Home / Cotidiano

COTIDIANO

Ás márgens do Ribeirao Anicuns

Localizado na Região Norte de Goiânia, o Setor Gentil Meirelles é um dos poucos da cidade a ocupar uma região de morro. Apesar de sua localização privilegiada, algumas fontes apontam a proximidade do setor ao Cemitério Parque como uma das dificuldades de povoamento. Erguido nas proximidades do Ribeirão Anicuns, o setor convive de perto com a sua realidade de degradação, que piora em vários aspectos com o desenvolvimento da metrópole. Nessa matéria você confere uma série fotográfica realizada no bairro e fica por dentro da atual situação do Ribeirão Anicuns, importante veia hidrográfica da cidade.

A primeira mensagem passada pelas placas do setor Gentil Meirelles para os visitantes é o nome das ruas apresentado pelas placas. São dedicadas a importantes pintores do mundo. A avenida principal ganhou o nome de Cândido Portinari. Em um breve passeio podemos encontrar ainda nomes como Jean-Honoré Fragonard ,Francisco de Goya ,El Greco, Picasso, Tarsila do Amaral, entre outros, espalhados pelas ruas e alamedas.

Localizado em uma região de grande importância para a hidrografia de Goiânia, abriga o leito do Ribeirão Anicuns quase no encontro deste com o Meia-Ponte. O setor é vizinho de bairros como a Vila Santa Helena, Setor Perim e Setor Urias Magalhães, mas sua ocupação urbana se deu de forma mais recente. As novas tecnologias que possibilitam a criação de uma infraestrutura segura em áreas consideradas “de risco” são apontadas por Eliana Marta Barbosa em sua dissertação de mestrado como essenciais para a formação do setor.

No trabalho nomeado A Ideia de Natureza na Prática Cotidiana , defendido em 2000, ela descreve os impactos da urbanização acelerada de Goiânia nos recursos naturais presentes na região. Ela escreve que  “o crescimento acelerado e desordenado das cidades, fruto dos frutos migratórios inter-regionais e do êxodo rural, acarretou diversas consequências socioambientais. Esses fatores, somados à política imobiliária colaboraram para a ocupação de áreas de risco”.

O caso do Gentil Meirelles, segundo Eliana Marta, encaixa-se em outra categoria. “Verifica-se, também, no sítio urbano de Goiânia, a ocupação, na forma de loteamentos regulares, de área de risco propiciada pelo acesso à recursos tecnológicos, que possibilitaram ultrapassar a vulnerabilidade do relevo, através de uma boa infraestrutura”. Sua habitação, segundo ela, esta amplamente relacionada à visão proporcionada pelo local. “o setor Gentil Meirelles possui como atrativo a possibilidade de uma ampla visão das áreas centrais de Goiânia favorecida pela inclinação de seu relevo”.

Um dos cartões postais do setor é a Paróquia São Pedro Apóstolo, inaugurada em 2 de setembro de  2007. De arquitetura modernista, localiza-se numa subida na alameda Fragonard. Várias janelas com vidraças na sua parede de entrada e dos fundos dão à obra uma impressão de transparência, fazendo com que o fiel acompanhe a missa com os prédios centrais da capital como plano de fundo.

Anicuns


Daniel Martins Caxeta no artigo Mapeamento, Identificação e Monitoramento das Áreas de Proteção Permanente ao longo do Ribeirão Anicuns , de 2009, faz um apanhado geral da situação dos rios da capital. “No Ribeirão Anicuns desaguam os principais cursos d'água urbanos de Goiânia. Para ele afluem os córregos Macambira, Cascavel e Botafogo, que drenam toda a área central de Goiânia e parte das regiões oeste, sul e leste. Estima-se que 70% da população da capital esteja nestas sub-bacias”.

Ele aponta a falta de empenho do poder público como um dos principais fatores de degradação dos rios, tendo em vista que o incentivo à ocupação do espaço físico e da construção civil não acompanham o cuidado necessário com a água doce da metrópole. “Vítimas da ação humana depredadora e do descaso do poder público, os mananciais de Goiânia especialmente em época de chuvas reagem à degradação que vem sofrendo há anos”.

A criação do projeto de revitalização do Córrego Anicuns através de parques urbanos (Macambira-Anicuns) é um dos esforços concentrados em sua preservação, e segundo Daniel, o que mantém a vida no ribeirão até hoje. “Com 9,7 quilômetros de extensão, o córrego sobrevive atualmente graças ao projeto Macambira/Anicuns. Os córregos Pindaíba, Quebra Anzol, Cavalo Morto, Salinas, da Cruz e a nascente do Taquaral, afluentes do ribeirão”.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias