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Brasil: Endividamento dos mais pobres volta a crescer e bate recorde

A redução do valor do Auxílio Emergencial e o mercado de trabalho afetado pela pandemia da Covid-19, fez o endividamento dos brasileiros mais pobres dar um salto e voltar a patamar recorde.

Segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), em abril, 22,3% da população com renda de até R$ 2.100 se dizia endividada.

Em 2020, com as parcelas de R$ 600 do Auxílio Emergencial, muitas famílias brasileiras conseguiram ter o mínimo para sobreviver durante a pandemia. No ano passado o auxílio custou quase R$ 300 bilhões, já neste ano, o benefício que voltou em abril está bem mais enxuto, com o valor total de R$ 44 bilhões.

Em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, Railane Santana, de 32 anos, fala sobre estar no grupo dos endividados do país. Ela e o marido têm uma renda mensal de R$ 2 mil e carregam uma dívida de R$ 20 mil.

"Eu fui usando o cartão de crédito para comprar o enxoval da minha filha. Só que eu fiquei desempregada há um ano e meio e não consigo pagar mais nada", conta Railane.

Beneficiária do Bolsa Família, hoje ela recebe o Auxílio Emergencial, dinheiro usado para fazer a compra do mês.

"Assim que eu recebo o auxílio, eu faço a compra do mês. Não dá uma compra completa porque sempre falta alguma coisa, mas dá pra comprar o básico", afirma Railane .

"Quando eu conseguir emprego, eu vou pegar a proposta que eles (bancos) dão e vou tentar pagar essa dívida em parcelas mínimas. Eu até já recebi uma proposta boa para quitar a dívida, mas desempregada não tem como", diz.

De acordo com os últimos dados a taxa de desocupação do país em 14,4%, são 14,4 milhões de desempregados. É o maior patamar já registrado segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"No ano passado, a renda do emprego foi compensada pelo Auxílio Emergencial, mas este ano deve ser apenas parcialmente compensada", afirma Luiz Rabi, economista da Serasa. "Isso gera um buraco no orçamento das famílias."

A Serasa computou de fevereiro para março, mais de 1 milhão de inadimplentes no país, para 62,56 milhões de pessoas. Esse foi o segundo maior avanço mensal de toda a série histórica.

"Esse aumento de março foi um sinal de que a tendência de alta continua ao longo do ano", afirma Rabi. "Nos primeiros seis meses deste ano, a inadimplência vai para cima."

De acordo com o recorte por setor, a inadimplência apurada pelo Serasa é maior nos gastos com cartão de crédito e em contas básicas, como água e luz.

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