Home / Cotidiano

COTIDIANO

Sindicalistas dizem que governo não apresentou proposta alternativa para Previdência

BRASÍLIA - Depois de duas horas reunidos com quatro ministros do governo Dilma Rousseff, representantes das centrais sindicais saíram do encontro dizendo que não ouviram nenhuma proposta sobre o fator previdenciário e que foram informados de que Dilma ainda não sabe se vai ou não vetar a proposta aprovada no Congresso, flexibilizando a regra para a aposentadoria. Os sindicalistas disseram que primeiro Dilma tem que sancionar a medida, para depois eles negociarem novas alternativas para o futuro.

— Primeiro, ela promulgue (sic), depois as centrais vão debater alternativas — disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, referindo-se à sanção da presidente.

[object Object]

Os sindicalistas defendem que Dilma sancione a regra 85/95, pela qual mulheres cuja soma de contribuição e idade chegue a 85 se aposentam sem a incidência do fator previdenciário (um redutor da aposentadoria). Para os homens a soma é 95. As centrais avisam que vão fazer uma vigília na porta do Palácio do Planalto de terça para quarta-feira para, segundo Torres, "amolecer o coração de Dilma". A presidente tem que decidir até quarta-feira sobre isso.

— O governo não veio aqui para dizer a sua opinião. Nós queremos discutir e temos propostas, sim. Não concordamos que essa propostas 85/95 inviabilize a Previdência de forma assim chapada — disse Wagner Freitas, presidente da CUT.

Segundo eles, seis centrais sindicais assinaram um documento pedindo a sanção da proposta e que ela seja um ponto de partida para ser discutido no fórum que será instalado para discutir soluções para a Previdência e que contará com a participação do governo, sindicalistas, trabalhadores e empresários. A partir dela, novas regras futuras seriam decididas, defendem os sindicalistas. Caso ela vete, avisaram, irão ao Congresso pressionar para derrubar o veto de Dilma.

— Somos contra o veto da presidente e se o veto acontecer nos vamos para o congresso para derrubar o veto — disse Freitas.

Depois de os sindicalistas falarem, Gabas confirmou que Dilma não tomou sua decisão sobre o veto. Segundo o ministro, a presidente é muito cuidadosa e não tomará nenhuma medida sem conhecer os dados. Ele afirmou, no entanto, que sancionar a proposta aprovada pelo Congresso é encaminhar o futuro da Previdência para o colapso. Segundo Gabas, a proposta traz uma economia inicial, até o fim do mandato da petista, mas depois vai desequilibrar as contas da Previdência.

— Sancionar a regra fixa 85/95 significa admitir essa possibilidade de um ganho enorme ao longo dos próximos anos. Aí eles (sindicalistas) dizem que vão para o fórum discutir uma alternativa. Ora, uma coisa é você discutir uma alternativa no fórum com o sistema relativamente preservado. Outra coisa é você discutir uma alternativa no fórum com o sistema caminhando para o colapso inevitável. Precisamos ter tranquilidade. Gostaríamos muito que o diálogo permanecesse. É importante deixar claro que a presidente ainda não tomou a decisão, ela tem até quarta-feira para fazê-lo — disse Gabas.

Ele afirmou que essa discussão não diz respeito ao ajuste fiscal e nem à sustentabilidade do governo Dilma, já que as contas da Previdência vão aumentando com o passar dos anos, e não de forma imediata.

— Essa discussão não é de ajuste fiscal, não é uma discussão de viabilidade do governo Dilma. É uma questão de Estado e não uma questão de governo. Diz respeito à sociedade, porque é a sociedade que paga a conta. O governo é o gestor — ponderou.

Segundo o ministro, caso a proposta 85/95 entre em vigor, o governo terá até 2030 um gasto extra de R$ 135 bilhões.

A reunião ocorreu no Palácio do Planalto com os ministros Miguel Rossetto (Secretaria Geral), Carlos Gabas (Previdência), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias