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ONU atenta para "redução de espaço democrático" no Brasil e Bolsonaro contesta

Michele Bachelet, alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos alertou, nesta quarta-feira (4/9), sobre uma "redução do espaço democrático" no Brasil, destacando ataques contra defensores da natureza e dos direitos humanos.

O presidente Jair Bolsonaro rebateu e classificou a agenda de direitos humanos de ''bandidos" e disse que Michelle está "defendendo direitos humanos de vagabundos".

"Nos últimos meses, observamos (no Brasil) uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos, restrições impostas ao trabalho da sociedade civil", disse Bachelet em entrevista coletiva em Genebra.

Ela também lembrou o aumento do número de pessoas mortas pela polícia no país liderado pelo presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, ressaltando que esta violência afeta desproporcionalmente os negros e as pessoas que vivem em favelas.

A comissária ainda lamentou o "discurso público que legitima as execuções sumárias" e a persistência da impunidade. Ela também denunciou o desejo do governo brasileiro de liberalizar a posse de armas, lembrando que pelo menos oito defensores dos direitos humanos foram mortos no país entre janeiro e junho deste ano e que a maioria dos crimes ocorreu após disputas por terras.

O pedido foi feito depois que o presidente Bolsonaro mais uma vez defendeu na terça-feira seu desejo de explorar economicamente a Floresta Amazônica. Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro incentivou o desenvolvimento da agricultura e pecuária na Amazônia e expressou apoio à mineração, inclusive em reservas indígenas. "Em relação à Amazônia, 33% dos incêndios ocorrem em terras indígenas ou em áreas protegidas", disse Bachelet.

Por meio das redes sociais Bolsonaro rebateu a comissária da ONU, criticou o pai da chilena, morto na ditadura e comparou Bachelet com o presidente da França, Emmanuel Macron e escreveu:

"Seguindo a linha do Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares. Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época", contestou.

E Bolsonaro disse mais: "Ela agora vai na agenda de direitos humanos. Está acusando que eu não estou punindo policiais que estão matando muita gente no Brasil. Essa é a acusação dela. Ela está defendendo direitos humanos de vagabundos”, afirmou o presidente.

Ainda em resposta a Bachelet, Bolsonaro citou o pai da ex-presidente do Chile. Ele disse que se o general Augusto Pinochet (ditador chileno nas décadas de 70 e 80) não houvesse derrotado esquerdistas, entre eles o pai de Bachelet, o Chile hoje seria "uma Cuba".

'E ela [Bachelet] diz mais ainda. Ela critica dizendo que o Brasil está perdendo o seu espaço democrático. Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Acho que não preciso falar mais nada para ela”, afirmou Bolsonaro.

Alberto Bachelet foi um general da Força Aérea do Chile, opositor do golpe militar liderado por Pinochet em setembro de 1973. Segundo um relatório do Serviço Médico Legal do país, ele morreu vítima dos maus-tratos sofridos após ser preso e acusado pela ditadura de traição à pátria. Michelle Bachelet foi presa um ano depois, em 1975, e também sofreu tortura na detenção.

Com informações do G1

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