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COTIDIANO

A arte da perseverança

Enquanto você lê esta matéria, Wagner Luz, provavelmente, percorre a  cidade, com sua bicicleta, para vender os próprios quadros. Com a vontade contagiante pintar Goiânia e viver para as cores, celebra o Diário da Manhã

REPORTAGEM: Rariana pinheiro

Artistas e leitores se unem para homenagear os 21 anos de história do Cinco de Março e os 35 anos de existência do Diário da Manhã. Nasce assim a “Coleção de Artes 56 Anos de Liberdade”, que poderá ser vista de maneira permanente na sede deste Jornal, marcando ainda o surgimento de um novo espaço físico dedicado à manifestação criativa, ao encontro e à reflexão. Acrescentando vigor e diversidade a esta homenagem, está sendo formada dia a dia uma corrente em que os 35 participantes da primeira fase do projeto da Coleção indicam 21 outros artistas que ainda não tenham sido citados pela imprensa goiana em geral, e que nem por isso deixam de fazer uma arte digna do nome. É, uma vez mais, um garimpo de pedras preciosas que este Jornal, na área das artes como do jornalismo, promove em nome da evolução que é fruto de uma criteriosa renovação. Testemunhamos aqui, de forma privilegiada, a arte que dá mão à arte, o olhar que acende uma luz, a liberdade que se soma à liberdade. Em meio a tantas possibilidades, o resultado é um só: assim se torna cada vez maior e mais forte a corrente que interliga o leitor aos novos tempos.

___________________________________________________________________ PX Silveira

Nesta edição, a artista Omar Souto nos apresenta Wagner Luz:

Wagner-Luz

Em cima de sua bicicleta – uma clássica Peugeot 1977 –, Wagner Luz percorre cada rua desta Capital. “Quando passo, as pessoas já me reconhecem e dizem: lá vem o pintor”, revela sorrindo. As longas e diárias pedaladas possuem o poder de levá-lo sempre mais longe: por meio delas que realizou o sonho de viver somente da arte.

“Vendo minhas telas de bicicleta mesmo, não fico esperando. Eu vou. Um dia, me perguntaram se queria vender a bicicleta. Eu disse: só quadros. Querem comprar? E vendi”, lembra ele, novamente entre risos, ao mostrar “tino” para o negócio.

No dia a dia de trânsito e trabalho intenso, Wagner é mais um entre a paisagem urbana. No entanto, durante a madrugada, horário predileto para pintar, ao lado do velho é criador de inspiradas aquarelas e quadros em tinta acrílica. “Destaco a beleza desta cidade. Às vezes, passamos despercebidos por monumentos como a Estação Ferroviária, que acho linda”, conta.

Apaixonado pela art déco, foi convidado a fazer uma série para cartões telefônicos, toda baseada na arquitetura. Porém, apesar de retratar o que vê, é muito requisitado para desenhar o que sente. Prova disso é que já ilustrou mais de 150 capas de livros. “Desenhei em de obras de Bariani Ortêncio e Gabriel Nascente. Eu leio a obra, depois crio”, explica.

Há cerca de 20 anos vendendo quadros nas ruas, quando questionado sobre uma palavra que define sua caminhada, não hesita em disparar: perseverança. “Muitas vezes, pensei em desistir. As pessoas falam: mas você precisa ganhar dinheiro. E, eu penso: dinheiro, não quero deixar quando morrer, e sim as telas”.

Com o entusiasmo incansável em servir o mundo dos pincéis, também homenageia a história do Diário da Manhã. O jornal, ele celebra com a paisagem que mais o emociona: o Bosque dos Buritis “Gosto muito deste parque e me senti livre enquanto pintava”, pincela.

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