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Federais paralisam e provocam corrida às bibliotecas

Tom Carlos

Ontem foi dia de correria nas bibliotecas da Universidade Federal de Goiás (UFG) e outras unidades do Estado. Os docentes nas instituições federais de ensino superior do País entram em greve a partir de hoje por tempo indeterminado.

“Vou pegar o máximo de livros, pois preciso deles para fechar minha dissertação de mestrado”, afirma a estudante Maria do Rosário Souza, que tomou emprestado cinco livros.

As aulas das pós-graduações não costumam ser interrompidas, principalmente por conta dos cronograma das entregas dos trabalhos acadêmicos e relações de bolsas. Depende de cada instituição o interrompimento das aulas de doutorado e mestrado.

Para ela, que estava na biblioteca do Campus Samambaia, a greve anunciada na semana passada tem tudo para “atravessar junho e julho”. Durante a paralisação, os alunos são prejudicados e não podem frequentar as bibliotecas. Após o retorno das aulas, eles devem entregar os livros em no máximo dez dias, caso não desejem pagar multas.

Em Goiás, alunos com prazos para entrega de teses e dissertações de mestrado e doutorado, além dos concurseiros, não gostaram da paralisação. “Vou sempre na biblioteca do Universitário, é minha segunda casa. Se parar mesmo, estou desalojado”, diz Vitor Nunes, que estuda para concurso público.

Os alunos também estão preocupados com a falta de aulas e o que vem depois: a reposição. Conforme os estudantes, existe nas universidades de que a greve que começa hoje será mais longa do que a decretada em 2014.

Conforme o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Paulo Rizzo, a crise das universidades se revela bem mais profunda.

Ele diz que as negociações com o Ministério da Educação (MEC) não tiveram solução. Por isso a greve foi a única saída para pressionar o governo a ampliar os investimentos na educação – uma das áreas que mais receberam cortes no contingenciamento orçamentário do governo federal (reportagem publicada na página 6 mostra os cortes no Pronatec e Ciência sem Fronteiras).

A diretoria do sindicato reuniu-se com representantes do MEC na última sexta-feira (22), mas não houve acordos entre as partes.

NADA PARA NEGOCIAR

“A reunião foi muito ruim, porque o acordo de organização de carreira que tínhamos firmado com o então secretário de Ensino Superior [Paulo Speller] foi suspensa com a justificativa de falta de autonomia para firmar tal acordo”, disse o presidente. “Eles [representantes do MEC] disseram que não há nada para negociar conosco.”

A pauta do setor das instituições federais de ensino superior está dividida em cinco eixos: a defesa do caráter público da educação, as condições de trabalho, a garantia de autonomia, a reestruturação da carreira e a valorização salarial dos professores ativos e aposentados. Paulo Rizzo disse que as negociações do momento referem-se ao que vai entrar no Projeto de Lei Orçamentária de 2016, com previsão de fechamento no mês de agosto.

Com o anúncio do corte de R$ 9,43 bilhões no Orçamento do ministério em 2015, o presidente do sindicato acredita que as atividades acadêmicas podem ser comprometidas. “Há prédios que não foram construídos, laboratórios que não estão prontos e que, se forem suspensos os concursos públicos, vai faltar professor para as universidades”, destacou. Com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que busca ampliar o acesso e a permanência na educação superior, os investimentos aumentaram e a demanda por professores em todas as universidades também.

De acordo com Paulo Rizzo, a greve começa no dia 28 para os locais que aprovaram a paralisação e, no decorrer da semana, a expectativa é que haja mais adesões. “Há muitas universidades que esperam as maiores entrarem primeiro em greve para então aderir.”

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