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Piora estado de saúde de brasileiro em greve de fome na Palestina

RAMALA, Cisjordânia - Piorou nas últimas horas o estado de saúde do brasileiro-palestino Islam Hamed, de 30 anos, que está em greve de fome há 64 dias numa prisão mantida pelas forças de seguranças palestinas. Filho de uma brasileira de Catanduva (SP), Hamed está desidratado, tem desmaios frequentes, e há suspeitas de icterícia. A representação do Brasil em Ramala pediu exames para avaliar melhor o preso, que tem ingerido apenas líquidos, como água, leite e chá.

A família acredita que alguns órgãos de Hamed já estão comprometidos, devido ao longo período de greve de fome, mas não há confirmação médica. Diariamente, ele é levado ao posto de saúde para avaliação.

Hamed foi preso diversas vezes desde 2002. A primeira por atirar pedras em tanques israelenses. Segundo a família, ele é considerado “uma ameaça à segurança nacional”. Uma decisão do Tribunal de Justiça da Palestina foi favorável à sua soltura, mas, segundo a família de Hamed, a Autoridade Nacional Palestina alega que Israel não dará salvo-conduto para o rapaz atravessar o país, o que poderia agravar a situação.

O brasileiro-palestino estava preso em uma penitenciária na cidade de Nablus, no Norte do território palestino, mas foi transferido no fim de semana para Ramala, atual sede política dos palestinos. A decisão da mudança foi da própria Autoridade Palestina pelo agravamento do estado de saúde do preso, que pretende seguir com estudos religiosos do Islã. O atendimento médico de urgência em Ramala é mais rápido. A embaixada do Brasil também havia solicitado a troca de local.

Mãe do jovem, Nádia Hamed, de 52 anos, não vê a mudança de prisão como ponto positivo na difícil rotina que tem enfrentado há dois meses. Apesar de morar em um vilarejo próximo a Ramala, Nádia contou ao GLOBO que a única melhora com esta mudança é que a cela de Hamed não tem iluminação 24 horas como a outra em que ele estava em Nablus. Há também companhia na cela.

Os familiares não escondem que as relações políticas de Islam Hamed podem ter agravado a situação dele. A pena do palestino-brasileiro deveria ter acabado em setembro de 2013, mas ele segue detido. O objetivo da greve de fome é deixar a cadeia e ter o direito de ser repatriado pelo Brasil. Já a diplomacia brasileira tenta fazer a mediação para garantir a repatriação de Hamed, o que, até agora, não deu resultados.

O Brasil tem feito consultas com autoridades palestinas e israelenses. Porém, Israel nega a liberação. Para a família, Hamed pode ser preso e julgado por Israel pelos mesmos crimes já condenados pela lei palestina.

Embora seja um cidadão brasileiro, Hamed seria julgado por tribunais militares de exceção israelenses, pois todos os chamados crimes de segurança cometidos por palestinos contra o governo ou contra cidadãos israelenses nos territórios ocupados são julgados não pelo Direito Penal comum israelense, mas, sim, pelo Direito Penal Militar. A Autoridade Nacional Palestina diz que Hamed pode ser liberado se conseguir o salvo-conduto para vir ao Brasil, o que depende de Israel, país que controla as fronteiras do território palestino.

Desde que foi preso a primeira vez, aos 17 anos, Islam Hamed não chegou a viver dois anos em liberdade. Nesse período, ele atuou politicamente em defesa do reconhecimento do Estado da Palestina e se aproximou do Hamas (considerado, por Israel, como um grupo terrorista). Como partido político, o Hamas é de oposição ao Fatah, que preside a Autoridade Nacional Palestina.

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