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COTIDIANO

Goiás é um dos líderes de pontos de violência

Beto Silva,Da editoria de Cidades

Um levantamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) demonstra a forma com que tratamos nossas crianças: o Estado é o quarto com maior quantidade de pontos de exploração sexual localizados às margens das rodovias federais. O dado revela a existência de espaços propícios para alguma forma de agressão e violência sexual.

Em 2014, foram identificados 175 locais de vulnerabilidade. É um índice maior do que o constatado em 2013, quando foram encontrados 168 pontos.

A pesquisa envolve um trabalho minucioso da PRF. Geralmente, a identificação dos locais surge após denúncias feitas por quem percorre as rodovias. A presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da PRF, Márcia Freitas Vieira, diz que o trabalho dos caminhoneiros é essencial para a descoberta dos locais de vulnerabilidade. “Costumo dizer que os caminhoneiros são os nossos olhos e os nossos ouvidos nas rodovias, porque a polícia não tem como estar as 24 horas do dia ao longo de todos os quilômetros de rodovias. Então, a gente pede que denunciem”, diz.

No total, as rodovias federais brasileiras têm quase dois mil pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes.

O levantamento conta com apoio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Organização Internacional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, a ONG Childhood Brasil e algumas entidades do setor privado.

PROSTITUIÇÃO

O ponto de vulnerabilidade é relatado como aquele lugar onde se encontram situações de prostituição, ausência de vigilância e consumo de bebidas alcoólicas.

A PRF relata que a região dos motéis, em Aparecida de Goiânia, ao longo da BR-153, oferece grande risco de violência. Rodovias em Anápolis, Uruaçu, Porangatu e Niquelândia são outras cidades que apresentam grande índice de potencial violento.

Na lista divulgada pela PRF, aparece Minas Gerais, Bahia e Paraná à frente de Goiás. Os Estados – respectivamente com 313 pontos, 216 e 179 – apresentam peculiaridades com Goiás, como a situação precária de combate à exploração por meio de ações e operações investigativas. Ontem, a PRF realizou  ato simbólico com a presença de vítimas da exploração sexual e adesivaço nos estabelecimentos localizados às margens da BR-153. No começo da semana, ocorreu planfetagem e conscientização na Praça da Matriz, em Campinas.

O sociólogo Vitor Hugo Costa, especialista em estudos sobre violência, afirma que existe uma cultura da violência nas rodovias, considerada “território livre e de ninguém”. Para ele, é preciso que o Estado assuma as investigações: “Cabe ao governo de Goiás realizar a proteção destas crianças. É assim que deve ser feito. A PRF já faz sua parte comunicando estes pontos. Agora, a investigação fica por conta de cada cidade. A cultura de violência só cessará com incessantes atuações”, fala.

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