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Inadimplência de empresas cresce quase 10%

  •  Pesquisa realizada pelo SPC Brasil indica que inadimplência empresarial cresceu 9,4%, de acordo com dados do último mês de maio, e representa a maior alta em 20 meses

O número de empresas com dificuldades em pagar as contas segue crescendo no País. Dados do Indicador de Inadimplência apurado pelo Ser­viço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacio­nal de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que, no último mês de maio, frente ao mesmo período do ano passado, cresceu 9,37% o volume de empresas que tiveram o CNPJ negativado em virtude do não-pagamento de contas. Trata­-se do maior crescimento observa­do na série histórica desde setem­bro de 2016, quando a alta apurada havia sido de 9,61%. Na compara­ção com o mês anterior, sem ajus­te sazonal, isto é, entre abril e maio deste ano, a alta da inadimplência das empresas foi de 0,73%.

Para o presidente da CNDL, José César da Costa, a saída da re­cessão ainda não se reflete em me­lhorias inequívocas na gestão fi­nanceira das empresas. “Apesar de a taxa Selic estar em seu piso his­tórico, os spreads bancários ain­da são altos, o que inviabiliza um custo menor do crédito nas opera­ções do dia a dia dos empresários. Além disso, o desemprego elevado desaquece as vendas, diminuindo a margem de lucro das empresas, assim como a perspectiva de in­vestimentos”, explica o presidente.

A alta da inadimplência en­tre as empresas foi puxada prin­cipalmente pela região Sudeste, cujo crescimento foi de 16,54% na comparação entre maio de 2018 com o mesmo mês do ano pas­sado. Em segundo lugar ficou a região Sul (4,92%), seguida do Centro-Oeste (3,80%), Nordes­te (2,94%) e Norte (2,10%). “Até o final do ano passado, vigorava uma lei no Estado de São Paulo que condicionada qualquer ne­gativação de CNPJ ao envio de uma correspondência com aviso de recebimento. Como é um re­curso mais custoso do que uma carta simples, algumas empre­sas deixaram de registrar casos de inadimplência. Quando a lei foi derrubada, os registros passa­ram a ser inseridos na lista de de­vedores de forma mais abrupta, causando um crescimento acen­tuado do indicador nesta região”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

O crescimento da inadimplên­cia em maio foi mais expressi­vo entre as empresas do ramo de serviços, cuja alta foi de 12,62%. O comércio (6,92%) aparece em segundo lugar, seguido das in­dústrias (5,78%). O único setor a apresentar queda na quantidade de empresas com contas em atra­so é o ramo da agricultura, que apresentou um recuo de -4,02% em novas negativações.

Em média, cada empresa ina­dimplente possui duas dívidas em aberto. De acordo com o indica­dor, a quantidade de dívidas em nome de pessoas jurídicas tam­bém cresceu em maio na com­paração com o mesmo mês do ano passado: alta de 7,94%. Con­siderando os segmentos credo­res, ou seja, aqueles que deixa­ram de receber por uma dívida, o destaque ficou por conta do segmento de serviços, que en­globa bancos, financeiras e em­presas de seguro, com alta de 9,79% no período. As indústrias são o segundo ramo que mais deixou de receber (7,45%), se­guidas do comércio (3,42%).

O ramo da agricultura é, mais uma vez, o único segmento que apresentou queda, nesse caso, de -5,14%. No total, em cada dez dívi­das em nome de pessoas jurídicas no Brasil, sete (70%) são devidas em empresas de serviços. Outros 17% estão concentradas no comércio, enquanto 12% tem como principais credores as indústrias.

Outro dado apurado pelo SPC Brasil e pela CNDL é o Indica­dor de Recuperação de Crédito. Nesse caso, houve uma tímida melhora: no acumulado dos úl­timos 12 meses, cresceu apenas 0,39% o volume de empresas que saíram da lista de inadimplentes mediante o pagamento das con­tas que estavam em atraso.

A alta da recuperação de cré­dito em maio foi puxada, sobretu­do, pela região Sudeste onde a qui­tação de dívidas cresceu 5,32% no acumulado de 12 meses. Por outro lado, nas demais regiões houve que­das. A mais acentuada foi observa­da no Sul (-6,53%), seguido do Nor­te (-3,84%) e Centro-Oeste (-2,23%).

Para a economista Marcela Ka­wauti, “o crescimento modesto da recuperação de crédito reflete a tí­mida melhora da economia como um todo. No período mais crítico da recessão, o volume de quita­ção de dívidas caiu seguidamen­te, mas agora mostra tendência de melhora, ainda que de forma lenta. Para os próximos meses, o avanço mais vigoroso das recupe­rações depende de uma acelera­ção do ritmo de retomada econô­mica, o que ainda não se projeta no atual cenário”, analisa.

Volume de dívidas em nome de pessoas jurídicas cresce 7,94%; empresas do setor de serviços são as que mais deixaram de receber

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