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Ministra reconhece que existe déficit de Justiça

Suspeito de praticar crimes, o juiz Flávio Roberto é o inverso do que se espera 

Beto Silva
Procure lembrar das supostas condutas do juiz federal Flávio Roberto de Souza. Ele figurou dentre as principais notícias nos últimos 15 dias. Trata-se do magistrado que teria se apropriado de carros de luxo e um piano do empresário Eike Batista. Na construção teórica do direito, principalmente na abordagem de pesandores como José Canotilho e Ronald Dworkin, ele seria a imagem da Justiça. Intocável e inabalável. Seria o “escolhido” para exercer a hermenêutica – a atividade de interpretar a lei e aplicá-la ao caso correto.
Há dois dias, entretanto, o Ministério Público Federal optou em denunciá-lo e pedir sua prisão por crimes como peculato, subtração de autos, fraude processual e lavagem de dinheiro. Enfim, o magistrado (de instância federal) parece mais com um criminoso.
O magistrado tocou fundo na carreira – já denunciada por ‘legalidades’ imorais como auxílio moradia.
Na última sexta-feira, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia foi escalada para defender a classe.
E não procurou ser corporativa. Ao contrário, escancarou os problemas centrais de uma profissão que tem perdido glamour e serenidade: ao encerrar a “Campanha Justiça pela Paz em Casa”, no Rio de Janeiro, ela pediu mais seriedade para quem se aventura a ser magistrado. E admitiu um déficit da Justiça para com o cidadão.
“Precisamos transformar o Poder Judiciário, que está muito aquém do que o cidadão brasileiro nos exige. Porque o mundo se transformou, o Brasil se transformou. Cabe a nós sairmos da zona de conforto e da mesmice e também nos transformarmos. É uma das providências é a que foi adotada em grande parte do Brasil com a Justiça Itinerante, irmos onde o cidadão está”, disse a ministra. A magistrada trouxe uma resposta aos que pedem reforma do Judiciário – sempre à tona quando surgem insatisfações. Para ela, a solução dos problemas do Poder Judiciário não está em uma reforma e sim na mudança de postura dos juízes. A ministra disse que algumas campanhas já mostram um novo perfil de Judiciário: “Demos um recado à sociedade de que não somos autistas que não sabemos o que se passa. Sabemos sim, até porque a violência está na porta de todos nós.”
Cármen Lúcia disse ainda que a demora nos processos é o mal mais urgente a ser enfrentado pela magistratura brasileira. “A morosidade só existe porque tem gente ganhando com ela”.

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