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Israelenses e palestinos: caminhos trilhados a passos rápidos

Era 22 de junho de 2006. E enquanto Brasil e Japão se enfrentavam em Dortmund, eu havia combinado com meus editores de O GLOBO ir a Ramallah, na Cisjordânia, acompanhar a torcida palestina brasileira na Copa do Mundo. Cheguei cedo, os torcedores se reuniam com fogos, bandeiras e camisas verde e amarelas. Antes mesmo do apito inicial do juiz, os “fogos” se tornaram mais intensos. Eram, na verdade, tiros. Tanques do Exército de Israel entraram na cidade em busca de militantes acusados de terrorismo. Disparos, correria e confusão mudaram a minha reportagem. Acabei, claro, não assistindo à partida.

O episódio me marcou. Foi a prova de que, mesmo quando se quer ver um singelo jogo de futebol, a geopolítica está ali, presente. Impossível fugir dela. E um lembrete de que, naquelas bandas, tudo muda muito rápido.

Cheguei a Jerusalém em 2002, quando ainda se ouviam, do meu bairro, Talpiot, explosões que marcavam o fim da Segunda Intifada a poucos quilômetros, em Belém.

Passei oito anos no país. Viver em Israel é adotar tempo e ritmo próprios. A vida passa intensamente aqui e agora — de fugazes contratos de aluguel, de apenas um ano, ao encontro com amigos no café, é sempre preciso “andar logo”. Vamos! Mexa-se! Yalla! Nu? Tudo começa com gírias que indicam pressa. Talvez porque no inconsciente coletivo todos saibam que, mesmo em tempos politicamente sombrios, é preciso correr. Mas na direção certa. A da paz.

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