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Hora de colocar o pé na estrada

Coração de estudante sempre bate pela oportunidade de desenvolver alguma experiência no exterior.  Saiba como ir embora sem encucação, se dar bem e conhecer novas pessoas. Início pode ser complicado

Thamy Gibson Da Editoria de Cidades

Osonho de nove entre dez jovens do mundo todo nos últimos anos é o de fazer um intercâmbio para outro país. Morar fora, mesmo que seja por um mês como nos intercâmbios de férias, dá à possibilidade de conhecer um novo lugar, desfrutar de liberdade, desbravar novos espaços e aprender sobre diferentes culturas.
Nos últimos tempos, diversos tipos de programas têm sido criados. Quanto mais longa a duração, maior o investimento financeiro. Porém, a procura é tamanha que, para agradar a todos os públicos, atualmente é possível participar de intercâmbios com até uma semana de duração.
Para a psicóloga Fabíola Menezes, o apelo que os programas de intercâmbio exercem nos jovens se deve a oportunidade de conseguir um futuro mais estável. “Para eles (jovens), o intercâmbio é uma forma facilitadora de adquirir mais conhecimentos”, afirma.
Mudar para um novo país nem sempre é fácil. Afinal, é necessário adaptar-se a uma nova cultura, clima, pessoas, língua e a falta que a família e os amigos fazem nessas horas se triplica.
No entanto, os benefícios, se pesados na balança, superam em muito as dificuldades.
Seu círculo de amizade se expande, por exemplo. Sua rotina vira de ponta cabeça e você se vê empurrado para fora da sua zona de conforto, o que no início pode parecer assustador, no final liberta, abre sua mente e te amadurece. Você se torna mais independente e descobre coisas novas a seu respeito todos os dias.
Em uma experiência de intercâmbio você descobre que a saudade pode ser boa e fortalece seus vínculos familiares.
Além do mais, nada como um curso em outro país, uma experiência profissional em um mercado diferente para dar um up grade no seu currículo. Mas, principalmente, ao se fazer um intercâmbio sente-se orgulho de si mesmo por ter embarcado numa experiência tão incrível e engrandecedora.
Independente do tipo de intercâmbio que se faz, seja para estudo ou trabalho voluntário, seja de um ano ou uma semana, seja com um maior ou menor investimento financeiro, uma certeza fica: vale a pena.

todos gostos
Para todos os gostos, bolsos e idades, assim são os programas de intercâmbio hoje em dia. Para os adolescentes, as opções mais interessantes são os de high-school, no qual o adolescente passa um ano na casa de uma família do país para o qual viajar.
Lá, ele cursará um ano do ensino médio. Neste intercâmbio, o adolescente é selecionado para uma família que tenha algum filho ou filha na idade do intercâmbista, de forma que a adaptação do mesmo na escola seja mais fácil. Os países mais procurados para este tipo de intercâmbio são os Estados Unidos e o Canadá.
A outra pedida para os adolescentes vale também para qualquer faixa etária. São os cursos de idiomas, geralmente de curta duração (1 a 2 meses) e realizados no período das férias.
Os pacotes vendidos pelas agências de intercâmbio incluem hospedagem em casa de família ou acomodação estudantil, pelo menos uma refeição diária, o preço das aulas e o material didático requerido.
Para os universitários, as opções de intercâmbio são possivelmente as maiores. Existem bolsas do governo brasileiro e parcerias entre universidades daqui e do exterior que permitem aos alunos do Brasil estudarem nas suas áreas de atuação por pelo menos um ano.
O famoso Ciências sem Fronteiras já possibilitou o intercâmbio de muitos universitários brasileiros em cursos de graduação e pós-graduação. Esse é o caso do estudante de Ciências Aeronáuticas, Vitor Elias Luiz (22). Vitor conseguiu uma bolsa através do CsF para estudar por um ano em Manchester, na Inglaterra.
Ele vive em uma acomodação estudantil com outros três universitários. “Tenho aulas de segunda a sexta e quando não estamos em sala de aula estamos em reuniões de trabalho em grupo”, explica.
Para Vitor fazer amigos não foi uma dificuldade, ele conta que os britânicos são bem reservados no início, mas logo se abrem.

