Home / _

_

Primeira galeria municipal de arte urbana do Rio abre as portas esta noite

Lugar de grafite nem sempre é na rua. A partir de hoje, grafiteiros e artistas urbanos que não se contentam em ter as obras expostas em muros e pilastras de viadutos ganharam um endereço fixo para exibir sua criatividade: o Espaço GaleRio, primeira galeria municipal de arte urbana da cidade. Instalada no segundo andar de um casarão de 350 metros quadrados do século XIX na Rua São Clemente, em Botafogo, o ambiente abre as portas esta noite com uma exposição de trabalhos de 17 representantes da arte de rua. Na inauguração, obras de alguns dos mais atuantes artistas do gênero, como Acme, Airá OCrespo, Davi Baltar, Davi Rezende, Mario Bands, Marcelo Lamarca e Meton, compõem a primeira mostra coletiva da casa.

O objetivo é implantar ali um polo de criação deste tipo de manifestação cultural. Por isso, além da área de exposições, o casarão, que virou sede do Instituto Eixo Rio, órgão de articulação entre poder público e o pessoal do grafite, também terá um andar com salas, para que a turma possa fazer reuniões e trocar experiências.

— A ideia é que seja um espaço para intercâmbio de ideias e para articulações de projetos em esquema de co-working. Além claro, de termos uma área de exposições, já que temos poucas galerias de arte urbana no Rio — explica Cristiane Nicolay, coordenadora executiva do Instituto Eixo Rio, plataforma que já instalou grafites em 6 mil metros de muros da Linha 2 do Metrô, além de painéis em túneis da cidade.

A primeira exposição vai reunir peças dos mais variados estilos: mobiliário urbano feito com lixo e sucata, uma instalação de pipas com imagens grafitadas, placas de sinalização de trânsito desenhadas com tinta spray e uma diversidade de obras que poderiam estar penduradas em muros ou vias públicas. Neste primeiro evento, explica Nicolay, foram convidados artistas que já trabalhavam com o Instituto Eixo Rio em outras iniciativas, como a recente intervenção realizada no Túnel Alaor Prata — que em abril foi pintado por 22 grafiteiros. Mas a ideia, diz Nicolay, é realizar seleções abertas a todos os artistas de rua do Rio de Janeiro.

— Qualquer uma que faça arte urbana poderá apresentar um projeto e se candidatar para usar o espaço gratuitamente — esclarece Cristiane, que no próximo mês pretende lançar uma exposição de fotografias.

Quem visitar a exposição vai notar logo na entrada que aquela é uma casa de gente que produz arte urbana. Do lado de fora da galeria, no jardim do antigo casarão, mobiliários urbanos, feitos com sucata, criados pelo artista e designer Davi Rezende, morador do Jardim América, são o cartão de visitas da mostra.

— Do lado de fora, coloquei duas esculturas: um balanço feito com um orelhão e uma Kombi, pintada com tinta colorida e transformada em um mini palco, feitos com ripas de madeiras encontradas na caçamba do lixo. Lá dentro, estou expondo uma cadeira feita com carrinho de supermercado, um sofá feito com uma banheira e mesinhas feitas com placas de trânsito — conta Davi Rezende, que costuma garimpar os materiais no ferro-velho de seu pai.

Outro artista que usa sinalização de trânsito como suporte também vai ocupar o novo espaço. As obras “Repare” e “Desvio”, do carioca e morador do Leblon Meton Joffily, deu novo uso — e novo colorido — aos objetos vistos nas esquinas e cruzamentos. Para o artista, aos serem exibidas numa galeria, a placas ganham uma nova dimensão.

— É uma oportunidade única para os grafiteiros. No caso da minhas placas, as pessoas vão poder olhar e perceber o real tamanho deste objetos. Estas placas, nas ruas, quando vistas de dentro de um carro em movimento, parecem muito menores — comenta Meton, que desenhou imagens da cidade maravilhosa para compor o quadro “Repare”, feito com uma placa de “Pare”— É para a pessoa chegar perto e reparar os detalhes — completa.

O GaleRio fica na Rua São Clemente, 117, Botafogo. O espaço tem entrada gratuita e abre de segunda a sexta, das 10h às 18h.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias