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A importância dos primeiros 1000 dias das crianças

Fernanda Laune,Da Editoria de Cidades

Pesquisas revelam que a nutrição saudável nos primeiros 1000 dias da criança é de grande importância e pode repercutir ao longo de sua vida. É nesse período, do primeiro dia da gravidez até os dois anos de idade da criança, que cada célula do corpo está sendo formada e programada. A criança pode sofrer no futuro doenças que foram ocasionadas por erros alimentares nessa fase. Ou seja, essa fase define tudo.

Os pais devem dedicar ao compromisso de educar os filhos de forma saudável, com isso, estão ajudando no desenvolvimento físico e psicológico da criança. É importante também que a mãe faça um pré-natal bem feito, com a prática de exercícios, alimentação e hábitos saudáveis.

Em entrevista ao jornal Diário da Manhã, a nutricionista Fernanda Gonçalves Souza, especialista na área de nutrição infantil de uma multinacional, conta que estudos realizados pelo epidemiologista britânico David Barker, em 1994, levantou a hipótese de que existiria uma relação direta entre a exposição a condições inadequadas de nutrição durante o período fetal e o surgimento de doenças crônicas no indivíduo adulto.

Intervalo de ouro

De acordo com ela, os primeiros mil dias de vida são considerados um intervalo de ouro. Ele acontece desde a concepção da criança (gravidez 270 dias) até aos dois anos de idade (365 + 365). “É uma grande oportunidade que os pais têm de auxiliar o desenvolvimento físico e mental do seu filho”, afirma.

“Nos últimos anos estudos científicos vêm explorando o assunto e hoje já existem evidências suficientes que apontam que a alimentação saudável instituída precocemente desempenha um papel vital na programação metabólica, cujas consequências têm estreitas relações com a saúde ao longo de toda a vida do indivíduo”, declara a nutricionista Fernanda Souza.

Na gestação, o organismo da mãe necessita de mais nutrientes para se manter saudável e o bebê. Tudo o que for realizado no primeiro trimestre, ajuda no desenvolvimento e diferenciação de diversos órgãos do bebê. Já no segundo e terceiro trimestres, a dieta está mais relacionada com o crescimento e desenvolvimento cerebral.

Estudos comprovam que no terceiro mês da gestação, o bebê aprende a engolir. Após a vigésima quarta semana, começa sentir sabores. Por isso, a grávida deve manter uma dieta rica em nutrientes e sabores, aumentando a capacidade do paladar do seu bebê.

crianca

Leite materno

A nutricionista ressalta a importância do leite materno. Ele possui imunoglobulinas que são agentes de proteção, vitaminas e minerais, prebióticos e proteínas, que diminuem o risco contra doenças como infecções e alergias. Os benefícios não param por aí, o leite ajuda também no desenvolvimento imunológico e cerebral, maturação do sistema digestório, além de aproximar a mãe e a criança (laço afetivo).

O leite materno possui todos os nutrientes que a criança precisa para atingir o seu potencial de desenvolvimento. “É capaz de prevenir obesidade, transtorno do déficit de atenção e hipertensão arterial, dentre outras patologias”, completa a nutricionista.

“Na impossibilidade do aleitamento materno, o leite de vaca não é a melhor opção como substituto, pois possui grandes quantidades de proteína e gordura saturada”, diz a nutricionista. E classifica que esses índices elevados podem induzir a obesidade futura, já a pouca quantidade de ômega 3 e 6, prejudicam o desenvolvimento cerebral, visual e imune da criança. Com a pequena quantidade de ferro presente no leite, a criança pode ter anemia ferropriva, e quantidades elevadas de eletrólitos (como o sódio), pode causar uma sobrecarga renal na criança.

É importante lembrar que o aleitamento materno é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, por seis meses completos até aos dois anos ou mais. Na impossibilidade do aleitamento, a mãe deve procurar um profissional de saúde especializado, como pediatra e nutricionista, para que faça a melhor escolha para suprir o leite.

Completados os seis meses de vida, com o leite materno ou a fórmula infantil, a criança entra no estágio de desenvolvimento geral e neurológico e começa a receber uma alimentação que deve contemplar todos os grupos de alimentos. A nutricionista destaca, “quanto mais natural a alimentação, mais saudável”.

Alimentação adequada

“A nutrição adequada dentro desse período tem impactos profundos sobre o crescimento e o aprendizado, permitindo boa saúde ao longo da vida e benefícios sociais e ocupacionais do indivíduo quando adulto”, destaca a nutricionista Fernanda. Por outro lado, uma alimentação inadequada nesse período tem sido relacionada com várias doenças na vida adulta, como diabetes tipo 2, alergias, doenças cardiovasculares e imunológicas.

Para ela, todos os nutrientes são importantes para esse crescimento adequado, dentre eles desatacam-se o ferro, cálcio, vitamina D, ácidos graxos essenciais (ômega 6 e ômega 3) e zinco. A nutricionista completa: “se você vai ser inteligente, se você vai atingir seu potencial de altura ou não”, são um dos fatores que vai depender dos nutrientes que a criança recebeu nessa fase.

Ela ressalta a importância de não oferecer às crianças com idade de até dois anos alimentos industrializados. “Deve-se banir o consumo de bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos industrializados, além de salgadinhos, chocolates e doces em geral”, salienta.

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