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'Esvaziar um plenário também é silenciar mulheres', diz Aava sobre ausência de colegas

Em discurso durante a Sessão Solene em Comemoração ao Dia Internacional da Mulher nesta terça-feira, 8, a vereadora Aava Santiago (PSDB), lamentou a ausência dos colegas no plenário.

"Nós fizemos uma solenidade antes da sessão começar, de inauguração da sala da comissão de mulheres, e em seguida o parlamento seguiu seu rito. É de causar bastante perplexidade que eu tenha encontrado tantos vereadores pelos corredores da casa, até mesmo aqui no plenário, lá embaixo na hora de inaugurar a sala da comissão, e que eles não estejam aqui agora, para junto conosco celebrar as conquistas das mulheres e homenagear algumas mulheres que são responsáveis por essas conquistas", disse a vereadora.

Aava também lembrou de quando a vereadora Camila Rosa (PSD) teve o microfone cortado pelo presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB) e disse que "não é só cortando o microfone que se silencia mulheres, esvaziar um plenário numa sessão como essa também e silenciar mulheres".

"Não comparecer a esta solenidade equivale a desligar o nosso microfone. Não ouvir o que nos temos a dizer também é nos silenciar. Não ter a dignidade de não ser protagonista por um dia, porque todos os outros dias do parlamento são protagonizados por homens, não ter a dignidade de conseguir estar na plateia em um dia em que só mulheres são protagonistas, diz muito sobre como o silenciamento de mulheres é institucional, como o silenciamento de mulheres estrutura todos os espaços de poder dessa cidade, desse estado e desse país", continua Aava.

Em seguida a vereadora falou sobre o caso do deputado Arthur do Val que teve falas sexistas em relação a refugiadas ucranianas vazadas. "Enquanto centenas, milhares de homens se unem pra repudiar aquele deputado que verbalizou que faria turismo sexual com mulheres fugindo da guerra, porque é importante que a gente diga isso, que teve estômago pra olhar uma fila de mulheres e crianças com uma sacolinha nas costas se despedindo de seus filhos, se despedindo de seus maridos sem saber se encontrarão com eles novamente. Ele teve estômago pra desejá-las sexualmente e pra verbalizar isso em um grupo", destacou Aava.

Conforme a vereadora, o que faz Arthur do Val se sentir confortável é saber que do outro lado seus interlocutores receberiam as falas com naturalidade. "Mas o que naturaliza o conforto da barbárie é que homens não se comprometam cotidianamente com a luta das mulheres", afirmou.

Aava também falou de como é natural desprezar as mulheres, tanto que acontece até no dia de homenagem à elas e finalizou fazendo um apelo para que o repúdio a barbárie, dita pelo Arthur Durval, não fique apenas em um discurso cômodo de dizer que não concorda.

"Então que esse repúdio extrapole, que esse repúdio alcance as mulheres reais, as mulheres do cotidiano, as mulheres invisíveis, as mulheres que tem as suas guerras individuais pra sobreviverem nesse mundo, que pra nós sempre foi inóspito, as mulheres que são mães trabalhadoras, as servidoras dessa casa a todas nos, pra que longe do apelo popular eles estejam mais próximos de nós do que dos nosso algozes. É esse o meu desejo para esse 8 de março e eu sei que tenho ao meu lado nas trincheiras essas mulheres, e é só por isso que me mantenho firme no combate", disse Aava.

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