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Pisa ligeiro: primeira marcha de mulheres indígenas

Texto: Suety Líbia Alves Borges

E assim fui marchando, junto a centenas de milhares de mulheres indígenas, de aproximadamente 113 povos diferentes, rumo ao Congresso Nacional. Diferentes línguas indígenas, diferentes cantos, entoados sob o céu da capital do país que insiste em negar a sua ancestralidade.

Mas estavam ali, todas elas, para cobrar o que lhes é de direito, o Território e, portanto, a vida: “Se fere a nossa existência, seremos resistência” era o grito de ordem. Afinal, são 519 anos de história que temos para aprender com elas, mulheres indígenas que resistem há 519 anos, em diferentes cantos do país.

Uma marcha forte. Uma marcha de guerreiras.
Cantando.
Dançando.
Bordunas empunhadas para a luta.

Crianças ao colo, ao lado, aprendendo tão logo que a caminhada é dura. Meninas moças. Jovens. Manifestando o aprendizado que carregam de suas
culturas e tradições. Anciãs. Guardadoras de saberes milenares.

Um encontro de gerações porque é assim mesmo que tem de ser: crianças, jovens, anciãs. Encontro de saberes. Encontro de histórias. Histórias que, na marcha, estavam sendo colocadas em ordem. Ordem sistêmica. Ordem de quem chegou primeiro e, por isso, devemos honrar. Contaram-nos outra história, a do Descobrimento.

Descobrimento que nada. O nome disso é invasão. É daí que nasce a corrupção. Corrompida a própria história. Que dirá, então, a nação?!

Nações indígenas. Milhares. Dizimadas. Mas na marcha, três mil marcas de resistência. Três mil mulheres representando diferentes regiões do Brasil. Mulheres indígenas. Destemidas. Corajosas. Viajaram milhas e milhas de distância: do Piauí, do Ceará, do Amapá, da Paraíba, do Maranhão… … …

Até as mais vizinhas, de Goiás, de Tocantins… O tempo é de luta. E a luta não é mais somente indígena. A luta é de todas e todos nós. E o tempo? O tempo é o Agora. Não se pode mais esperar.

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