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CULTURA

Nova música e poesia goiana em laço

Walacy Neto,Especial para DMRevista

Som Nífero é um projeto fora de si. Acredito que só gente louca pra tentar mesclar poesia com música. Seria como enfiar dentro de uma sala pequena dois animais: um cachorro e um gato. É necessário certo peito e um pouco de “fritação” para que tais ocorrências se materializem. Porém, é através destas tentativas nada sãs que o agitador cultural e idealizador do evento, Carlos Brandão, faz acontecer boa parte das coisas pela capital.

Esta é a primeira edição e, apesar de ter sido idealizada por Brandão, a produção desta fica a cargo da produtora vinculada ao Colégio Lyceu, com alunos de lá, chamada Fritura. Os meninos, Carlos Eduardo e Felipe Ferrari, desenvolvem outros projetos, todos realizados no Espaço Sonhus, do Teatro Ritual, localizado ao lado da escola. Poesia e música no mesmo palco, mas mostrando a verdadeira face, ou seja, não sendo o cão e o gato da cultura.

Trata-se de um espetáculo feito a duas mãos. Os organizadores lembram sempre que é importante a igualdade entre os artistas que se apresentam. Rafael nasceu na cidade de Altamira, no interior do Pará, e atualmente vive e produz poesias e performances na cidade de Goiânia. Lorranna também veio de outro Estado, bem distante por sinal. Mudou-se de Porto Velho, em Rondônia, para a cidade de Goiânia recentemente. Com apresentações doces, sua voz marcante lembra os timbres fortes das mulheres na Música Popular Brasileira.

Entrevista


Diário da Manhã – Como funciona esse projeto que vocês devem iniciar?

Rafael Vaz: – Quando ele convidou a gente, ele falou da importância dos dois lados: tanto a música como a poesia. O projeto é pra elevar as duas entidades. Não só pra um fazer participação na apresentação do outro, mas ser os dois.

Diário da Manhã – Foi muito difícil elaborar algo nesse estilo, um show feito em duas mãos?

Rafael Vaz: – foi engraçado. Mas graças à amizade deu certo. Na verdade descobrimos que escrevemos parecidos, que temos uma imagem semelhante sobre as pessoas. De uma musa, por exemplo, a gente escrevia pelo mesmo motivo.

Lorrana Santos: – Por exemplo, quando eu mostrei pra ele a música "Joana", ele veio logo em seguida com um poema com o mesmo nome e que casava superbem com a canção. Eu pensei, nossa.

Rafael Vaz: – Acabou que quando a gente foi produzir o show já tinha quase tudo prontinho ali, bastou só ir montando tudo em uma coisa só. Na verdade, até que foi bem fácil, por conta dessa amizade nossa que te falei.

Diário da Manhã –Alguns outros espetáculos e bandas se valeram dessa mescla de música e poesia para criar um espetáculo. O casamento música e poesia, nesse trabalho de vocês, se deu como?

Rafael Vaz: – Na verdade, no ensaio, teve esse lance da gente ficar meio paralisado pensando "o que tamo fazendo?", ou "será que a gente coloca isso agora?" A gente conseguiu encontrar alguns encaixes tanto na poesia quanto na música. São coisas que a gente tinha pronto e nunca tinha mostrado um pro outro. Daí, ver tudo isso meio que encaixando naturalmente, sabe? Foi isso que facilitou bastante a construção deste show. Foi bem engraçado.

Diário da Manhã – Uma das justificativas para retirar as apresentações nacionais do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), que acontece por agora, foi que os shows tiravam o foco do real objetivo que seria o cinema. Vocês acreditam que uma arte em confluência com a outra pode de alguma forma ter essa finalidade de ofuscar?

Lorranna Santos: –Acho que é questão de gosto. Existe meio que esse sentimento de estar no auge. As vezes um poeta se destaca e acaba chamando mais atenção de outra, coisa que também acontece com determinado músico. Mas acho que nunca, nenhuma das duas, pode de alguma forma tapar a outra, a poesia e a música, por exemplo, conseguem se completar.

Diário da Manhã – Indo ao show de vocês, o que eu vou encontrar de novo?

Rafael Vaz: – Cara, pode procurar em um monte de coisa aí que você não vai achar parecido não. Isso que a gente vai fazer acho que por enquanto não foi feito não. Acho que você não vai encontrar uma Panicat assim, por exemplo. Sem falar que no nosso show não é nem uma Panicat, porque é um homem, está mais pra Panigato mesmo.

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