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Secretário diz que prendeu 5000 bandidos e justiça soltou em 41 dias em media

Dalvina Nogueira,Especial para Cidades

O problema da violência e a insegurança pública foram temas de debate ontem, no Auditório Costa Lima, na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Deputados estaduais, um representante do Ministério Público e técnicos debateram o assunto, sem, contudo, chegarem a alguma conclusão final – o que demonstra a necessidade de todos realizarem maiores pesquisas para se pronunciar sobre o assunto, considerado um dos mais graves e que ainda carece de soluções efetivas.

Goiás tem pesquisadores de violência nas universidades e ONGs. Existe grande interlocução com estes segmentos em outros Estados, caso do Rio de Janeiro, que comemora a queda de 20% de seus homicídios. No Estado de Goiás, segurança ainda é caso de polícia. E o tema que se destaca é apenas efetivo.

O debate de ontem se dividiu dentre políticos que defendem as políticas públicas de Goiás e aqueles que condenam as ações ‘paliativas’ do Estado – caso do uso do serviço militar temporário, considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A reunião teve a presença do secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Joaquim Mesquita. O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Sílvio Benedito Alves, também acompanhou o bombardeio dos deputados da oposição. Mesquita disse que “existem várias pessoas que foram presas mais de dez vezes”. Ou seja, o prende e solta estaria dentre os motivos para as saliências de criminalidade nos gráficos divulgados pelo Ministério da Justiça – via dados colhidos junto ao DataSus, o mais confiável do País.

Estado que apresenta, proporcionalmente, um dos maiores aumentos de criminalidade nos últimos 20 anos, ao lado de Alagoas e Bahia, Goiás tem vários problemas a serem resolvidos, não apenas o aumento de homicídios. A maior circulação de drogas e uma ampliação do feminicídio também são problemas que merecem uma discussão mais dedicada de quem pretende resolver o problema.

Aproveitando os dados negativos, o deputado José Nelto, responsável por convocar a reunião, disse que o modelo de Segurança Pública estadual está falido: “Estudos demonstram que para atender com maior segurança os cerca de 6 milhões de habitantes em Goiás são necessários 26 mil policiais”.

Contudo, a maioria das pesquisas em violência indica que o problema tem a ver menos com números de efetivo e mais com uma sociedade menos desigual – fato que sequer foi explorado e aprofundado ontem no debate.

Nesta linha de raciocínio, Major Araújo ampliou a crítica: “Goiânia é a 4ª cidade mais violenta do Brasil e a 24ª do Mundo. Infelizmente o Estado de Goiás padece pela falta de segurança. Após a saída do Simve, até hoje não houve nenhuma ação tomada pelo governo do Estado. O interior do Estado também está à mercê da violência”.

Simve fora das ruas não interfere nos índices de criminalidade

Joaquim Mesquita, secretário de Segurança, disse que o Estado apresenta índices estáveis de criminalidade, mesmo após a retirada do Simve. Ou seja: não fez falta o fim do serviço, como querem insinuar deputados da oposição. Os indicadores de criminalidade se mantiveram em queda, explica o secretário.

Mesmo assim o promotor de Justiça Fernando Krebs, que esteve presente na reunião, disse que espera a convocação dos aprovados no último concurso público e que eles possam substituir os agentes Simve: “Espero que o Estado se sensibilize e que os parlamentares desta Casa trabalhem para que os concursados ocupem suas vagas e assim amenizem esse déficit que há na segurança pública.”

O deputado estadual Talles Barreto (PTB), em defesa do governo, afirma que Goiás “está de parabéns”: “Hoje temos um sistema de monitoramento de Segurança Pública que é referência no País. O governo do Estado investe e muito na Segurança Pública. Pode faltar efetivo, equipamento, mas esse problema é no Brasil inteiro. Não há nenhum deputado nesta Casa que seja contra a tomada de posse por parte dos concursados”.

O comandante-geral da Polícia Militar do Estado de Goiás, coronel Sílvio Benedito Alves, também defendeu o governo: “Temos o segundo melhor salário do País. Temos o Centro de Comando que é referência no País. Temos equipamentos e estrutura para trabalhar. O problema que ninguém discute é a droga, o crack, as passagens nas fronteiras, prender o mesmo criminoso 26 vezes e soltar”.

O militar disse que a instituição faz inúmeras abordagens. Ele chegou a usar uma comparação para dar a ideia de quantas ações ocorrem ao ano: a PM abordou um número de suspeitos equivalente à população de Aparecida de Goiânia. Sílvio Benedito, contudo, assume: o sistema policial brasileiro está falido.

O deputado estadual José Vitti destacou a importância de se debater o assunto e pediu a não politização do tema: “Não podemos levar o debate para as siglas de determinados partidos, queremos o bem de todos os cidadãos e essa reunião é importante para dirimir qualquer dúvida ou questionamento e as autoridades da área estão aqui para nos ajudar nisso”.

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