Home / Cotidiano

COTIDIANO

Acareação em última audiência

Os policiais militares envolvidos na morte do advogado Davi Sebba foram ouvidos ontem pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara Criminal de Goiânia, na última audiência da fase de instrução da ação penal. Foram indiciados pela morte os soldados Jonathas Atenevir Jordão e Luiz Frederico de Oliveira, o capitão Durvalino Câmara e o tenente Edinailton Pereira de Souza.

Davi Sebba foi morto em um suposto confronto com policiais no dia 5 de julho de 2012 no estacionamento do hipermercado Carrefour, no Setor Sudoeste. De acordo com a versão apresentada pelos policiais que atuaram na ocorrência, ele foi abordado após receberem denúncia de que haveria uma venda de drogas naquele local. Já era final da tarde e Davi havia ido ao local, segundo seus familiares, para comprar mantimentos e fraldas para seu filho que nascera naquele mesmo dia.

O relatório da Polícia Civil indicou que as evidências apontavam para uma provável execução, por razões expostas no laudo. De acordo com os peritos, o tiro no tórax que matou Davi foi dado em curta distância, ele estava com as duas mãos no volante de seu carro ao se chocar com uma mureta de proteção, não houve a queda da arma encontrada no banco do passageiro. O relatório sugeriu que a arma com numeração raspada foi plantada no local após a morte de Davi Sebba.

Na audiência, o juiz decidiu inovar na instrução e resolveu fazer uma acareação entre os policiais envolvidos. Para que cada um pudesse dar sua versão e confrontar com as suposições levantadas pela perícia e as alegações do Ministério Público, o magistrado resolveu colocar um policial diante do outro para averiguar contradições alegadas na acusação.

Coincidências

Os policiais que participaram da ocorrência serviam no Grupo de Patrulhamento Aéreo (Graer) e foram mandados para o local onde aconteceu a abordagem e morte de Davi Sebba após denúncia de que poderia acontecer ali uma grande negociação de drogas. As informações foram passadas por agentes da Polícia Federal para o serviço reservado da Polícia Militar (PM-2), fato que rendeu investigação sobre possível violação do sigilo funcional dos federais.

No mesmo dia, por volta das 13h30, ocorreu outra morte em Goiânia. O radialista Valério Luiz foi alvejado quando saía da emissora de rádio em que fazia crônica esportiva e morreu no local. As investigações posteriores indicaram haver policiais militares envolvidos na morte de Valério com mais coincidências: também serviam na mesma unidade, Graer e alguns nomes constam também da investigação do assassinato do radialista.

O delegado da Polícia Civil Murilo Polati, que conduziu as investigações, chegou a comentar sobre as convergências de dados das mesmas mortes. No caso de Davi Ramalho Sebba, ele anotou o seguinte: “As informações são contraditórias, assim como os depoimentos de uma testemunha ouvida três vezes no inquérito” e prosseguiu com o indiciamento dos envolvidos e a retirada de outros que terminaram por ser incluídos no inquérito da morte de Valério Luiz.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias