essa insanidade? Por que dessa escolha tão árdua? E acredito que a resposta é a relação com o público. De dar a plateia experiências sensoriais que refletissem nossa visão de mundo. E acredito que estamos conseguindo.
DMRevista — Como foi o processo de criação deste espetáculo. Foi necessário muita pesquisa?
Hélio Froés — A proposta de dramaturgia começou há seis anos. Foram dezenas de livros, vários filmes, entrevistas com historiadores. Mas o suporte do patrocínio da Petrobras foi fundamental. Nos deu o fôlego necessário para um trabalho tão exaustivo. Além do investimento no trabalho dos atores, com aulas de corpo, canto, percussão, manipulação de bonecos. E conseguimos trabalhar com Duda Paiva e o Julio Adrião. Todo esse processo foi uma grande escola.
DMRevista — Como analisa estes quase 20 anos da Cia. Nu Escuro. O que falta para vocês conquistarem?
Hélio Froés — Estamos num ano maravilhoso. Com um patrocínio de três anos da Petrobras, lançamento da revista Expedições Cênicas, realizando a quarta edição do Festival do Boneco, consolidando a parceria com a Oficina Cultural Geppetto e, além disso tudo, estamos no maior projeto de circulação de artes cênicas da América Latina, que é o Palco Giratório. Porém, temos a certeza ainda faltam muitas conquistas, pois isso é só o começo!
Estreia do espetáculo Pitoresca da Cia Nu Escuro
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Centro Cultural UFG
Ingressos: R$15 inteira e R$7,50 meia.
