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Justiça recebe mais de 10 pedidos de reintegração de posse por dia em São Paulo

SÃO PAULO — Ao som da marchinha de carnaval que anunciava pelo alto-falante “Daqui não saio / Daqui ninguém me tira”, a Polícia Militar de São Paulo iniciou por volta das 5h desta quarta-feira mais uma operação de reintegração de posse. Desta vez o alvo era o prédio de 11 andares no número 87 da Rua Xavier de Toledo, no centro da cidade. De janeiro a maio deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo já recebeu 1659 ações referentes à disputa de posse apenas na capital. De acordo com o movimento por moradia da cidade, pelo menos outras 50 desocupações estão previstas até o fim do ano. Se forem todas cumpridas, cerca de 22 mil famílias iriam para as ruas.

O prédio da Xavier de Toledo é de propriedade particular e estava ocupado desde 12 de abril por cerca de 100 famílias do MSTL (Movimento sem Terra de Luta), ligado à Frente de Luta por Moradia. No momento da reintegração, no entanto, apenas cerca de 40 pessoas continuavam no local. Os ocupantes fizeram barricadas nas portas dos andares para dificultar a entrada dos policiais, além de tocar músicas de resistência e lançar de cima do prédio milhares de folhas de papel que eram estocadas ali pela dona do imóvel, a Administração e Representações Telles S/A. Como resultado, o prédio só pode ser esvaziado mais de 4 horas depois do incío da operação, por volta das 10 horas da manhã. Cerca de 70 homens, incluindo Corpo de Bombeiros, participavam da operação, ordenada pela Justiça Paulista. Dez pessoas foram levadas para a delegacia acusadas de desobediência. De acordo com o tenente coronel Francisco Cangerana, que comandou a operação, elas se recusavam a deixar a área.

Segundo a Prefeitura, o déficit habitacional é de 230 mil casas somente em São Paulo.

A advogada do movimento, Kelseny Medeiros Pinto, afirmou que a Prefeitura não deu alternativas ao grupo, como bolsa-aluguel:

— As pessoas sofrem reintegração de posse e não desaparecem. Eles vão para a rua, não tem outra opção — afirmou Kelseny.

A polícia interditou toda a região próxima ao Teatro Municipal, o que provocou transtornos. De acordo com a SPTrans, pelos menos 35 linhas de ônibus tiveram seu itinerário alterado para desviar do local. O comércio permaneceu fechado até o fim da manhã. A aglomeração de curiosos e integrantes do movimento atrás do cordão de isolamento resultou em confusão antes da retirada dos ocupantes e a polícia usou spray de pimenta para conter a situação, além de deter outras três pessoas.

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