Estudantes podem escolher modelo que exige 5 mil ao ano

Os países mais procurados para o programa de au pair são: Estados Unidos, França, Alemanha, Holanda e Bélgica. Este é considerado um intercâmbio barato visto que a au pair passa pelo menos um ano fora. Com todos os gastos inclusos, a média é de cinco mil reais para o ano todo.
Nayla de Sá Martins é estudante de Direito e tem 23 anos. No ano passado, foi au pair na Holanda e adorou a experiência. Ela escolheu a Holanda por ser um país onde grande parte da população fala o inglês, além, é claro, do holandês que é a primeira língua do país.
Para a estudante, a experiência foi tão boa que até hoje ela mantém contato com a família que a hospedou em terras holandesas e, inclusive, foi visitá-los em agosto do ano passado. “Eu achei super fácil para me adaptar à nova rotina, país, cultura, clima. Os holandeses brincavam comigo dizendo que eu nem parecia brasileira. Eu realmente amei aquele país, inclusive seus dias frios e chuvosos”, conta Nayla.
Com tantos prós, Nayla considera a hipótese de fazer um novo intercâmbio. Mas agora ela busca um programa diferente. “Não penso no de au pair novamente, mas sim em fazer um mestrado em Ciência Política na Holanda ou Alemanha”, diz.
Esse é o caso da design de moda Henrietta Prioste (25). Ela embarcou para os Estados Unidos como au pair, mas gostou tanto da experiência de viver no exterior que resolveu investir. Juntou dinheiro durante o primeiro intercâmbio e quando este terminou, tirou o visto de estudante e hoje mora em Nova York, onde está fazendo um mestrado em história da arte.

“Olhar torto”
Apesar de a experiência ser em sua maioria boa, Henrietta aponta algumas dificuldades vividas por ela. “Pra mim, a maior dificuldade foi enfrentar os preconceitos de ser de outro país. Nunca tive um empecilho com a língua. Sempre me virei muito bem, mas sinto que muita gente me olhava torto por ser estrangeira”, desabafa.
Por fim, um intercâmbio cada vez mais procurado e muito bem visto pelas grandes empresas é o de trabalho voluntário.
As agências de intercâmbio que o oferecem incluem no pacote hospedagem, alimentação e passagens aéreas. Neste programa, você trabalha em reservas de proteção animal na África, dar aulas para crianças em comunidades carentes no Peru, Nepal, Índia, entre outros.
Os voluntários podem ainda trabalhar em asilos e abrigos para animais abandonados. A duração mínima do programa é de duas semanas, mas o crescimento pessoal obtido através dele dura a vida toda.

Qualidade surpreende a todo momento

A surpresa de Vitor Elias Luiz, que está em Manchester, veio ao ver a infraestrutura das universidades. De acordo com ele, as faculdades do exterior possuem uma estrutura muito melhor do que as brasileiras. Porém, esse é apenas um estímulo para o estudante se dedicar, no final das contas o que realmente importa para ele é a didática do professor e o interesse dos alunos em aprender.
E nesse quesito, ele acredita que o ensino e os estudantes brasileiros não deixam a desejar se comparados com o exterior. “O acervo da biblioteca e a estrutura dos laboratórios são invejáveis, mas sem alunos de qualidade e uma boa orientação é tudo em vão”, completa Vitor.
Outra opção para os universitários são os trabalhos temporários de férias. Quem estiver matriculado em uma faculdade/universidade para um curso de até quatro anos e tiver inglês fluente pode se candidatar a vagas de emprego na Disney e/ou estações de esqui nos Estados Unidos.

Trabalho
O trabalho dura de três a quatro meses e ocorre sempre nas férias de verão brasileiras. Ao conseguir o trabalho, o jovem tem garantido sua hospedagem e alimentação, além de receber um salário semanal.
Para quem quer viajar mais ainda as opções recomendadas são os trabalhos em cruzeiros ou o programa de au pair. Assim como nos trabalhos na Disney, no cruzeiro o trabalhador tem hospedagem e alimentação, recebe um salário e a cada parada do navio pode descer para desbravar os locais visitados assim como os turistas. A diferença é a duração do programa, enquanto os de férias duram cerca de três meses, os trabalhos no cruzeiro duram de seis meses a um ano.
Já o programa de au pair é bem diferente. Neste intercâmbio, você se muda para um país no qual viverá com uma família local. O intuito do programa é trocar experiências com a host family, criar laços, aprender sobre a cultura do país. Durante o ano de au pair, os jovens cuidam das crianças da família para a qual foram selecionados. A ideia é ser como uma ‘big sister/brother’ (irmã/irmão mais velha(o)). Em troca, a au pair recebe uma remuneração mensal, tem um curso pago pela família que a hospeda, alimentação e hospedagem inclusos. Além, é claro, da possibilidade de viajar nos finais de semana e feriados.

Intercâmbio dentro do País

Nosso País recebe muitos intercâmbistas do exterior, mas também é possível encontrar alguns programas de intercâmbio que acontecem aqui dentro.
Algumas escolas brasileiras fazem parcerias com outras e promovem intercâmbios esportivos.
Os colégios organizam jogos interescolares, geralmente com duração de um final de semana.
Ocorrem jogos de ida em uma das escolas participantes e os de volta na outra. Os colégios organizam excursões para as cidades nas quais as atividades acontecerão e, ao chegarem, os alunos são divididos em casas de famílias.

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