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Firjan: 796 cidades brasileiras descumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal

RIO - Criada em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tem sido desobedecida pelas prefeituras brasileiras. Um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que 796 cidades do país descumpriram a LRF em 2013, porque gastaram mais de 60% de sua receita corrente líquida com o funcionalismo público. Em 2012, eram 445 municípios. O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) avalia a situação financeira dos municípios brasileiros desde de 2006. Os dados do IFGF divulgados nesta quinta-feira são relativos a 2013, os últimos disponíveis, e mostram a pior situação desde o início da série histórica.

A maioria das cidades que descumpriram a LFR está no Nordeste: 563. Isso quer dizer que três a cada dez municípios da região desobedeceram à lei. Entre os estados, a pior situação ocorre em Alagoas. Ao todo, três mil prefeituras pioraram seu IFGF de gastos com pessoal.

Segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional, cinco municípios comprometeram mais de 60% de suas receitas com gasto de pessoal durante os anos de 2006 a 2013: Alagoa Nova (PB), Bayeux (PB), Cuité (PB), Itapororoca (PB) e União (PI).

Para piorar a situação das administrações municipais, diminuiu o repasse dos estados e União às cidades. As transferências registraram uma queda rea de 36,4%. Existe uma dependência crônica, como aponta o estudo: 83% das prefeituras não geram nem 20% de suas receitas.

- Isso (o gasto elevado com pessoal em relação à receita) é uma bomba relógio para todos os entes da federação chegando muito próximo de explodir. As prefeituras não terão dinheiro para pagar os servidores ativos e, olhando mais para frente, os inativos - opina o gerente de Economia e Estatística da Firjan, Guilherme Mercês.

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A Firjan aponta que os gastos com pessoal têm crescido mais do que as receitas. Em 2013, a receita das prefeituras cresceu apenas 0,6%, mas as despesas com pessoal aumentaram em 6,7%. Hoje, o gasto com pessoal é o principal elemento de despesa das cidades.

Quando as prefeituras comprometem demais a receita com folha de pagamento, elas ficam com poucos recursos para aplicar em políticas públicas que melhoram a vida da população, em especial os investimentos. De acordo com o levantamento, os municípios comprometem, em média, 53% de suas receitas correntes líquidas com o funcionalismo. É o pior índice desde o início da série histórica, em 2006.

O IFGF geral é composto por cinco indicadores: receita própria (mede a dependência dos municípios em relação às transferências dos estados e da União), gastos com pessoal, investimentos, liquidez (verifica se as prefeituras estão deixando em caixa recursos suficientes para honrar suas obrigações de curto prazo) e custo da dívida. Esse índice mostra que a situação fiscal dos municípios só piorou.

- Disseminou-se muito a criação de municípios, e eles não têm estímulo para captar a própria arrecadação. As prefeituras prefere evitar a briga com o cidadão local (aumentando os tributos) e prefere ir direto para a negociação política. Os prefeitos preferem ficar com o pires na mão (pedindo recursos à União) - disse Mercês.

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O IFGF é feito com base nos dados que as próprias prefeituras forneceram à Secretaria de Tesouro Nacional. O levantamento levou em conta 5.243 municípios, onde vive 96,5% da população brasileira. Apenas as cidades que não apresentaram as informações ou estavam com dados inconsistentes não foram avaliadas. O objetivo do estudo é avaliar a qualidade da gestão fiscal dos municípios e fornecer informações que auxiliem os gestores públicos na decisão de alocação dos recursos.

Os municípios administraram R$ 400 bilhões (25% dos tributos) em 2013 e são os principais provedores de serviços públicos nas áreas de Saúde e Educação e executores dos investimentos de urbanização.

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