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Gerenciar conflitos é o desafio dos negócios em família

Nesta sexta-feira, 15, é celebrado o Dia Internacional das Famílias e muitas delas não ficam juntas apenas dentro de casa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que 90% das empresas no Brasil ainda são familiares. Elas representam cerca de 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregam 75% da força de trabalho do País. Para o consultor em administração e governança corporativa, Marcelo Camorim, um dos grandes desafios para o negócio é permanecer juntos sem conflitos.

Apesar de estarem trabalhando há mais de uma década juntas, as irmãs Michelle e Rafaelle Andrade, ao lado da mãe Lu Andrade, afirmam que embora haja conflitos, com a experiência, elas aprenderam a separar as coisas. O trio comanda a loja de moda executiva feminina As Panteras, instalada no Estação da Moda Shopping há 11 anos, e antes disso, também atuavam juntas. “Começamos como cabeleireiras no salão de beleza da minha mãe, que atuou nesse segmento por 20 anos. Partiu dela a ideia de trocar de ramo e nós topamos”, relata Michelle.

Ela relembra que as três se dividiram entre os dois negócios por um ano, até encerrar totalmente as atividades do salão. Michelle conta sua técnica para o sucesso nas duas relações, tanto no trabalho, quanto fora dele: “Não misturamos profissional e pessoal, os atritos do serviço deixamos para resolver na loja, mas é inevitável não falar do trabalho em casa”. As três fazem de tudo no comércio, apenas a irmã Rafaelle que, além das outras tarefas, também se dedica às redes sociais.

A atitude vai ao encontro de algumas recomendações de Camorim. Segundo ele, é preciso ficar atento à administração do negócio, pois as empresas familiares tendem a ser confundidas com algo bagunçado, sem controle, e a falta de profissionalismo pode resultar no atraso do crescimento do negócio. “O equilíbrio na gestão pode ser encontrado com a adoção de certas técnicas que possam assegurar uma relação mais sólida e madura como definir funções”.

Pai, mãe, filho, nora

O casal Arineu Lemes Vieira e Maísa Ferreira de Oliveira, administram um negócio familiar de mais de 20 anos e que há dez está no Estação da Moda Shopping, a loja Estação Fofura, a qual comercializa pijamas, roupões e pantufas. O filho, Luís Felipe, que cresceu acompanhando o casal nas feiras, onde começaram o comércio, ajudou por um longo período. Depois de se formar em direito, o jovem saiu de cena e deixou em seu lugar, a namorada, Heline Costa, que cuida das vendas. O filho caçula, Gabriel, de 15 anos, é aquele que dá uma força entre uma aula e outra.

O negócio surgiu quando a matriarca da família, Maísa, seguiu a sugestão de uma amiga e começou a fabricar os chinelos de quarto, uma espécie de pantufa. No início ela fazia e vendia na Feira da Lua, com o auxílio do marido apenas aos finais de semana. Quando abriram a loja no Estação da Moda, Arineu passou a se dedicar exclusivamente à empresa, ainda nas vendas. Com os filhos crescidos e com a nora, o comerciante explica que fazem um rodízio para o atendimento na loja. Em casa, eles possuem um espaço para a produção dos chinelos, que ainda é responsabilidade da mulher, mas que conta com um ajudinha dos homens da família. Já a produção dos pijamas é terceirizada.

Arineu conta que é um desafio trabalhar em família e não ter conflitos, mas não se recorda de nenhum grande atrito nessa convivência. “Esses problemas são contornáveis e eu gosto muito dessa atuação conjunta”, defende o comerciante. “Em família, por exemplo, meu filho tem a responsabilidade de atender tão bem quanto a mim. O trabalho familiar influencia no atendimento e na amizade que gera com os clientes”, complementa ele, que atualmente é o responsável pelas entregas, enquanto a loja está fechada devido ao decreto estadual para evitar aglomerações.

Mais dicas

Para evitar ou dirimir conflitos, Camorim orienta que as famílias invistam em uma gestão forte: “É importante separar as despesas da empresa, evitar retiradas, ter salário fixo mensal, como qualquer outro trabalhador e estipular horários. Não é porque você é parente que deve ganhar salário maior ou sair mais cedo. As regras dos funcionários se aplicam a todos os membros da família”. Outro ponto, de acordo com o especialista, diz respeito à definição de atribuições, metas e responsabilidades, deixando claro o papel de cada um.

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