CISJORDÂNIA — O primeiro-ministro palestino, Rami Hamdala, apresentou nesta quarta-feira a renúncia de seu governo de unidade, diante da crescente divisão entre Cisjordânia e Faixa de Gaza. A medida foi rejeitada pelo Hamas, que a classificou de unilateral.
— O Hamas rejeita qualquer mudança unilateral do governo sem o consentimento de todas as partes — disse à AFP Sami Abu Zuhri, porta-voz do movimento islamita palestino.
O premier deve iniciar consultas imediatamente com todos os grupos palestinos, incluindo o Hamas, para a formação de um novo governo. A renúncia pode abrir um período de incertezas ainda mais profundo na região.
Segundo fontes, a decisão foi antecipada na terça-feira pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que deu a notícia ao seu partido, Fatah, em uma reunião em Ramallah, na Cisjordânia.
Amin Maqbul, secretário-geral do Conselho Revolucionário do Fatah, explicou à agência AFP que o governo iria renunciar devido à sua fragilidade e por não ter nenhuma chance de que o Hamas lhe permita agir na Faixa de Gaza.
Apesar da reconciliação proclamada em 2014, o racha dos movimentos palestinos e a incapacidade do governo de união nacional, formado para exercer sua autoridade em Gaza, foram determinantes para a dissolução.
Desde 2014, o movimento islamita Hamas não deu nenhum sinal concreto de que cederia o poder que tomou à força na Faixa de Gaza após a quase guerra civil de 2007 com o Fatah, laico e moderado, de Abbas.
Após anos de impasses, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), dominada pelo Fatah, selou sua reconciliação com o Hamas em 23 de abril de 2014. O acordo instaurava um governo de transição, de consenso nacional, integrado por tecnocratas aprovados pelos dois grupos.
Abbas acusa o Hamas de manter um governo paralelo na Faixa de Gaza, enquanto o Fatah aponta abertamente o movimento islâmico como o responsável por uma dezena de atentados contra veículos e residências de seus dirigentes no enclave.